sábado, agosto 20, 2005

"De Tanto Bater o Meu Coração Parou" de Jacques Audiard


Para começar, desde logo não se pode deixar de reparar no excelente título, "De Tanto Bater o Meu Coração Parou"... esse é desde logo o primeiro impacto que temos com a obra, de seguida desde o genérico inicial ou da primeira sequencia do filme, será facilmente atingido por uma direcção fotográfica intensa, mas não intensa no que respeita à iluminação (ao brilho), antes ao contraste e à saturação, são filmados pequenos pontos de luz numa imensa sombra, filmados por uma visão nervosa, seca e bruta de Audiard, que praticamente coloca as suas imagens "ao lado" ou mesmo "dentro" de cada personagem, em particular Tom.

Tom é fabulosamente interpretado por Romain Duris ("A Residência Espanhola"), é um anti-herói, ou melhor, uma personificação de herói destruido, que se encontra escondido até ao momento da descoberta.
Tom como qualquer herói tem uma vida dupla, não que tenha super poderes, não que tenha problemas psicológicos que o façam prever o futuro, mas antes, tem um forte conflito interior entre o passado e o futuro, entre seguir a terrível e desonesta vida de agente imobiliário como o seu pai, ou seguir um sonho de infância, pianista, como a sua falecida mão.

"De Tanto Bater o Meu Coração Parou" é um realista, tudo o que aqui se filme é um mundo, um mundo interior de uma pessoa que como a qual existe milhões. A ligação entre pai/filho, é constantemente alterada, assim como a relação entre filho/mãe falecida, num dos mais fortes momentos, em que Tom escuta as gravações de piano da sua mãe, recordando sentimentos e vivências, com um Romain Duris com pleno sentido de câmara e completamente exposto.

Mas será na ligação desses "dois mundos" que o filme terá o seu ponto menos bom, pois por momentos parece algo desfragmentado, sem uma unidade, mas sem nunca largar o espectador. Em boa verdade o filme no que se trata de interesse, assemelha-se a uma composição clássica para piano, por momentos "pianíssimo", e em outros momentos "fortissímo".

Com a melhor interpretação do ano até ao momento, Duris faz em momentos recordar DeNiro em «Taxi Driver», com uma suberba realização, com excelente banda sonora e uma direcção fotográfica a corresponder a todo o drama, "De Tanto Bater o Meu Coração Parou" é um dos grandes filme do ano. Intenso, brutal, violento, calmo, sereno, contido, são alguns adjectivos que poderão qualificar o filme, mas se unicamente nos dirigir-mos ao filme como "um filme humano", resumiremos a essencia da obra.

NeTo - 9/10

Na verdade "De Tanto Bater..." não parte de uma ideia original, parte sim da ideia base de «Finger" (1978) filme americano com Harvey Keitel. Mas será isso que fará com que "De Tanto Bater..." não seja um filme "original", tendo em conta o actual panorama cinematográfico, este filme será uma verdadeira raridade.

4 Comments:

At 3:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

tenho lido mt bem deste filme... tlx veja...

em relação ao Hitchcock, o "pyscho" tb ñ é o meu favorito dele... os meus favoritos são "the lady vanishes", "the 39 steps" e "vertigo". mas além das escolhas pessoais, devo reconhecer q o "psycho" é o melhor filme dele de tds os q vi (o "rear window" desapontou-me um bocado...)...
vê o remake mas sem grandes expectativas... é um filme msm mais p ver cm curiosidade do q cm obra em si...

 
At 3:26 da tarde, Blogger MPB said...

LOST: brevemente aqui no blog teras VERTIGO ;) Eu gosto bastante de "Psycho".

Quanto a este "De Tanto Bater o Meu Coração Parou" é de verdade um belo filme, é mesmo raro na actualidade termos oportunidade de no circuito comercial arranjar um filme assim.

Muito bom mesmo.

See ya ;)

 
At 11:23 da tarde, Anonymous Anónimo said...

de este filme o que mais gosto é do titulo. é um filme intimista que nos obriga a entrar rudemente, sem pedir licença na vida de tom, partilhando com ele a violencia do seu dia a dia, a esperança desmesurada que poem no seu sonho antigo e nas relaçoes que tem com o seu pai e a sua amante, demonstrando a sua necessidade de proteger. por vezes esta visao incomoda tal como incomoda uma vida cheia de segredos e violencia. é um filme duro onde se destaca essencialmente e porque o filme é efectivamente ele, um romain duris espectacular, que nos faz pensar como camaleonico ele pode ser ( quem viu a residencia espanhola e este filme percebe do q estamos a falar) que se tornou para mim num actor a seguir que tem uma performance bombastica.

 
At 5:18 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Isto parece ser bom...acho que vou ver :)!

Cumps. cinéfilos

 

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