sábado, novembro 12, 2005

"Elizabethtown" de Cameron Crowe


«I mean everybody's got to take a road trip, at least once in their lives. Just you and some music.»

É o regresso do realizador americano que melhor explora o melodrama. Cameron Crowe, o realizador e argumentista do fabuloso "Almost Famous" e do simples e divertido "Jerry Maguire", após a passagem por um género menos comum em "Vanilla Sky", volta ao seu estilo melodramático sem nunca esquecer a vertente popular que acompanha a sua obra.
Ao olhar para a simples sinopse, podemos pensar que estamos perante uma simples comédia romântica, mas enganem-se, estamos sim perante uma das melhores comédias românticas do ano.

Cameron Crowe convida-nos a acompanhar a viagem de Drew Baylor (Orlando Bloom), um designer de calçado, caído em desgraça tanto profissionalmente como pessoalmente, chega a pensar no suicídio, acabando por nesse preciso momento receber um telefonema que anunciara a morte do seu pai, e Drew vê-se agora na "responsabilidade" de voltar à sua terra natal, Elizabethtown, para recuperar os restos mortais do seu pai. E Elizabethtown não é nada mais que o local onde todo muda, o local de transformação da vida de Drew, local onde recupera as perspectivas de uma nova vida, local onde se transforma num homem.

Como em qualquer outra obra da sua filmografia, Cameron Crowe destroi... destroi personagens e familias, para de seguida criar os seus alicerces, para em seguida criar uma nova e melhora da vida... e claro sempre com um sorriso no rosto.
Mais uma vez estamos perante um filme simples e subtil, onde se filma sublimemente a condição humana (famíliar?), sempre com optimismo e divertimento, mas sem nunca perder a noção dramática.

Na filmografia de Cameron Crowe também facilmente se encontram dados auto-biográficos, como na viagem de “Quase Famosos” ou agora a morte do pai em “Elizabethtown”, daí que seja clara a preocupação com as relações pai/filho, sempre ternas e para que fique bem vincado na obra, eternas.

É sempre intrigante ver uma obra de Cameron Crowe, um autor cinematográfico dos poucos que explora o mais puro melodrama e que ao mesmo tempo condimenta a sua obra com um estilo muito “pop”! “Elizabethtown” é uma comédia dramática facilmente simulada num road-movie, que permite a Cameron Crowe criar a espaços verdadeiros hinos à cultura “pop” (leia-se popular, no melhor sentido da palavra), como a stand-up comedy, Elvis Presley, Martin Luther King e como não poderia faltar na música. Música essa sempre tão importante em qualquer obra de Crowe, em “Elizabethtown” assume uma nova escala, tornando-se assim no seu filme mais musical e melódico... sonoridades marcadamente americanas, actuais mas com claras influencias do que de mais popular se fazia nos Estados Unidos, como por exemplo a sonoridade alt country de Ryan Adams.

Com interpretações competentes desde os jovens, Kirsten Dunst radiante, a um depressivo mas divertido Orlando Bloom até aos veteranos, Alec Baldwin e Susan Sarandon.

“Elizabethtown” como qualquer outra obra de Cameron Crowe é um obra eficiente, simples, divertida, mas sem nunca esquecer uma complexa relação emocional entre personagens, estamos perante uma obra extremamente cativante, que apesar de ter sido mal recebida do outro lado do Atlântico, consegue surpreender a espaços e sem nunca se agarrar desesperadamente a “clichés” ou à piada fácil.

NeTo – 7/10

- A versão que é apresentada nas nossas salas, tem aproximadamente menos 18 minutos que a versão apresentada no Festival de Toronto e que foi muito mal recebida.

6 Comments:

At 9:23 da tarde, Anonymous Anónimo said...

confesso q ñ li pq ainda ñ vi o filme... mas este é imperdível! Gosto mto dos filmes do Cameron Crowe =)
Com a tua classificação ainda mais curiosa estou!

 
At 8:20 da tarde, Blogger susana said...

Penso que não foi só mal recebido do outro lado do Atlântico, por este lado também li críticas pouco abonatórias.Eu mesma, depois de ver este filme, não fiquei completamente satisfeita, falta ali qualquer coisa que o poderia tornar uma obra excelente.O argumento é bom e de certa forma original,a realização também está boa.Penso que o que falhou ali, foi a escolha dos actores principais.As suas intrepretações apesar de razoáveis, não estiveram à altura do filme!No entanto, este filme é melhor que muita coisa que anda para aí!!

 
At 10:50 da manhã, Blogger gonn1000 said...

Muito bom, uma das grandes estreias dos últimos tempos e seguramente um dos melhores filmes de 2005,

 
At 10:59 da manhã, Blogger susana said...

gonn para a próxima vai ver sóbrio..lololo...ir ver um filme no dia do aniversário..inibe as faculdades!Eu sei que a festa só foi no sábado, mas mesmo assim alguma coisa deves ter bebido!! cheque-mate!

 
At 11:16 da manhã, Blogger MPB said...

Lost in Space: Deves ir ver, é claro, não há duvida que estamos perante uma obra interessante, que de minha parte deverá merecer o revisionamento, pois 7/10, agora passados 3 dias, ate me parece pouco :)

missixty2000: Eu fiquei satisfeito, e como disse em cima, até mais do que os 7/10 podem dizer :D
O problema do filme não estará tanto na dupla de protagonistas, estará no pouco aproveitamento de Susan Sarandon :D

Gonn1000 : Também me parece que sim, por isso e para tirar as ultimas dúvidas nada melhor que uma nova ida ao cinema. Por tudo o que nos tem dado, Cameron Crowe merece.

Cumprimentos a todos

 
At 11:26 da manhã, Blogger susana said...

Eu também gosto bastante da Susana Sarandon e se o Crowe não corta-se partes onde ela entrava, talvez tivesse dado um 4/5 a este filme e não um 3,5/5!!

 

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