sexta-feira, março 03, 2006

26º Fantasporto

“Coisa Ruim” de Tiago Guedes e Frederico Serra

Filme de Abertura da Secção Oficial do Fantasporto, “Coisa Ruim” conta com uma forte e interessante campanha de publicidade, para além do argumento escrito por um jornalista conhecido um pouco por todos, Rodrigo Guedes de Carvalho.

Mas apesar do nome e da figura por detrás do argumento, a verdade é que será o problema maior, é verdade que estamos perante uma obra nada típica no cinema português, não será todos os dias que temos perante nós uma argumento que explore o mundo sobrenatural com pequenos toques de terror junto com drama familiar e uma clara avaliação e diferenciação de valores sociais, mas as personagens e o excessivo recurso a falsas pistas acabam por tornar “Coisa Ruim” uma obra desiquilibrada.

Ao olhar para cada uma das personagens temos a leve sensação que não passam de corpos falantes, personagens que apenas existem da boca para fora, só corpo e pouco espírito e sendo este um filme em que o sobrenatural em que os medos e os confrontos deveriam ter maior preponderância, por momentos os excessivos detalhes falados para além de quebrar o ritmo sinistro, tornam acções em algo inverossímil. Se é verdade que o filme vive do ritmo e do suspense, claramente existia a necessidade de levar o público a acreditar em algo que não seria verdade, mas tais pistas não podem ser deixadas ao acaso e acabarem perdidas no passado e muito fica a pairar durante toda a narrativa.

O grande mérito irá na exploração do ritmo, não será um filme de montagem vertiginosa e por ventura existiram muitas vozes que dirão algo que me irrita profundamente, “a realização é o normal do cinema português... muito parada”, mas a verdade é que o ritmo existe e a espaços é explorado de forma sublime com recurso a imagen de forte impacto, típicas de quem domina a linguagem e imagem publicitária. Embora com todos os meios que tinham à disposição muito melhor seria possível alcançar.

O mais interessante será mesmo o confronto entre a ciência e o “metafísico”, ou seja o confronto entre cidade e mundo rural. Não será de todo estranho afirmar que a chegada de alguém que viva numa cidade a uma pequena aldeia seja vista de forma ameaçadora da vida pacata e tranquila, por quem habita a aldeia, e assim começa “Coisa Ruim”, uma família da cidade “invade” a calma vida de uma aldeia do interior provocando uma série de acontecimentos estranhos que terá como origem a casa que habitam, apartir daqui é a descoberta dos segredos e claro o florescer dos medos.

“Coisa Ruim” não é uma obra imaculada, mas é sem qualquer tipo de dúvida uma abordagem interessante, a espaços competente de um género nada habitual no panorama do cinema português, assim e sem grandes euforias poderemos dizer que o cinema português já passou momentos bem piores, embora muita coisa ainda esteja por fazer por exemplo a nível da escrita e da interpretação, e “coisa Ruim” sofre desse problema e tal como o a narrativa vive do confronto e desiquilíbrio de duas partes distintas, a escrita e as personagens (muito ligadas entre elas) e do outro lado as questões técnicas.

5/10

4 Comments:

At 11:22 da manhã, Blogger susana said...

Ganhou!!!!Afinal as minhas previsões forem além das minhas espectativas!!!Nunca pensei que o Colisão sobrevivesse aos outros filmes candidatos, apesar do meu preferido ser este!!!Para quem não percebe muito de cinema como eu (na opinião de alguns), ainda tenho bons instintos nos gostos e nas escolhas!!!
Estou muito feliz com esta vitória!!!Beberei à sua saúde!!

 
At 11:47 da tarde, Blogger susana said...

obrigada pelo comentario!!Eu nao condeno brokeblack moutain pelas tendencias gays, aliás eu ainda nem o vi!!Nunca condenaria um filme pelo assunto tratado, só mesmo pela má qualidade!!
Fim das represálias???

 
At 8:54 da manhã, Blogger brain-mixer said...

Bem, eu vou comentar o filme: Coisa ruim... Cada macaco no seu galho.

Eu nem desgostei do filme, apesar de achar que podiam ter tido mais "tomates", à falta de melhor expressão. Sim, eu sei que eles disseram que não era para provocar sustos, mas sim abrir os olhos ao medo. Mas se tivesse um clímax poderoso e uma conclusão mais explícita, poderia resultar melhor.

Mas resumindo, o cinema português deu definitivamente um passo em frente. Estão no bom caminho!

 
At 8:54 da tarde, Blogger susana said...

Fui ver ontem à noite este filme!!Gostei!!No ínicio pensei que tinha perdido o meu tempo, mas depois cheguei à conclusão que tinha valido a pena!!O problema dos filmes portugueses é sempre o mesmo,a acção é lenta demais, ao contrário dos americanos que são mais do género nonstop,exagerando também, mas num sentido inverso!!Adorei os cenários,os actores também estavam bem, o argumento era muito bom!!Dei 4 estrelas, mais um bocadinho que aqui!!!Mereceram pelo esforço!!

 

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