quinta-feira, outubro 27, 2005

"Mossafer - O Viajante" de Abbas Kiarostami (1974)

"O Viajante" ou "O Passageiro", dependendo da tradução francesa ou inglesa, é a primeira grande obra de Abbas Kiarostami, realizador Iraniano já com uma longa carreira que recentemente nos apresentou "Ten".

Estamos perante uma obra de clara incidência familiar, especialmente no que toca ao comportamento infantil.
Qassem é uma criança como muitas outras, adora o futebol e detesta a escola, onde arranja frequentemente uma ou outra dores de dentes para se libertar das suas tarefas. Um dia Qassem recebe a notícia que a selecção de futebol do seu país irá jogar e alimenta dentro de si o sonho de ir ver o jogo dos seus ídolos, mas para isso precisará de dinheiro que a sua família não tem.

E é aqui que começa a "viagem" da nossa jovem criança, onde e como arranjará o dinheiro? Pertence a uma família pobre, não o pode pedir aos país, então só lhe resta recorrer aos caminhos mais sujos de conseguir o dinheiro que o leve ao jogo de futebol que tanto espera. Levanta-se então a questão se Qassem conseguirá o dinheiro a tempo de ver o jogo, e sucessivamente, Abbas Kiarostami, vai criando uma "frequência" narrativa e dramática que prende o espectador, tudo com devido ao tempo. Será que chega?
Somos levados num sonho de uma criança, que não se apercebe dos seus erros, sem que nunca tendenciosamente sejamos levados a tomar um partido claro, melhor somos levado a ver até onde e até que ponto Qassem se irá aperceber dos erros cometidos.

Na verdade, "O Viajante" de Abbas Kiarostami é mais uma obra que demonstra a importância de uma boa educação infantil, ainda mais num país como o seu. É um filme de toda a família e em especial para todas as crianças, para que vejam que por vezes as suas atitudes não compensam.
Uma obra interessante, por toda a questão moral e pela exploração narrativa aliada a um dramatismo controlado e sem exageros.

NeTo - 6.5/10

1 Comments:

At 8:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Belo inicio este de Abbas Kiarostami, conto juvenil sobre as flutuações e incapacidade de enraizamento de uma criança num Irão em transição, funcionando tambem como fragmentação geracional e como um ensaio sobre a diluição do tempo...filmado num preto e branco sublime remetendo tanto esteticamente como tematicamente para o neo-realismo italiano - passa por lá Ladrões de Bicicleta, de Vittorio De Sica, por exemplo - mas feito com a inocência e a poética de uma primeira vez...


JOSEOL

joseoliveira_braga@hotmail.com

 

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