domingo, setembro 03, 2006

"United 93" de Paul Greengrass (2006)

“United 93” assumia-se como o primeiro filme a abordar directamente os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, era anunciado como a dramatização em tempo real do voo United 93 que foi sequestrado e se dirigia supostamente para Washington e que só com a intervenção dos passageiros foi impedido de chegar ao local pretendido acabando por se despenhar na Pensilvânia.
È certo que a ficção tende sempre a documentar algo, seja uma época, sejam costumes, sejam relações ou apenas uma história, mas sempre com uma noção dramática com algo para além do que é o objecto a “documentar”, veja-se o caso de “25th Hour” de Spike Lee, em momentos “documenta” ou regista uma realidade de Nova York após os incidentes do 11 de Setembro, facto esse que não o impede de ser uma sublime obra de ficção. Pelo contrário “United 93” é um objecto “híbrido”, não se assume como uma ficção, como uma dramatização nem se assume como documentário, embora esteja muito mais perto do segundo registo, numa espécie de docu-drama digno de qualquer investigação ou biografia da BBC ou do National Geographic.

Ou seja, se inicialmente se dizia ser uma dramatização dos ultimos momentos vividos a bordo do United 93, então que se assuma como tal e não a um registo frio e rígido unicamente com base em gravações ou relatórios. É certo que o tema está bem fresco nas memórias de todos e que a ética e a moralidade por vezes são adversários à criacção seja artística seja outra qualquer, mas neste caso Paul Greengrass queria um relato fiel, mas como poderia isso ser feito? Existia material para afirmar-se como um retrato fiel? É impossível que aquilo que vimos seja o que se viveu naquele voo, é impossível que aquilo seja uma realidade credível, é claro que Paul Greengrass e os seus argumentistas fizeram um enorme trabalho de pesquisa, mas nem tudo o que vemos estará documentado, apenas chamadas telefónicas gravadas, apenas os contactos via rádio do avião e as autoridades, e possivelmente todo o clima que envolvia todas as infrastruturas da segurança americana, assim sendo algo terá sido acrescentado, algo terá sido acelerado e nunca se poderia querer recrear uma realidade de forma tão rígida sem qualquer tipo de certeza que tal tivera acontecido.

O momento escandalo acontece junto ao final, um dos passageiros reza, é claramente católico e do outro lado um dos terroristas reza, é claramente muçulmano, o que pode argumentar Greengrass em relação a isto? Foi isto que realmente aconteceu? Claro que não há registo de que o terrorista rezou, não há registo que o terrorista telefonou para casa. Foi este um dos poucos momentos que Greengrass tentou acrescentar algo ao seu exercício de estilo frio e rude, mas acabou por errar em todos os sentidos, se era ficcional é completamente incompreensível que as duas orações sejam filmadas de igual maneira, ou não se tratasse de uma oração para viver e ser salvo e outra oração unicamente para matar. Terá sido uma questão ética de não querer tomar partidos ou não assumir claramente um ponto de vista, mas essa insegurança funciona de forma insultuosa para todos aqueles passageiros que rezavam para viver e são colocados ao mesmo nível de quem rezava para matar. É claro que tal acontecimento só ocorreu por questões religiosas e até seria um ponto interessante a explorar, mas não teria toda a lógica assumir claramente um ponto de vista? O que ali interessava eram aquelas pessoas que lutavam e rezavam pelas suas vidas, e isso é o que menos atenção nos merece, é preferível andar às voltas e reviravoltas com torres de control aéreo e a segurança nacional, do que olhar para dentro de cada uma das personagens, é preferível perder tempo na dúvida e na espera do terrorista para encontrar o melhor tempo de ataque, do que realmente olhar as personagens nos olhos e prestar-lhes a merecida homenagem. Para quem vê todos os rostos que percorrem o ecran, aquele que mais facilmente se lembrará é do líder dos terroristas.

É revoltante olhar para a ineficácia narrativa e emocional, é incompreensível a ausencia de um ponto de vista eficaz para documentar o indocumentável e é aborrecido pensar que o que Greengrass comentava como sendo um olhar sobre a sobrevivência, não passa de uma abordagem pseudo ficcional e mais documental em que por momentos só falta os comentários dos familiares ou de membros do governo.
Não há nada para além de todas as informações que nos foram dadas por qualquer canal televisivo e por incrível que pareça, são as imagens da BBC que têm maior impacto no filme de Greengrass. Isto não é o 11 de Setembro, é uma visão simplista e incrivelmente fria, para quem não se lembre a arte ainda funciona como explosão de ideias e manifestação social, o 11 de Setembro não merece obras de braços cruzados.


NeTo – 2/10

13 Comments:

At 9:45 da tarde, Blogger not_alone said...

Hum, procuravas um filme com um ponto de vista... mas porque raio é que isto tinha de ter um ponto de vista? É, tal como repetes incessantemente, quase documental, e é apenas isso que pretende ser. Não pretende ser um filme para as massas irem ao cinema comer pipocas. É um filme para que aquelas pessoas sejam recordadas, para inspirar outros. Para que a história não se perca só nos livros.
"O que ali interessava eram aquelas pessoas que lutavam e rezavam pelas suas vidas, e isso é o que menos atenção nos merece, é preferível andar às voltas e reviravoltas com torres de control aéreo e a segurança nacional, do que olhar para dentro de cada uma das personagens, é preferível perder tempo na dúvida e na espera do terrorista para encontrar o melhor tempo de ataque, do que realmente olhar as personagens nos olhos e prestar-lhes a merecida homenagem."

De que forma invadir aqueles personagens seria uma homenagem? Só porque morreram merecem mais atenção do que aqueles que, seja nas torres de controlo ou em qualquer outro posto, também lutaram para os salvar naquele dia?

Se o que procuravas era um festival de patriotismo, de vilões esteriotipados e desumanos e vítimas heróicas, que morreram pelo país com um grito de guerra no final... compreendo que tenhas saído desiludido.

Cumprimentos.

 
At 9:59 da tarde, Blogger MPB said...

Not_alone... a questão é complicada, é quase documental mas para o ser há que ter um ponto de vista como em tudo principalmente neste registo despropositado que Greengrass encontrou.
E outro aspecto tem abordagem documental mas apenas isso, não tem mais nada, só estilo o resto é vazio, foram aquelas pessoas que morreram naqueles acidente? Possivelmente não! Foi só isto que se passou? Possivelmente não. Patriotismo existe e muito... desde o god bless América até ao final que limpa a imagem do estado americano. Claro que compreendo a atenção dada as unidades de trafego aereo, mas é suposto ser uma dramatização, não algo vazio e já de domínio comum, para isso fazia-se um documentário e não uma obra supostamente ficcional. E parecendo que não estamos diante de um filme para vender pipocas tem uma máscara e aproveita-se dela, o tema por si só leva as pessoas ao cinema, há novidades, tanta pesquisa feita para quê? Para fazer algo tão simplista como uma notícia da grande BBC? Não queria heróis queria respeito, queria um olhar sincero e não um formalismo e um estilo unicamente para parecer documental e para vender pipocas. Queria a verdade e não a senti, senti um vazio. O Patriotismo e mortes heróicas estão lá qual só quem não quer não as vê, mas foi só isto? o que encontraram para fazer um filme de "ficção foi só isto"? então digo que ficassem pelo docu-drama... mas é verdade isso talvez não desse tanto dinheiro.

Cumps

P.S. - O ponto de vista é o mais importante num documentário.

 
At 10:18 da tarde, Blogger Jojo said...

Há coisas que sinceramente não entendo.. fazer um filme sobre a segunda guerra mundial em que se pene os campos de concentração durante 2 horas não é um festival de lamurices mas falar sobre o 11 de setembro de uma forma crua e ridicula na minha opiniao já é um festival de patriotismo.
este filme enoja-me, enoja-me porque é completamente amoral. No dia 11 de setembro de 2001 estava em casa, depois de 2 horas em frente ao televisor, levantei -me fui ter a virgem maria que a minha mae para acender uma vela quando faço exames e acendi uma vela. foi isto. é o sentimento. é a revolta. eu vivi isto. se eu arrepio-me e choro a ver as atrocidades que se passaram na segunda guerra mundial , na inquisição, na escravatura, como não hei de chorar de me enervar com algo que presenciei , que faz parte da minha história. vamos lá por os pontos nos is, a cena da oração é insultuosa. não sou catolica, mas isso nem sequer importa. è uma barbaridade , e é iinsultuoso que as pessoas familiares aos passageiros tenham que presenciar um momento em que o seu parente é comparado ao homem que não so o matou mas como pretendia matar a civilização ocidental toda. isto não é um registo documental, já que chegamos a ter mais pena dos terroristas do que das vitimas.

sempre fui daquelas que dizia que achava bem filmes sobre o 11 de setembro, porque o cinema é arte e a arte tem que testemunhar os horrores que o mundo vive. Uma especie de Guernica dizia eu. Pois sim. No dia em que este filme for sequer um desenho a carvão, ai deixarei de ter fé.

e so para terminar , estas pessoas são sim vitimas heroícas. Morreram por uma causa. Coisa muito maior do que alguma vez um de nos ira fazer. Passamos a vida a ter medo de assumir o que é correcto que deixamos nos levar na perversidade de achar que tudo tem desculpa, pois para mim isto nao tem.

 
At 10:52 da tarde, Blogger not_alone said...

Há sempre a teoria da conspiração que diz que o avião não foi salvo pelos passageiros, mas abatido pelos aviões militares americanos. Que a história foi contada desta forma porque servia melhor os interesses do estado e criava-se um grupo de heróis nacionais... será que foi assim? Ou será que foi como Paul Greengrass contou? Ou será que foi ainda de uma outra maneira? Parece-me que só quem lá estava saberá.

Por isso, há sempre um ponto de vista, quer nós concordemos com a forma como ele foi exposto ou não.

 
At 11:35 da tarde, Blogger MPB said...

A teoria de ter sido abatido pelos aviões foi deitada por terra à muito tempo e o filme faz questão de salientar isso. Claro que quem la estava é que sabe como foi, não concordo com o ponto de vista, porque não se assume, não se sabe qual é, se é documental entao é desonesto pois não tem meios para o fazer. Se é ficcional então é fraco narrativamente. Não percebo a necessidade e não percebo muitos dos comentários que se fazem que tentam separar o filme de uma realidade bem mais crua e negra que este exercício de estilo.

cumps

 
At 11:56 da tarde, Blogger MPB said...

Coloca-se lado a lado ELEPHANT de Gus van Sant e VOO93 de Paul Greengrass... e ta tudo explicado

 
At 3:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pensemos na obra maior de Oliver Stone – cujo próximo filme versará sobre o mesmo tema de Voo 93 – ou seja JFK: era o americano a deter-se sobre a monumental teia de conspirações que levaram ao assassinato de Kennedy, parte do filme eram factos, parte especulação.
Mas tudo no filme era subvertido por um ponto de vista, o de Stone, levado a um tal paroxismo, quase doentio, quase lúgubre, que mais não fazia do que reorganizar o caos do mundo e das duvidas segundo um cérebro e através do cinema, das formas…ideia cara a Godard ou a Hitchcock por exemplo.
Se tantas vezes o formalismo exuberante de Stone, os barulhos, a rapidez da câmara e da montagem favorecia a ideia “tanto barulho para nada”, nunca como nesta obra foi tão apropriada para a defesa de um ponto de vista, para a construção de uma forma.

E Claro, Van Sant, em Elephant obviamente, mas no resto da trilogia da morte, Gerry e Last Days.
Aqui tratava-se de atingir o âmago da situação através da ascese espiritual, de um envolvimento sussurrado, de um distanciamento poético em que a compactação do espaço e do tempo e a obliquidade narrativa serviam uma ideia de memória e de reconhecimento, precisamente distanciado.
Era a demarche, a “coisa” do cineasta de Kentucky.

Num caso como noutro, tratava-se de construções literais, autoristicas, mergulhos de cabeça rumo a uma reelaboração de uma suposta realidade que mais certeza menos certeza é sempre abstracção. O Tudo ou o nada.
Num caso como noutro os filmes não se esgotava na centralidade do tema, em todas essas obras tangentes outras eram constantemente recortadas ao centro do filme.
Podia-se divagar para além de um tema sem o risco do esvaziamento, antes pelo contrario…

Voo 93, nem carne nem peixe?

A propósito de Moore e dos seus “documentários” (as aspas…), Godard disse que nem Bush era tão estúpido, nem Moore tão bom cineasta…Greengrass?

José Miguel Oliveira

 
At 10:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Que se sinta algum desconforto provocado por alguma frustração encontrada talvez numa aparente ambiguidade documental/ficcional/poética da abordagem de Greengrass a este tema ainda tão vívido na memória, é compreensível. Mas numa escala de 0 a 10 atribuir um 2 a "United 93" parece não só uma clara arbitrariedade de valores, como também uma tremenda injustiça.

Em minha opinião, "United 93" não tem de se assumir como nada. Não tem de se preocupar em encaixar seja em que modelo for no que respeita à maneira como pretende fazer passar determinada mensagem. Saber ao certo o que se passou dentro daquele avião ninguém sabe, nem jamais saberá, e isto é algo de que todo o espectador tem consciência antes de entrar na sala de cinema. Logo, estar a argumentar contra determinados pormenores no decorrer da acção que podem não ter acontecido parece-me tempo perdido, ainda que a estes se ache que o realizador tenha dado um enquadramento duvidoso (ideia que não partilho).

Em minha opinião, Greengrass conseguiu aqui um filme de mérito. Consegue uma extraordinária visão humana quer das vítimas, quer, sobretudo, dos assassinos, o que, para um filme americano acerca de um tema tão sensível, é algo de imediatamente admirável. Igualmente de admirar é a forma como usa actores pouco ou nada conhecidos, onde ninguém se destaca, para conseguir uma película que está a milhas de distância de uma sobredosagem patriótica, bem como de uma demonização do inimigo.

E se ninguém possui uma ideia clara do desenrolar dos acontecimentos dentro daquele avião, muito menos clareza alguém pode ter na avaliação das intenções com que uma pessoa reza ou deixa de rezar. Até porque não interessa se realmente alguém rezou ou não, nem com que intenção o fez, mas que tipo de mensagem é que se quer decalcar dessa imagem.

Pode não ser o filme da década, mas, francamente, não acho que seja assim tão mau. Isto aliado ao facto de nesta mesma página se encontrar uma avaliação com um valor máximo dado a "Miami Vice" (que gostei gostei bastante, embora ache que esteja longe de um "flawless 10 em 10") faz ressaltar alguma arbitrariedade na escala utilizada.

Mas, naturalmente, cada um tem a sua opinião.

Bons filmes e muitos parabéns pelo blog

 
At 4:26 da tarde, Blogger MPB said...

Olá Nuno, vamos por pontos:

"Mas numa escala de 0 a 10 atribuir um 2 a "United 93" parece não só uma clara arbitrariedade de valores, como também uma tremenda injustiça."

- Ora a arbitrariedade só existe porque a minha opinião é discordante com a tua, não se trata de justiça ou injustiça, trata-se da minha manifestação de desagrado para com um filme ainda mais para com uma manifestação artística e não é por Roger Ebert achar o filme fantástico, ou pelo OscarWatching achar que é um dos candidatos a melhor filme, que vou alterar os meus critérios e aquilo que procuro no cinema como forma de arte e consequentemente de entretenimento e/ou intervenção social. E o que é certo é que a arbitrariedade existe em muitos comentários que se fazem ao filme, um dos quais numa revista, que possivelmente irei comentar, penso que o facto de "retratar" o 11 de Setembro é unicamente isso, tira-se o 11 de Setembro e fica...nada, é o meu ponto de vista, é a mesma coisa que um filme de qualidade semelhante e muito duvidosa (mais uma vez), "Código DaVinci", o que acrescenta o filme ao livro... o que acrescenta VOO93 ao 11 de Setembro, nada o 11 de Setembro acrescenta é dinheiro a Hollywood.

"Igualmente de admirar é a forma como usa actores pouco ou nada conhecidos, onde ninguém se destaca, para conseguir uma película que está a milhas de distância de uma sobredosagem patriótica, bem como de uma demonização do inimigo."

- Algo arbitrário tenho reparado que é o uso do termo "patriotismo", desde quando no cinema o patriotismo é algo negativo? Será o patriotismo negativo? Serão que as motivações pessoais e o patriotismo não podem andar de mãos dadas? Isso é rejeitar muitos nomes do cinema, o patriotismo acompanhou grandes nomes do cinema e grandes filmes, irá questionar o valor da filmografia de Eisenstein ou Lang? Lembre-se que patriotismo não é so o lado positivo duma nação, é observar a sua nação. Spike Lee é um patriota? Claro que o é e isso não faz com que o Patriotismo seja algo negativo.... e é verdade para sermos coerentes, não vamos falar do Patriotismo de Michael Bay que não cabe aqui.

"E se ninguém possui uma ideia clara do desenrolar dos acontecimentos dentro daquele avião, muito menos clareza alguém pode ter na avaliação das intenções com que uma pessoa reza ou deixa de rezar. Até porque não interessa se realmente alguém rezou ou não, nem com que intenção o fez, mas que tipo de mensagem é que se quer decalcar dessa imagem."

- Porque não poderemos nós "ter uma avaliação" sobre algo, quer seja pessoal quer meramente filosófico? Ok isto parece querer justificar algo injustificável de sua parte, apartir de agora ninguém terá opinião, nem julgará atitudes. Incomoda-me a forma para demonstrar que estamos perante um conflito religioso, parece-me algo "melodramática" com tudo de mau que pode ter, para além de que a acho estupida e insultuosa.

"Pode não ser o filme da década, mas, francamente, não acho que seja assim tão mau. Isto aliado ao facto de nesta mesma página se encontrar uma avaliação com um valor máximo dado a "Miami Vice" (que gostei gostei bastante, embora ache que esteja longe de um "flawless 10 em 10") faz ressaltar alguma arbitrariedade na escala utilizada.

Mas, naturalmente, cada um tem a sua opinião."

Há coisas que realmente não compreendo, se cada um tem a sua opinião, porque coloca em causa a minha opinião em relação a MIAMI VICE e VOO93? E parece-me que haja alguma arbitrariedade no uso da palavra arbitrariedade.

Cumps


P.S. - Penso que o meu comentário tem sido mal interpretado, não escrevo aqui nenhuma verdade absoluta, escrevo uma opinião, de resto parece-me que não passa nada mais de uma mera arbitrariedade, até parece que sou o unico a achar isto do filme.... mas pronto, se calhar ta na altura de escrever sobre o CODIGO DA VINCI.

 
At 9:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Talvez não me tenha feito entender como queria.

Naturalmente que tinha de finalizar a minha crítica à tua crítica com a referência à imperiosa liberdade de opinião que caracteriza afinal este espaço, o que não quer dizer que não sinta que a posso colocar em causa, do meu ponto de vista, e só em relação a ele, evidentemente. Tu expressaste uma opinião, e eu uma opinião sobre a tua opinião, mais nada.

Mas eu não podia ser mais a favor de uma análise/abordagem filosófica (logo eu, que ando por essas lides)! Para mim o facto de ambas as partes rezarem ao "seu" Deus, quem sabe em busca de coragem, quem sabe em busca de perdão, mesmo no lado terrorista (não esquecer as várias hesitações em perpretar os actos, sobretudo por parte do "cabecilha", a par do nervosismo atarantado de todo o "grupo"), é também uma forma notavelmente equilibrada de mostrar a força, plenamente humana, com todas as suas misérias e qualidades, da motivação de ambas as partes. Também acho que não vale a pena discorrer sobre se as hesitações existiram realmente ou não, mas o que se quis mostrar com elas. A ideia de conflito religioso acho um pouco mais geral, mas é sem dúvida disso que se trata.

Colocar no mesmo patamar a qualidade desta película, e a do "Código" (apesar de em relação a este estar de acordo), também me parece sem sentido, mas cada um com a sua opinião naturalmente. Exactamente por não estares a proclamar uma verdade absoluta (e nem eu) é que sou da opinião de que de um diálogo entre várias opiniões só pode brotar uma consciência mais rica do tema em análise. E um diálogo é isto mesmo, pôr em causa as opiniões alheias, salvaguardando o seu valor.

Espero que estejamos a trocar galhardetes ao invés de espadeiradas :)

Cumprimentos,

 
At 4:00 da tarde, Blogger brain-mixer said...

Do meu "ponto de vista", este United 93 não passa de FICÇÃO. Meia-ficção, para ser mais correcto. É que se tudo o que se passa fora do avião está obviamente testemunhado e credibilizado, o que se passou dentro do avião foi dramatizado, imaginado e recriado de modo a fazer com que os passageiros fossem heróis. A bem da Nação Americana. O facto, a realidade cruel e e verídica é que aqueles passageiros morreram.

 
At 9:07 da tarde, Blogger MPB said...

Nuno: estamos a trocar opiniões e nada mais, apenas me pareceu que se estava a colocar em causa a minha opinião e classificação. Mas a minha opinião sobre este filme irá manter-se e ainda esta semana após muitos documentários vistos digo que VOO93 nada acrescenta ao 11 de Setembro. E agora com Bandas Desenhadas que vão sendo lançadas sobre o 9-11, leva-me a crer que os estados unidos estão a brincar com tudo isto e encontraram agora um belo negócio.

Brain-mixer: É verdade que pessoas morreram, agora tudo isto me pareceu tão leve tão suave que a homenagem que o filme deveria ser, no meu ponto de vista, não chega a uma vela acesa por mim em minha casa.

Cumps

 
At 9:02 da tarde, Blogger Luísa said...

Bem, não sou tão eloquente como a maioria das pessoas que escrevem, mas acho que posso escrever. Também achei o filme completamente insípido; como registo documental não tem grande interesse, porque realmente ninguem pode saber o que se passou; como ficção também não tem grande interesse, as personagens não são desenvolvidas, e como ne-to disse, o realizador não toma nenhum ponto de vista. Também não acho que um filme tenha que se assumir, nem gosto de dizer que um filme devia ser antes assim ou assado. Se eassim fosse, seria outro filme... o filme é o que é e portanto há que apreciar o filme em si. E neste caso, este não me disse nada e também não me entreteu...

 

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