terça-feira, dezembro 21, 2004

"SORTE NULA" de Fernando Fragata

Depois de sair da sala de cinema e ver este "Sorte Nula", interroguei-me "quais serão os critérios de financiamenro do ICAM???". Este filme não foi financiado pelo Instituto de Cinema Audiovisual e Multimédia, o único dinheiro que terá vindo do Icam, terá sido o referente às receitas de "Pesadelo cor-de-rosa" também de Fernando Fragata. Custa-me acreditar, mas parece que os financiamentos só surgem para argumentos sobre, a guerra colonial, prostituição, etc. E depois os resultados nas bilheteiras são o que são. E se o financiamento não vai para o argumento acaba sempre por ir para o nome do realizador ou do primo do amigo de um gajo que quer fazer um filme.

Em relação ao filme:

Vou começar pela imagem. O filme foi filmado em camaras digitais agora não sei se houve algum problema com o filme e a qualidade da imagem foi alterada, ou pelo que senti ao longo do filme terá sido uma opção estética, que em momentos até resulta num certo nervosismo, mas acho que no geral o resultado poderia ser melhor. Havia momentos em que a imagem tinah pouco contorno ("Sharpness") e existia um certo arrasto na imagem, mas isso pouco importa, porque o orçamento não dava talvez para inventar muito. Argumento: Bem estruturado, muito diferente do que temos visto no cinema português.

Os diálogos são bastante interessante e momentos existem em que os diálogos são o melhor do filme, conseguindo prender toda a atenção do filme. Tirando um parte apenas em que a pseudo-actriz Tânia Miller, manda um "pontapé" no português, que até mete medo. Realização: Dinâmica. A realização é acina de tudo dinâmica. Ritmada e coerente. Gostaria de ver Fernando Fragata com um orçamento mais alargado... e só aí é que poderiamos ver o máximo das suas possibilidades. Neste filme apenas vamos ver a sua vontade, e o que já é muito.

Elenco: No geral competente. Grande António Feio.

No geral o filme é bastante agradável, tirando o facto de se tornar um pouco previsível, mas até compreendo que Fernando Fragata o tenha feito assim, porque depois seria acusado de fazer as coisas em cima do joelho.

Parabéns Fernando Fragata. Realização, produção, montagem, banda sonora, operador de steadycam. Cinema independente de autor português?!? Será este o caminho???

sexta-feira, dezembro 03, 2004

"O Candidato da Verdade" de Jonathan Demme

Major Bennett Marco foi salvo pelo Sargento Raymond Shaw numa cilada no deserto do Kuwait, este acto valeu a Medalha de Honra ao sargento. Mas terá tudo acontecido assim??? Este seria daqueles filmes que viveria das interpretações ou do ritmo da realização. Sabendo que Demme não é um realizador enégico mas sim um realizador que aposta nos seus actores, como em "Silencio dos Inocentes" e "Filadelfia" em que muitas vezes temos os actores em planos aproximados a falar só com a câmara, também temos esta característica neste filme, mas talvez não resulte tão bem, talvez pelas demasiadas voltas do argumento, que por vezes parece preocupar-se com coisas a mais e não aprofundando o dramatismo de por exemplo a procura da verdade de Major Marco, ou do Amor Louco e um tanto quanto demoniaco de Eleanor Shaw (Meryl Streep) mãe do Sargento Shaw, um desconcertante Liev Schreiber. Aqui estes assuntos pouco importam e o que acaba por vir ao de cima é a questão económico/politica, a aliança entre os dois poderes. Não que seja um assunto desinteressante, mas tudo isto é feito de forma muito descarada e acaba por se tornar "uma seca". Não é nada de maravilhoso, mas também não é nada para deixar na beira do prato.

O MELHOR: Meryl Streep e a relação mãe/filho, quase doentia, ou mesmo doentia.

O PIOR: Aquele sono que nos acompanha em momentos do filme e a ultima cena do filme.