sexta-feira, fevereiro 04, 2005

"O Quinto Império - Ontem Como Hoje" de MANOEL DE OLIVEIRA

Devo dizer que sai da sala bastante agradado, apesar de estar apenas na companhia de mais 4 pessoas.

A história é simples, apartir de uma peça de José Régio ("EL REI D.SEBASTIÃO), Manoel de Oliveira adapta diálogos para contar a História do Rei de Portugal, que era desejado mesmo antes de nascer e tornado num mito até aos nossos dias depois de desaparecer.

É no meu ponto de vista um filme que agradará a quem gostar de teatro, planos longos e estáticos como se estivessemos muitas vezes numa plateia de Teatro, com muitas vezes todos os actores colocados de frente para nós e falando "para nós" como se fossemos uma platei de teatro. É sem dúvida um filme que acenta na sua teatralidade, na poética dos fabulosos textos nas luzes e sombras e no movimento e interpretação dos actores.
A realização de Manoel de Oliveira é bastante interessante, conseguindo em alguns momentos fazer planos belissimos, de qualidade superior a muitos realizadores que ocupam o top das nossas bilheteiras. Recordo uma fabulosa panorâmica que acompanha duas personagens e que realça a importância da composição e do equilibrio, principalmente entre as luzes e as sombras... fenomenal.

Já para não falar nos momentos de maior espiritualismo em que a abordagem da realização é perfeita.

A luz que por tantas vezes é criticado o cinema portugues, aqui continuamos sem muita luz, mas existem momentos excelentes e a ausencia da luz até se percebe ou não fosse a história do "ENCOBERTO".

Os actores... interpretam teatro e não o cinema. Existe o exagero no jogo corporal, mas no geral todos estão a um nível muito agradável, realçando-se um pouco mais, Luís Miguel Cintra e Miguel Guilherme.

A banda sonora, está muito bem entregue aos dedos mágicos e à fabulosa guitarra de CARLOS PAREDES... fabuloso.

Mas nem tudo é agradável ou bom neste filme, a montagem que por vezes resulta tão bem, tem outros momentos que está muito forçada, causando alguma estranhesa a quem está a ver o filme. Existe também um plano que achei completamente desnecessário, é um plano que interrompe um magnífico diálogo e que nos mostra um céu estrelado nada convincente, não sei se foi opção da equipa, mas não me agradou mesmo nada, já para não falar de um plano de caracter religioso que existe já perto do final do filme que também me parece extremamente forçado, embora este me pareça que até consegue atingir o objectivo a que era proposto.

Para terminar, este é um filme muito agradável de se ver e muito bom em vários aspectos, a sua história é super actual, ainda conseguimos rir com as comparações possiveis fazer entre aquilo que se passava na altura e aquilo que se passa actualmente. É também um filme para todos aqueles que como eu são fascinados pela história portuguesa e pela historia universal.

Eu gostei

8/10

Antes de ver o filme era um dos meus mitos favoritos, desde a leitura de "A MENSAGEM" de Fernando Pessoa, e depois do filme esse fascínio saiu reforçado.

PROCURO VENCER AQUILO QUE ME TORNA FRACO