"O Terceiro Homem" de Carol Reed (1949)
Filmado numa Viena flagelada pela 2ª guerra mundial, "O Terceiro Homem" é possivelmente o 1º filme que aborda uma ideologia característica da Guerra Fria, com um dos mais inteligentes argumentos que me consigo recordar, a história é contada não tomando parte das grandes potências na altura mas sim de individuos comuns.
É um filme negro (film noir) por excelencia, uma estética complexa onde o cenário é claramente uma personagem do filme, onde planos deformados por grandes angulares ou planos com uma tomada de vista excessivamente obliqua, enchem e provocam uma enorme tensão visual ao espectador, assim como um excelente fotografia, onde a luz é praticamente inexistente, mesmo minimalista e onde as sombras imperam, ou não fosse o director de fotografia, Robert Krasker (galardoado com o Oscar pelo seu magnífico trabalho neste filme) bastante influenciado pela escola alemã dos anos 20.
É um magnífico argumento, onde os sentimentos humanos(dos mais obscuros ou mais sinceros) e a ingenuidade humana são constantemente postos em causa, onde a cada momento nos é dado algo novo a descobrir e a pensar.
Com sequências de estrema beleza, filmadas de forma magistral, momentos como o diálogo da Montanha russa, o cemitério (inicial ou final) ou como a fabulosa sequência dos esgotos, na verdade são bem mais que um filme, são uma verdadeira lição de cinema.
Depois temos como atractivo ver um fabuloso actor, ou melhor, um génio do cinema, Orson Welles, que no pouco tempo que lhe é dado, faz um trabalho excepcional, criou a sua personagem e diálogos, e segundo rumores nunca confirmados, existe quem diga que grande parte da estética do filme e de realização partiram de si e não de Carol Reed.
De qualquer maneira, "O Tercerio Homem" é uma obra obrigatória a qualquer amante de cinema.
Um filme sublime.
3 Comments:
É daqueles filmes que realmente as nossas televisões deveriam passar ao invés de comédias ressequidas que já vimos dezenas de vezes.
Ainda não vi este, mas gosto bastante do trabalho de Orson Welles e pelo que dizes não desilude!
Tens toda a razão. Este filme é obrigatório! Orson Welles nunca mas nunca desilude. A não perder!
Abraço!
"Diz o nome de um filme em que o X marca o local do crime"... é este, ñ é?
Tenho de ver...
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