sexta-feira, agosto 26, 2005

"Os Edukadores" de Hans Weingartner

Tentando demonstrar o que aborda "Os Edukadores" podemos apenas dizer que é um filme que marca um paralelismo, entre as revoltas da juventude dos dias de hoje com o capitalismo e a juventude revolucionária dos anos 60, mais precisamente do famoso Maio de 68.

E tal como essas lutas juvenis de 68, "Os Edukadores" acaba por ser um filme utópico, é um filme que "transpira", comunismo, anarquismo ou radicalismo, é um filme que pretende mostrar a revolta de três jovens contra o capitalismo actual, e para isso invadem habitações plenas de riqueza, mas não com o intuito de roubar ou violentar alguém, apenas alteram a casa, dando-lhe apenas um nova decoração, ou para melhor demonstrar, colocam leitores de Cds no frigorífico ou bonecos de porcelana na sanita. Com que intuíto? Tudo nos é mostrado como forma de combate de amedrontar os ricos, como um aviso contra o capitalismo e os muitos problemas do mundo.

É no meio de um desses "actos de revolta", que algo não corre como planeado e por consequência, os três jovens são obrigados a partilhar alguns dias com um homem... um homem rico, que em tempos, foi um jovem... um jovem que se bateu e revoltou junto com muitos outros jovens nos anos 60.

E só o final temos a perfeita resposta do que nos é pretendido demonstrar. Não é uma mera comparação geracional, ou um simples debate de ideias, é sim uma clara crítica a todos aqueles jovens que se manifestaram nas ruas no Maio de 68, e que agora se encontram envelhecidos tanto fisicamente, como ideologicamente, estando hoje vendidos ao capitalismo que eles criticavam.

Idependentemente das ideias debatidas, "Os Edukadores" acaba por ser um filme interessante, minimalista em quase todos os aspectos técnicos e com três jovens actores, a um nível muito interessante, em particular Daniel Brühl ("Adeus, Lenin!").

"Os Edukadores" é um filme que pode tentar fugir ao demagogismo em grande parte do filme, mas que na verdade acaba mesmo por ser uma obra demagógica, que pretende libertar do espírito do povo e em particular do jovem a vontade de gritar e se revoltar contra as muitas injustiças em seu redor e acima de tudo, nunca verder os seus ideais e nunca desistir.
Todos esses ideais pelos quais estes jovens, deste filme, lutam são todos muito bonitos, mas não são mais que utopias, e que por vezes se contradizem, nem que seja pelas actitudes que se tomam para se fazerem ouvir e mostrar.

Com momentos repletos de suspense e de um humor peculiar, Hans Weingartner, tem aqui uma obra interessante, e bastante superior a grandes produções que envadem as nossas salas, é um filme que agradará a qualquer um radical e revolucionário, mas que deixará outros a pensar, que todas aquelas ideias são "tempo perdido" e que nem tudo pode ser tão fácil.

NeTo - 5/10

4 Comments:

At 3:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu nao acho que vá agradar a revolucionarios e radicalistas no sentido em que todo este filme parte duma permissa bastante simplista, grosseira e redutora do que a espectativa do comunismo de hoje. parece daqueles programas para explicar as crianças certos assuntos e assim é retirado o conteudo mais utopico e profundo das ideias da revolucao.
é uma pena porque sendo a alemanha o pais que é, com um passado multi variado com uma ditadura tanto de direita como de esquerda, a historia poderia ser muito mais interessante nao se apoiando muito na vida amorosa dos protagonistas. e a tentativa de comparaçao com os sonhadores de bertolucci ( esse sim poderia ter seguido a visao simplista ja que ele retrata 68, nao o fez) serve apenas para empobrecer ainda mais este filme.

 
At 6:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu ñ me auto-definiria nem como radical, nem como revolucionária, mt menos como comunista, e o filme agradou-me bastante.
claro que as utopias podem ser encaradas de várias formas e aí posso afirmar-me com um tanto ou quanto "sonhadora", num sentido quase bertolucciano.
mais uma vez, o cinema europeu e a sua abordagem de uma certa juventude deliciou-me.

 
At 5:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Hum...parece-me uma proposta interessante :). Vou investigar.

Cumps. cinéfilos

 
At 5:56 da tarde, Blogger gonn1000 said...

Eu gostei. Por vezes é demasiado simplista mas vale a pena, já que isso não o impede de ser uma das melhores estreias dos últimos tempos...

 

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