sábado, dezembro 31, 2005

"King Kong" de Peter Jackson

Após a adaptação da triologia “O Senhor dos Aneis”, Peter Jackson tem o seu regresso com o remake, com aquele que aponta como um dos filmes da sua vida “King Kong”, filme datado de 1933.
Esquecendo as comparações com o filme original, pois os tempos são outros, os contextos sociais também e acima de tudo as audiências são muito difeterntes, “King Kong” de Peter Jackson é um objecto feito para agradar às massas, repleto de grandes actores apelativos, efeitos especiais e sequencias de acção sem limites.

O objectivo público foi alcançado, o sucesso garantido e Peter Jackson passa a ser um dos mais aclamados e respeitados (e claro mais susceptível a críticas) nomes da indústria.

Em “King Kong” Jackson não arrisca, a fórmula tecnica utilizada na triologia “LOTR” é repetida, mas neste caso torna-se extremamente irritante e completamente despropositada.
O início do filme é sereno e coeso, são apresentadas as personagens as suas motivações e intençõesa. A viagem para Skull Island é sofocante e a cada segundo o ambiente vai ficando mais negro e denso, mas chegados à ilha somos completamente bombardeados por um festival de efeitos especiais e muitas sequências de acção filmadas (ou “digitalizadas”) com os mesmo recursos tecnicos que em “LOTR”, assim como os planos aereos, aqui em menor numero mas que demonstram a apetencia de Jackson para o «show off».


É bem verdade que Peter Jackson gosta de “show off”, é um belo publicitário, como é um realizador interessante, mas desta vez existe uma incoerência no tratamento dos muitos efeitos especiais, é verdade que temos um King Kong hiper-realista (graças ao trabalho corporal de Andy Serkys) as expressões, o olhar, os gestos e o movimento dos pêlos... mas ao contrário temos por vários momentos criaturas (Dinossauros, Larvas (?) e afins) e espaços animadas com um estilo pictórico excessivamente estilizado, foi opção? A meu ver não gosto.

A nível narrativo, temos uma apresentação cuidada, mas que o desenvolvimento destroi rapidamente, «desaparece» por completo a personagem de Adrien Brody, a personagem de Jamie Bell é recuperada a espaços e esquecida noutros, embora outros detalhes existam de grande qualidade. A personagem de Jack Black é um dos grandes trunfos, desde logo a mais complexa, a que mais mudanças suporta e a mais presente ao longo do filme, assim como a relação afectiva entre King Kong e a bela Naomi Watts. Num dos mais curiosos e interessantes momentos Kong vê pela segunda vez o pôr-do-sol, com a sua «prisioneira», bate no peito... é a repetição do gesto que a bela mulher lhe fizera com o intuíto de comunicar a beleza da paisagem que viam, simples e suficientemente forte para marcar a relação entre os dois. Assim como o encontro na cidade, no meio de tanta confusão o silêncio e a calma tomam conta do espaço e os dois seres tão diferentes trocam olhares, magnífica elaboração cénica e ambiental.

Mas se é verdade que Jackson criou uma relação entre a “bela e o monstro” é verdade que se esse fosse o seu objectivo o poderia ter explorado ainda mais, perdia uns momentos frenéticos de acção, mas poderia ganhar uma das mais belas histórias do ano. Não construiu um drama, construiu um filme de aventura e nesse ponto até cumpre, embora tecnicamente muito fique aquém das espectativas.

Mas o que realmente penso que vale a pena salientar é o facto que Peter Jackson tem talento para ser um grande realizador, basta apenas recordar a sequência inicial ou a dança frente ao monstro, mas o talento é por vezes ultrapassado por uma fome pelo espectáculo e o que tão bem constroi acaba encoberto por momentos de menor qualidade.

Apesar de tudo, “King Kong” é mais uma prova de coragem por Peter Jackson, e é bom que se diga se não fosse ele, não haveria remake do gorila gigante, nem trilogia de “LOTR” e nem metade das adaptações literárias de fantasia que se adivinham, mas “LOTR” ainda é a obra de referência na carreira de Jackson e por este andar continuará.

NeTo – 5/10

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"King Kong" de Peter Jackson

Muita gente pode cair na tentação de achar que King Kong vale pelos seus efeitos especiais. Digo já de antemão, que de efeitos especiais está “O Senhor dos Anéis” muito melhor servido. Mas se há uma coisa que não se poderia descurar, como Gollum no Senhor dos anéis, era a fisionomia do gorila gigante. E neste Peter Jackson concluiu uma homenagem perfeita ao seu filme de eleição. Kong ama , odeia, inveja e entristece-se , Kong na verdade e graças a Peter Jackson sente. Há momentos absolutamente românticos, de tão raros hoje em dia onde tudo anda sempre tão gasto, Jackson consegue transformar o que inicialmente poderia ser ridículo em momentos de imensa ternura e romance: falo do por do sol, e da dança no gelo. Momentos que não necessitam de explicações onde o silêncio das personagens transborda um entendimento completo entre a bela e a besta.

Outra coisa que me faz adorar o King Kong e o Peter Jackson em si. É a utilização correcta dos efeitos que o cinema lhe dispõe. Numa altura em que o slow motion é utilizado para mostrar com mais nitidez as jóias de algum rapper decidido a ser estrela de cinema, Peter Jackson faz uma utilização correctíssima delas, lembro me agora da altura em que Ann apercebe se que não estão lá para salva-la mas sim para capturar Kong. É uma câmara lenta tão expressivo, tão completo e tão bem posicionado que é difícil não amar aquele plano e toda a sua subtileza num filme desta imensidão. Felizmente este não é caso único. Este filme sobrevive, e foi algo que muito me surpreendeu, sobretudo de grandes planos. Coisa que não surpreende assim tanto se tivermos em conta os actores que foram contratados. Naomi Watts igual a ela própria é divina, Adrien Brody de uma doçura inegável e Jack Black que tem quanto a mim a prestação mais surpreendente e poderosa do filme, arrebata todas as atenções. Mas de todas elas , e todas elas são magnificas há também a registrar os grandes planos do gorila gigante que transmitem tanta ou mais emoção que muitos actores que por ai andam.

É disto que gosto no King Kong , é a capacidade que existe no meio de uma produção gigantesca investir alma a uma historia, tantas vezes contada ( a besta que ama a bela , é no fundo a base da maior parte das historias de amor) e aqui tão magicamente única.
Tantas coisas não serão ditas sobre o King Kong, confesso que preciso de o rever, mas também para quê estragar a magia da sala de cinema …

a_ Pupila - 9/10

7 Comments:

At 1:51 da tarde, Blogger Nuno Cargaleiro said...

Xiiiiiii! polémica!!! minha opinião: http://movietvaddicted.blogspot.com/2005/12/crtica-king-kong.html

Eu tendo a concordar mais com a 2º opinião!...

 
At 3:55 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu também concordo mais com a segunda opinião...mas o cinema é mesmo assim :)!

Abraço e Feliz Ano 2006!

 
At 4:21 da tarde, Blogger MPB said...

NUNO : Nem imaginas as horas de porrada que estas opiniões provocaram... Coisas do cinema.

Obrigado pela visita

S0lO: Essa coisa de deitar abaixo a opinião de uma pessoa nao ta com nada :D No gozo, obrigado pela visita. E é verdade que a arte não é matemática :D

Cumprimentos aos dois. BOM ANO

 
At 5:18 da manhã, Blogger Xplod said...

Epah ... a critica que o ne-to faz não condiz com a classificação que lhe atribui. Enquanto estava a ler a tua critica pensei que lhe fosses atribuir um 7/8 no entanto fiquei supreso ao deparar-me com um estrondoso 5, que na minha opinião não corresponde á realidade.
Se King Kong merece 5, a grande maioria dos filmes não atinge sequer o 2.

A minha opinião do filme e peço desculpa pela pub. http://cinexplod.blogspot.com/2005/12/king-kong-2005-and-lo-beast-looked.html

 
At 2:47 da tarde, Blogger MPB said...

X-Plod... pois é :D surpresa. Em relação à minha crítica é moderada de forma a não ferir muitas susceptibilidades :D Poderia ser mais duro, poderia dizer que Jackson põe em risco a sua reputação, mas seria apenas a minha opinião... poderia ainda entrar pela questão económica que Jackson tanto explora e que na verdade não concordo mto. Mas que se pode fazer.

Quanto à publicidade... depois o meu advogado entra em contacto cntgo :D

Cumps

 
At 9:07 da tarde, Blogger susana said...

pupila só mesmo as mulheres para terem sensiblidade nestas coisas e em outras que também não interessam,(risos)! eu gostei deste filme, dei-lhe 4 estrelas! Só acho mesmo que o estragaram com tanta cena de acção e efeitos especiais...um exagero..até saída cansada do filme!!!
cumps cinéfilos

 
At 9:17 da tarde, Blogger susana said...

Agora entendo aquilo que disse das opiniões contrarias( risos)!!Mas tanto uma critica como outra, estão muito bem!!Deu prazer ler!!Não entendo é depois de tudo o que disse dá 5/10.Pelo menos um 7/10.Só pela maravilha daquelas cenas onde entra a bela e a fera!!

 

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