"Jarhead - Máquina Zero" de Sam Mendes
Começa, "Jarhead" o espectador sente "Nascido para Matar" de Stanley Kubbrick. Desde o início se percebe que Sam Mendes iria percorrer a história de um género (filmes de guerra) tal como havia feito em "Caminho para a Perdição" (filmes de gangsters), sempre agarrado a uma estrutura clássica, se bem que quase nunca sem o impacto que seria pretendido.
"Jarhead" relata as vivências de um fuzileiro americano, que após a preparação militar é enviado para terrenos iraquianos durante a Guerra do Golfo, isso é extremamente claro e embora seja uma apresentação agarrada a constantes clichés, o certo é que está lançada a narrativa do filme, mas... e depois? Depois Sam Mendes aposta em explorar a psique das personagens, e é aqui que se encontra o verdadeiro problema de "Jarhead" nunca é claramente desenvolvido sobre que ponto é que se motivam aquelas personagens. Será pela ausência feminima, será pela tensão crescente e o medo da guerra, será a morte, será o amigo? Acaba por ser demasiada coisa para combinar numa sólida narração cinematográfica.
A espaços interessante e tenso, noutros excessivamente intimista, o que até não seria um aspecto negativo, não fossem os diálogos serem completamente vazios assim como a maioria das personagens.
É verdade que existe uma contenção no que diz respeito à contextualização política, como existe uma contenção em todo o filme, até no esperado momento de climax, ou seja o primeiro disparo, tudo soa a excessivamente forçado e sem motivação para tanto. Afinal o que nos diz a boca do actor é bem mais fraco do que nos diz o seu interior.
A tentativa de revisitar, ou reavivar o género dos filmes de guerra é completamente falhada, as referências aos filmes do género são muitas, mas serão referências ou meras faltas de criatividade ou medo de arriscar? O início tem o pulsar de "Nascido para Matar" assim como num dos mais bizarros e absurdos momentos do filme, a casa de banho respira do clima da obra de Stanley Kubbrick. Existe a referência directa a "Apocalipse Now" de Francis Ford Copolla (até o montador de "Jarhead" é o mesmo do filme de Coppola, Walter Murch) e "The Hunter" de Michael Cimino, sendo que tal "homenagem" acaba por acentuar a diferença de "Jarhead" para qualquer um desses títulos. "Jarhead" não é e não será um filme de guerra para recordar.
É verdade que não será um filme de guerra pura, é um filme de guerra interior, mas onde está ela, o que nos leva a acreditar nela, será o final meloso? É simples se a nossa alma não sente nada, então acreditamos nos nossos olhos, e assim "Jarhead" resume-se a um conjunto de belas imagens, fotografadas de forma vigorosa, mas que nada acrescentam ao restante vazio.
"Jarhead" é desde já uma da desilusões do ano, pois nunca agarrou um contexto com a devida força e acima de tudo tenta reformular um género, dando-lhe sangue novo, mas apostando numa estrutura clássica sem nunca ter uma eficácia plena. "Jarhead" é um fracasso em que só a imagem salva o filme da mediocridade.
NeTo - 3/10
6 Comments:
Também dificílmente o iria ver, naõ aprecio de todo filmes em que o tema central é a guerra!
Hum...parece-me que este é um daqueles filmes em que há muitas opiniões diferentes. Vou ver hoje e depois partilho a minha opinião.
Cumprimentos.
Já vi o "Jarhead" e acho que nunca estivemos tão em desacordo em relação a um filme como neste caso.
Eu cá adorei e ao contrário de ti, acho que até tem bastante impacto no espectador: faz-nos pensar e quase sentir o que sentem aqueles soldados ali no meio de um deserto com tão pouco para fazer e tanto em que pensar. É por essa razão que as personagens pensam em practicamente tudo o que se pode pensar!
Mas enfim, são opiniões :).
Abraço
Subscrevo o s0lo. Gostei muito do filme.
Eu dava-lhe nota 8/10.
Está longe de ser um mau filme, embora também não seja brilhante. Só pela cena da chuva de petróleo merecia logo mais de 3/10, NeTo :)
Por mim leva um 7/10
Visualmente forte, com o ambiente espectacularmente captado.
Um filme que foge ao tipico filme de Guerra, até pelo que a 1ª Guerra do Golfo foi...e sendo Jarhead um retrato fiel do que ocorreu não poderiamos esperar outra historia.
8/10
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