"Mossafer - O Viajante" de Abbas Kiarostami (1974)
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Estamos perante uma obra de clara incidência familiar, especialmente no que toca ao comportamento infantil.
Qassem é uma criança como muitas outras, adora o futebol e detesta a escola, onde arranja frequentemente uma ou outra dores de dentes para se libertar das suas tarefas. Um dia Qassem recebe a notícia que a selecção de futebol do seu país irá jogar e alimenta dentro de si o sonho de ir ver o jogo dos seus ídolos, mas para isso precisará de dinheiro que a sua família não tem.
E é aqui que começa a "viagem" da nossa jovem criança, onde e como arranjará o dinheiro? Pertence a uma família pobre, não o pode pedir aos país, então só lhe resta recorrer aos caminhos mais sujos de conseguir o dinheiro que o leve ao jogo de futebol que tanto espera. Levanta-se então a questão se Qassem conseguirá o dinheiro a tempo de ver o jogo, e sucessivamente, Abbas Kiarostami, vai criando uma "frequência" narrativa e dramática que prende o espectador, tudo com devido ao tempo. Será que chega?
Somos levados num sonho de uma criança, que não se apercebe dos seus erros, sem que nunca tendenciosamente sejamos levados a tomar um partido claro, melhor somos levado a ver até onde e até que ponto Qassem se irá aperceber dos erros cometidos.
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Uma obra interessante, por toda a questão moral e pela exploração narrativa aliada a um dramatismo controlado e sem exageros.
NeTo - 6.5/10
1 Comments:
Belo inicio este de Abbas Kiarostami, conto juvenil sobre as flutuações e incapacidade de enraizamento de uma criança num Irão em transição, funcionando tambem como fragmentação geracional e como um ensaio sobre a diluição do tempo...filmado num preto e branco sublime remetendo tanto esteticamente como tematicamente para o neo-realismo italiano - passa por lá Ladrões de Bicicleta, de Vittorio De Sica, por exemplo - mas feito com a inocência e a poética de uma primeira vez...
JOSEOL
joseoliveira_braga@hotmail.com
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