sábado, dezembro 03, 2005

"Oliver Twist" de Roman Polanski
O aguardado regresso de Roman Polanski, após o galardoado "O Pianista", estava marcado por algumas reticências, ou não se tratasse da adaptação supostamente fiel de "Oliver Twist", obra literária Charles Dickens, que havia já sido adaptada por inúmeras vezes ao teatro, televisão e cinema.

O que desde logo é marcante na nova obra de Polanski é o que já tem sido habitual na sua filmografia, seja ela marcada pelo bom ("ChinaTown", "A Repulsa" ou "Rosemary's Baby") ou pelo mau ("A Nona Porta"). Em qualquer filme de Polanski é facilmente perceptível o elaborado trabalho tecnico, personagens no limiar do bem e do mal e acima de tudo uma inteligente exploração do suspense.

Em "Oliver Twist" seria de esperar uma nova visão sobre a história do orfão inglês, que tal como a sociedade onde vive inserido, vive no limiar do bem e do mal. Mas tal não acontece.
Se é verdade que a nível da fotografia e especialmente do ritmo de montagem o filme é uma verdadeira preciosidade, acaba por ser a rigidez narrativa o seu real ponto forte, acabando por nunca chegar à emotividade, sem nunca alcançar a plenitude dramática e acabando por ser excessivamente previsível.

Será o problema da "fiel" adaptação da obra literária? Não posso confirmar. Mas por vezes um dos erros é tornar as sequências excessivamente dialogadas, em especial sentimentos, assim num dos momentos que poderia ser simbólico temos os diálogos que desde logo retiram a força a tal acto, mas que no final devido ao trabalho de direcção de fotografia e aos actores, Ben Kingsley (Fagin) e Barney Clark (Oliver Twist), criam um momento suficientemente forte para levar os mais sensíveis e menos cansados a um momento de comoção. E são as personagens Fagin e Twist que realmente trazem algo de interessante ao nível da representação, pois as restantes personagens são meros esteriótipos, embora seja compreensível tal decisão de caracterização.

Sendo que se trata de um filme de Romain Polanski seria de esperar mais... mais sentimento, mais suspense, mais retrato social e mais crítica, mas a rigidez era tanta que o mérito de Polanski se resume a alguns aspectos técnicos e à contenção dos mesmos.

"Oliver Twist" não é magnífico, mas até pode ser um olhar interessante em aspectos técnicos, mas a nível narrativo é vazio de novas ideias e acaba por reduzir a nova obra de Polanski a uma das desilusões do ano.

NeTo - 4/10

3 Comments:

At 9:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E eu que tinha boas expectativas para isto :|...

Abraço

 
At 9:35 da manhã, Blogger Hitler said...

Eu não acho assim tão mau. A banda sonora, a fotografia e a realização estão excelentes.
Mas concordo que comparando com outros trabalhos de Polansky este fique um pouco àquem das expectativas.
Mesmo assim merece ser visto.

 
At 1:22 da tarde, Blogger Francisco Mendes said...

Não é o melhor de Polanski, mas é uma das melhores adaptações clássicas de sempre. O seu pulsar é suavizado pelo cariz familiar, mas encontra-se bem presente.

 

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