quinta-feira, dezembro 01, 2005

ENTRE AS IMAGENS

«"Entre as Imagens" é um novo espaço que surge no nosso blog, pelo intermédio de José Oliveira. É um espaço onde se propõe em divulgar títulos do passado do cinema, mas que de diversas formas se mantêm actuais, ou seja, os clássicos e muitos títulos que enchem páginas da história do cinema, desde os mais visiveis ao mais esquecidos. Assim para começar foi escolhido uma das obras esquecidas de um dos génios do Cinema, "PATHS OF GLORY" de Stanley Kubrick.
Este espaço será retomado uma vez por semana e espero que seja do vosso agrado.
Cumprimentos, NeTo.»

"Paths Of Glory" de Stanley Kubrick (1957)



Stanley Kubrick, o génio, sim, o visionário, sim, o mais totalitário, literalmente, realizador da historia do cinema…cada um dos seus filmes ficou como um compêndio ambíguo, negro e pessimista da condição humana, dos seus actos e ambições, gestos absolutos que tinham como fasquia percorrer a história do homem…

Na busca incessante houve experiências limites, houve lampejos olímpicos, movimentos intemporais, anacrónicos e inclassificáveis, pinceladas sobre o universo e os tempos…houve “2001”, “Laranja Mecânica”, houve “Barry Lindon”, “Nascido para Matar” ou esse testamento final que foi “Eyes Wide Shut”…. mas antes de tudo isto, antes do que se classifica mais imediatamente de obras primas e de filme Kubrickiano houve - antes deste ainda “Killers Kiss” e “The Killing” - um eclodir, uma premonição do que ai vinha, mas acima de tudo uma profusão de sentimentos, de amargura, um dos filmes mais azedos e mais “revoltantes” alguma vez feitos, mas primeiro que tudo uma Obra-Prima fundamental: “Paths of Glory”.


Na história de três soldados franceses, na 1º guerra mundial, condenados á morte, depois de todo um processo absurdo, Kubrick traçava precisamente o absurdo, o incompreensível, o ridículo da guerra mas também de uma certa humanidade, dos seus actos mesquinhos, da cobardia e falsidade, qual radiografia denunciadora e reveladora, ficando a figura de Kirk Douglas e o final comovente mas de uma dubiedade cortante como o modelo possível, visão fugida de um novo caminho.

Steven Spielberg referiu a propósito de “Paths of Glory” que era o filme onde mais se poderia apreciar o mecanismo Kubrickiano de a cada cena reforçar o discurso total, de aplicar pinceladas largas sobre a tela a cada nova passagem, e é de facto o ponto culminante e mais facilmente apreciável que nas obras primas posteriores terá continuidade…e por aqui se poderá especular o efeito revelador deste filme em Kubrick, no publico…

E claro existe o perfeccionismo absoluto de qualquer filme do cineasta, a inovação e a catarse!
Mas o que é mais admirável é aqui existir como já se disse os mesmos anseios cósmicos, o mesmo alcance, o mesmo desencanto e secura de todos, todos os filmes seguintes…”Paths of Glory” pode ficar como “Eyes Wide Shut” como a súmula de uma obra, de uma obra impossível de fechar.

José Oliveira