quinta-feira, junho 16, 2005

"Sin City" de Frank Miller & Robert Rodriguez

Acabou de chegar o filme que mesmo antes da sua estreia já tinha uma legião de fans à sua espera. "Sin City" é adaptação da BD de Frank Miller com o mesmo título. Mas será que adaptação será o termo correcto a aplica, visto que cada plano corresponde a cada quadradinho da BD original?
O filme apenas cria movimento, cria um espaço perceptível e cria um mundo "tridimensional" que na Banda desenhada não existia, respeitando "todas" as caracteristicas gráficas e grande parte dos diálogos, assim a adaptação surgiu apenas no facto de variar a linguagem. Temos como ponto de partida a linguagem proveniente da BD (literária) passada para uma linguagem cinematográfica (imagem e som).

"Sin City" é uma tem o seu ponto máximo de interesse no seu arrojo visual, um "black & white" intenso e contastado, com pequenos rasgos de cor, que acentuam esses mesmos contrastes. É fabuloso todo o trabalho de iluminação, e sendo o preto e branco tão complexo a nível de conseguir profundidade visual, pelo menos esse cuidado foi tomado, as figuras e os "cenários" (digitais) estão fabulosamente iluminados, nunca se escondendo mutuamente.
Assim penso não ser totalmente errado, afirmar que "Sin City" é um filme de contrastes, desde logo as cores se realçam como poto mais visível, mas depois muito mais marca essa marca de opostos, existe uma sensualidade contrastante com a brutalidade, o amor e a pura e cruel violência, os contrastes sociais (prostitutas, clero, polícia e política) e até a nível de personagens encontramos um contraste acentuado, nem que seja pelo facto de ambas serem bastante diferentes ou pelo facto de os nossos protagonistas, serem "anti-heróis" são homens crueis, regidos pela violência mesmo quando perseguem o amor. E claro o maior contraste que se encontra em relação a "Sin City" são as opiniões do público... afinal "Sin City" parece que é aquilo que pretendia ser. É um filme diferente, que para bem ou para mal tranformará o cinema, apartir de agora não será de estranhar o surgimento de novas obras que tentem "imitar" algo deste filme.

Podemos dividir "Sin City" em três histórias diferentes, cada uma com o seu "protagonista", Hartigan (Bruce Willis), Marv (Mickey Rourke) e Dwight (Clive Owen), todas elas acompanhadas por uma voz-off que nos permite "interagir" mais profundamente com o interior de cada personagem e descobrir as suas motivações, e se assim não acontecesse o ritmo a que se desenrola a pelicula não nos iria permitir absorver algo de cada uma das personagens. Esses "monólogos" marcam alguns belos momentos criando um clima ainda mais denso em volta da acção.
Considero que cada uma das histórias terá o seu ponto de interesse, mas permitam-me realçar a que se desenrola em volta de Marv, interpretado em grande estilo por Mickey Rourke. Marv não passa de um brutamontes, com um aspecto temível, mas por numa noite descobriu algo que nunca havia tido ou sentido, o amor. Esse mesmo sentimento foi-lhe retirado nessa mesma noite, pois a mulher que lhe mostrou o amor é assassinada durante o sono. Apartir daqui é ver Marv, um impiedoso e monstruoso ser, à procura da vingança do seu "grande amor" e mesmo descobrindo a verdade sombria sobre a mulher nada muda... o seu amor o guiará à procura de vingança a qualquer preço. Na verdade é uma bela metáfora, a qual me agradou bastante, afinal no amor só importa o amor, independentemente do que quer que se passe. E para quê tratar o amor com "lamechices" (por vezes até gosto), quando se pode tornar tudo mais disfarçado e apetitoso à maior parte do publico... afinal de contas para quê esconder, o cinema hoje é uma industria a 90% e o publico é que manda.

Para isso Robert Rodriguez e Frank Miller reuniram uma grande equipa de actores, Bruce Willis tem estilo e presença, Clive Owen é um actor em explosão, Mickey Rourke está sublime como já não se via há muito tempo, Elijha Wood tem uma personagem do mais macabro que se pode imaginar, Benicio Del Toro é o que toda a gente sabe e Jessica Alba transpira sensualidade quanto baste.

"Sin City" é um filme que pretende ser "cool" e não esconde isso, sem grandes rodeios mostra rapidamente o que pretende sem querer enganar ninguém, é um filme para o publico, para entreter, mas ao mesmo tempo inovador. Já sentia saudades de ver algo diferente, e "Sin City" é algo diferente, não tentaria fazer qualquer tipo de comparação com "Pulp Fiction" ou até "Fight Club", pois concerteza iria cair no rídiculo, pois são obras de outro nível.

O grande problema de "Sin City" será mesmo a sua longa duração, após o segundo visionamento, momentos existiram em que senti que algo a mais existia no filme. Menos 20 minutos e talvez tudo se parecesse diferente.

No geral, "Sin City" é um filme bastante interessante, quer pelas suas diferenças quer pelo excelente trabalho de "autor" de Robert Rodriguez. Experimentem contar quantas vezes o nome desse senhor aparece no genérico final e digam se não merece uma palavra de apreço.

NeTo - 8/10

Claro que não podia deixar escapar o realizador convidado Quentin Tarantino, realizando um pequeno excerto da história de Dwight (Clive Owen), um dos momentos mais "loucos", bizarros e porque não macabros de "Sin City".
Já agora a banda sonora é algo de excepcional.

4 Comments:

At 9:11 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Um grande filme e uma grande análise indeed :). Dei-lhe 9/10 no meu blog.

Cumprimentos cinéfilos

 
At 3:22 da tarde, Blogger gonn1000 said...

Parece que concordamos, também gostei, embora não o considere genial...7/10

 
At 8:18 da tarde, Blogger Francisco Mendes said...

bom filme!

hasta!

 
At 5:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu arriscaria... o melhor de 2005 até agora.
diferente, original, inovador... gostei bastante.

 

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