"Crash - Colisão" de Paul Haggis
por: NeTo
Paul Haggis, argumentista nomeado a um Oscar, por "Million Dollar Baby" apresenta-nos agora uma obra que nos agarra pelos colarinhos, nos prmeiros minutos, e que na segunda metade, nos esmaga numa tremenda "colisão" de sentimentos.
Se "Million Dollar Baby" é um dos grandes filmes deste ano, "Crash" em pouco ou mesmo nada fica a perder. É uma obra crua, fria e muito violenta, tal como havia sido a história realizada por Clint Eastwood.
"Crash" debruça-se sobre as questões raciais, sobre o choque de culturas de mentalidades e de cores, nas escuras ruas de Los Angeles.
Sem nunca tomar uma clara posição entre os bons e os maus, Paul Haggis tem o seu grande mérito no facto de filmar pessoas, não simples corpos falantes, mas sim pessoas, personagens credivéis, reacções, emoções e acima de tudo, comportamentos com os quais temos contacto no dia a dia, mas com o acento provocado pela câmara de Haggis e a força imprimida pela musica.
A fotografia, embora não perfeita, tem um papel dramático importantissimo, cores saturadas, imagem carregada de sujidade e grão e por vezes uma sobre-exposição, criam uma ambiência muito negra.
Mas de que vive afinal este "Crash", da realização? Dos actores? Do argumento? Penso que acima de tudo o mérito de Paul Haggis será o maravilhoso argumento, toda a estruturação da sua narrativa, acente em diversas linhas narrativas que acabam por colidir umas com as outras. Argumento esse que tem o poder de facilitar a realização e acima de tudo a compreensão da audiência, vários são os momentos em que a narração é feita apenas pela imagem, sem que exista qualquer necessidade de diálogos ou de narrador. Para além da fabulosa utilização que Haggis faz do suspense, constantemente criando situações de enorme carga emocional e fugindo a clichés provoca a surpresa a quem o vê. Haggis não esconde nada do publico, também naõ mostra tudo, mas sugere muito.
Os actores, muitos têm falado em Don Cheadle, Sandra Bullock e Matt Dillon, e é bem verdade que todos os elogios são merecidos. Se no caso de Don Cheadle e Matt Dillon a surpresa não foi muita, pois são actores com as suas provas dadas, a grande surpresa foi mesmo Sandra Bullock e sem qualquer sombra de dúvidas o desconhecido Michael Pena, que nos transporta do momento mais tornurento de uma relação pai-filha, para um dos momentos mais deamáticos e comoventes dos ultimos anos. Não deixo sem referir que todo o elenco é eficiente desde a lindíssima Thandie Newton até ao "hip-hopper" Ludacris ou mesmo Ryan Phillippe num registo de contenção e ingenuidade.
"Crash" será um filme do qual muito se poderá falar, muito se poderá contar, mas que deverá ser visto o revisto, de preferência numa sala de cinema.
Uma história de redenção? Uma história de confrontos étnicos? Uma história de ódios? Uma história de pessoas? "Crash" será uma história de vida, da vida em geral, que aterrorizará todos aqueles que pensam na América como uma terra de sonhos e de igualdades, uma história que vinca claramente relações, uma história que claramente marca todo este ano cinematográfico.
NeTo - 10/10
Não será nenhuma surpresa se "Crash" receber no mínimo uma nomeação para os próximos prémios da Academia.
9 Comments:
crash é sem duvida um dos filmes do ano. é um filme serio que transmite uma grande mensagem. no entanto e como cada vez mais se vê não é paternalista. nao poem os bons num lado e os maus no outro porque o que acontece é que a historia nao retrara esteriotipos embora possa se pensar isso tratando-se dum filme sobre o racismo mas retrata pessoas. o filme , tira se tudo , a fotografia a realização pessoal, os actores soberbos e no final ter se a sempre um grande filme porque tem um grande argumento e é disso que faz este crash um tipo de filmes cada vez mais raro e precioso, conta historias , e historias comoventes.
pessoalmente gostei mto do filme, mas acho que tem uma pequenas falhas: podes ver em http://movietvaddicted.blogspot.com/2005/07/crtica-crash.html
Eu acho que merece sobretudo pela escolha de expor a narrativa de forma totalmente despojada e amoral: não há heroi, não há vilões, há somente pessoas...
já respondi!... ehehehehe
disse: eu també gostei do suspense, mas qdo tudo começa a resolver-se caso a caso eu dei por mim a dizer hã?... funcionava melhor o final se tivesse sido omitido a cena inicial do Don cheadle a chegar ao lugar do crime e depois vissemos o final como um soco no estomago.... um final mto optimista para todos, mas com alertas para a realidade.que nem tudo corre bem, e que para correr depende de nós!...
Optimismo até pode ser, mas se não o fosse talvez fosse criticado por isso. Penso que se o homem não fosse "optimista" (não sinto que o tenha sido) o filme perderia o impacto de mostrar o pretendia. Todo o ser humano tem o seu momento de redenção por muito mau que seja. Foi mais ao menos assim que vi a tranformação de algumas personagens.
Agora optimismo houve, mas não total ;)
cumprimentos
Um grande análise para um grande filme :)! E aposto no Óscar para "Melhor Argumento Original" :P!
Cumps. cinéfilos
É curioso, o que postei sobre este filme vai em mtas coisas ao encontro do que disseste!
Excelente filme, sem dúvida!
Caro "lost in Space":
Acho que só não vê o filme desta maneira quem não tiver um pequeno coraçãozinho e um pouco de visão :)
Cumprimentos e obrigado.
Já agora aproveito para referir a excelente musica que termina o filme "STEREOPHONICS - Maybe Tomorow" é de arrepiar.
Só hoje vi o filme e estou em total acordo com tudo o que escreveste. É um excelente filme. Ainda me sinto como se tivesse levado um murro no estômago, de tal forma é brutal a maneira como a mensagem é passada...
Pois concordo com a Vera, é como levar uma pancada!Muitas vezes reti as lágrimas, porque detesto que me vejam chorar!Se este filme não ganhar nenhum óscar, será uma injustiça!Porque não lhe encontro defeitos!Só virtudes!!!
Enviar um comentário
<< Home