segunda-feira, novembro 22, 2004

ROLLCAMERA
Presents
OLIVER STONE

Oliver Stone nasceu em 1946, na cidade de Nova York.
A intensidade que o caracteriza faz com que se goste ou se odeie. Com Oliver Stone não há meio termo.
Existe algo de europeu em Oliver Stone, pois força a sua audiência a escolher um dos lados, para além de ser um dos poucos realizadores políticos, sendo por isso caracterizado pela coragem ao abordar temas como os de “Platoon”, “JFK” e “Assassinos Natos”.
Ao longo dos anos tem mostrado uma ligeira retenção da sua agressividade, mas diz quem o conheçe que o seu interior ainda ferve.

“MASTERCLASS WITH OLIVER STONE”

Em tempos pensou ensinar a arte de fazer filmes, mas não teve coragem de largar o seu trabalho, acima de tudo por dinheiro.
Quando entrou na N.Y. Film School, teve professores inspiradores, Haig Manoogian (produtor) e o seu pupilo Martin Scorsese (Realizador).
A sua participação na guerra do Vietnam é a sua principal influência, até à sua ida para a guerra era uma pessoa muito cerebral que se refugiava na escrita, mas a sua estadia no Vietnam mudou tudo, primeiro porque não podia escrever devido à humidade e segundo porque resolveu comprar uma camera e aí descobriu a sensualidade da imagem.
Martin Scorsese foi muito importante para Oliver Stone, pois os seus 3 filmes até conhecer Scorsese tinham sido terriveis, e também porque foi Scorsese que o levou a utilizar a sua experiência de guerra.
Depois surgiu “Last year in Vietnam” de 12 minutos, que lavava sobre o “clash”, sobre o encontro das experiencias de guerra e a vida em N.Y. Quando o mostrou aos outros estudantes percebeu que os filmes devem conter a própria vida, o que é aceite na Europa, mas nos Estados Unidos é considerado como “Egomaniaco”:

“A film is a point of view, everything is just scenery”

O que Oliver Stone acha mais interessante nos filmes é os pensamentos por trás da história, sendo o resto apenas cenário.
Para Oliver Stone fazer um filme é uma arte colaborativa, “Um domingo qualquer”, teve 3700 planos e 6 editores, e a isto ele não chama “arte cooperativa”, pois tem de haver um pessoa a ter uma visão para que o trabalho de outros trabalharem coerentemente.
Á sua maneira todos os seus filmes acabam por ser filmes de guerra, é a única ligação que encontra entre eles.
Fez o guião para “Scarface-A força do poder” de Brian De Palma, ao início tinha feito um filme de Gangsters, mas De Palma transfomou-o numa espécie de Ópera.

“Independence is a fake”

Não entende o debate entre estúdios e independentes.
Sente que os estúdios são uma parte essencial do mercado, mas operam de maneira caótica, que para quem souber tirar proveito disso é muito proveitoso.
Fez 12 filmes dentro dos grandes estúdios, mas de alguma maneira sentiu que os fez de forma independente.
O lado bom dos estúdio é a distribuição, porque permite que os filmes cheguem a um maior numero de publico.
A audiência tende a mudar e nunca se sabe o que a audiência espera, parte dessa mudança deve-se ao facto de as audiências cada vez mais estarem viradas para o formato de televisão. Esta mudança fez o cinema americano mais suave nos ultimos 20 anos.

“The script is not a bible”

Filmar é a parte mais complicada, pois se correr algo mal já não há 2ª hipótese, pois isso tem sempre uma lista de 15-20 planos que quer filmar no dia, e começa sempre pelo mais importante.
Normalmente tem a cena pré-concebida, mas está sempre disposto a modifica-la, pois acha que o trabalho não deve ser demasiado rígido, deve ser fluído.
Tem de se saber esperar até encontrar a essência da cena, por isso gosta de fazer ensaios antes da rodagem.
Filma com várias cameras. Em “JFK” filmou com 7 cameras e a cena do assassinato foi filmada durante 2 semanas

“Every actor have limitations”

Sente que a maior parte dos jovens realizadores teem medo dos actores.
Têm cultura tecnica mas não se sabem relacionar com os actores.
Fica parvo com o facto de alguns realizadores fazerem excelentes filmes, pondo apenas o actor frente à camera.
Os actores “forçados”, teem melhor performance.
Tem de se fazer um “casting” para descobrir o actor, porque existem muitas limitações e muitos não conseguem ir muito além daquilo que são.
Woody Harelson e Julliete Lewis(“Assassinos Natos”), surpreenderam muita gente, e muitos acharam um escolha sem caractér. Embora se relacionassem mal fora do ecran, durante o filme funcionaram. Woody tinha muita raiva escondida e Julliete tinha uma energia selvagem dentro dela.
As grandes “estrelas” são importantes nos filmes, mas é complicado agradar a todas, pois se tiverem um personagem secundário, sentem-se sub-usados.

“I control nothing”

“Script is everithing”, foi a maneira que Stone foi educado, mas hoje pensa que muito é feito pelo guião.
Os estúdios investem em guiões perfeitos que às vezes não resultam.
Quando leu o guião de “Pulp Fiction”, pensou que o filme era demasiado “falante” e que não ia resultar. Quando viu o resultado, deparou-se com algo completamente diferente. Pois, existem coisas que não se podem escrever, a maneira que um actor olha para outro e são estas pequenas coisas que são tudo no filme.
Pensa que como realizador, não tem control sobre tudo.

E no fim de tudo, pode ser o filme a dirigir-nos em vez de ser-mos nós a dirigi-lo.

fonte: "Movie Makers Masterclass" de Laurent Tirard