terça-feira, março 07, 2006

And the OSCAR goes to:







Melhor filme
Crash - no limite
O segredo de Brokeback Mountain
Capote
Munique
Boa noite, e boa sorte


Realização
Ang Lee - O segredo de Brokeback Mountain

George Clooney - Boa noite, e boa sorte
Paul Haggis - Crash
Bennett Miller - Capote
Steven Spielberg - Munique


Melhor actor
Philip Seymour Hoffman - Capote

Terence Howard - Hustle & Flow
Heath Ledger - O segredo de Brokeback Mountain
Joaquin Phoenix - Johnny e June
David Strathairn - Boa noite, e boa sorte


Melhor actriz
Reese Witherspoon - Walk The Line
Judi Dench - Sra. Henderson Apresenta
Felicity Huffman - Transamerica
Keira Knightley - Orgulho e Preconceito
Charlize Theron - Terra Fria


Melhor actor secundário
George Clooney - Syriana
Matt Dillon - Crash
Paul Giamatti - Cinderella Man
Jake Gyllenhaal - O segredo de Brokeback Mountain
William Hurt - History of Violence


Melhor actriz secundária
Rachel Weisz - O fiel jardineiro
Amy Adams - Junebug
Catherine Keener - Capote
Frances McDormand - Terra fria
Michelle Williams - O segredo de Brokeback Mountain


Argumento original
Crash
Boa noite, e boa sorte
Match point
The Squid and the Whale
Syriana


Argumento adaptado
O segredo de Brokeback Mountain

History of Violence
O fiel jardineiro
Capote
Munique


Melhor Animação
Wallace & Gromit
A noiva cadáver
O castelo andante


Filme estrangeiro
Tsotsi (África do Sul)
Paradise Now (Palestina)
Don't Tell (Itália)
Feliz Natal (França)
Uma mulher contra Hitler (Alemanha)


Direção artística
Memórias de uma gueixa
Boa noite, e boa sorte
King Kong
Harry Potter e o cálice de fogo
Orgulho e Preconceito


Fotografia
Memórias de uma gueixa
Batman begins
Boa noite, e boa sorte
O segredo de Brokeback Mountain
O novo mundo


Guarda Roupa
Memórias de uma gueixa
A fantástica fábrica de Chocolate
Sra. Henderson Apresenta
Orgulho e Preconceito
Walk the Line


Melhor Documentário
A marcha dos Pingüins
Darwin´s Nightmare
Enron: The smartest guys in the Room
Murderball
Street Fight


Melhor documentário curta-metragem
A note of triumph: The golden age of Norman Corwin
The death of Kevin Carter: Casualty of th Bang Bang Club
God sleeps in Rwanda
The Mushroom Club


Montagem
Crash
Walk the Line
Munique
Cinderella Man
O Fiel Jardineiro


Maquiagem
As crônicas de Nárnia

Star Wars: Episódio III
A luta pela esperança


Banda sonora
O segredo de Brokeback Mountain

O Fiel Jardineiro
Memórias de uma gueixa
Munique
Orgulho e Preconceito


Canção
"It's Hard Out Here for a Pimp" - Hustle & Flow
"In the Deep" - Crash
"Travelin' Thru" - Transamerica


Edição de som
King Kong
Memórias de uma gueixa
Guerra dos mundos


Mistura de som
King Kong
Memórias de uma gueixa
Guerra dos mundos
Walk the Line
As crônicas de Nárnia


Efeitos visuais
King Kong
Guerra dos mundos
As crônicas de Nárnia


Curta de animação
The moon and the son: an imagined conversation
Badgered
The mysterious geographic explorations of Jasper Morello
9
One man band


Curta-metragem
Six Shooter
Ausrersser (The Runaway)
Cashback
The last farm
Our time is up


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E chega ao fim a 78ª Cerimónia da entrega dos Oscars da Academia Americana de Cinema e as surpresas não são muitas, não há verdadeiros derrotados e não existem verdadeiros vencedores.
Jon Stewart foi um anfitrião de qualidade, polémico e caustico, mas com todas as suas deixas e gags a funcionarem na perfeição, desde a que envolve Dick Chenney e o possivel disparo sobre Bjork enquanto esta se vestia para a Gala, até ao facto da fantástica e pertinente associação entre Martin Scorsese e os seus zero oscars, e a o grupo rap, Three 6 Mafia (Hustle & Flow) ter ontem conquistado um oscar.

E terá sido essa a real surpresa da noite, ninguém estaria à espera que a música “It´s Hard Out There for A Pimp” fosse o vencedor da noite, num grupo de temas bem fraco, onde apenas “In The Deep” do filme «Crash» se poderia considerar digna de ali se encontrar.

De resto o que já era de prever mas que muitos não queria ou fingiam não acreditar, ou seja, o conservadorismo da academia e de toda a cultura americana acabou por conquistar.

Vejamos o seguinte ponto, não será de todo errado dizer que toda a cerimónia ficou decidida logo na entrega da primeira estatueta, ao melhor actor secundário, em que George Cloney subiu ao palco afirmando que já não ganharia melhor realizador. E é verdade que apartir deste momento tudo apontava que “Good Night and Good Luck” iria sair de mãos vazias, ou apenas com Melhor Fotografia, mas nem isso.
Apartir daqui foi esperar pelo que já era previsto, tanto “Crash” como “Brockeback Mountain”, dominaram as categorias de argumento, e “Crash” venceu o importante prémio de melhor Montagem, enquanto que “Brokeback Mountain” se contentava apenas com Melhor Banda Sonora, e eis que chegavam as duas Estatuetas finais, melhor realizador e melhor filme. Estando George Clonney afastado, Ang Lee era o vencedor como realizador do ano, merecido tenho que acrescentar, e começava a ser mais que visível que melhor realizador não era sinónimo de melhor filme, pois Melhor Argumento Original e Melhor Montagem eram duas estatuetas muito fortes e que levavam “Crash” um pouco acima, e eis que Jack Nicholson chega com um sorriso de quem já previa a surpresa e “Crash” era consagrado como filme do ano.


Em relação as categorias de interpretação não há nada a dizer, era mais que previsível, também não é o meu género apontar derrotados, George Clooney é um vencedor por todas as razões, e Steven Spielberg com toda a sua carreira pode sair de cabeça erguida em qualquer situação e ninguém poderá afirmar que ele é o derrotado.

Mas o mais interessante desta cerimónia acaba por ser, mais que os prémios, toda a cnjuntura que envolveu as nomeações. Qualquer dos filmes nomeados, tal como realizadores e argumentos, eram filmes “anti-hollywood”, isto porque eram filmes de baixo orçamento tendo em quanta as fortunas gastas na produção em Hollywood, ou até o que ganham alguns actores por filme refira-se.
Assim este poderá ser um ano de reflecção, afinal há publico para todo o tipo de cinema, e fazendo mais barato a hipótese de lucro aumentará, veja-se pra isso também o caso da Melhor Animação, os três nomeados eram animação “tradicional”, desenho e stop motion, nenhum dos grandes estudios americanos conseguiu introduzir nenhum das suas “mega produções” digitais. Fica então o espaço de reflecção sobre que caminhos o cinema pode percorrer e que afinal ninguém sabe o que o público quer, nem o que o cinema realmente será amanha.

Outra marca desta Cerimónia, foi a previsível vitória do conservadorismo inerente à Academia e a toda a cultura americana, «Crash» é um grande filme, uma obra exemplar, mas dos nomeados seria o mais conservador, e até porque tudo vinha apontando “Brokeback Mountain” como vencedor e o filme de Ang Lee é superior a “Crash”, pelo facto de remar contra uma cultura e tentar modificá-la de forma sensível e poética, o que torna “Brokeback Mountain” numa obra prima absoluta. Mas Ang Lee abordou o amor com o ponto de vista não unicamente da heterossexualidade, mas também da homosexualidade, e isso os tradicionalistas não perdoaram, pois seria impensável premiar um filme em que o durões cowboys eram sensíveis e movidos por um amor “proibido” (pelo menos para os menbros da academia e muitas outras pessoas).

Conservadorismo pelo facto de também não deixarem os filmes de baixo orçamento dominarem a cerimónia, tanto “Crash” como “Brokeback Mountain” poderiam e deveriam sair da Cerimónia, com mais uma estatueta cada um, “Crash” por melhor música e “Brokeback Mountain” por melhor fotografia, mas a academia preferiu manter a igualdade pelos seus “blockbusters” mais ou menos falhados “Memórias de uma Gueixa” e “King Kong” (também podemos ver como mero golpe publicitário e de relançamento para novos lucros) com os filmes de Paul Haggis e Ang Lee, não deixando assim marcar uma distanciação entre os filmes independentes e os filmes de produção de grandes estúdios.

Sem me querer alongar demais, fica apenas a referencia que inguém foi um claro vencedor ou claro vencido, Ang Lee e Haggis são vencedores pelo trabalho desenvolvido com visões distintas do mundo, assim como e de forma igual Cloney e Spielberg são vencedores.
Mas quem acaba por sair levemente prejudicado é o cinema independente e a Academia Americana no seu interior deve largar largos e negreo sorrisos de vitória, por silenciosamente ter calado e acalmado todo o cinema “maverick” deste ano em deterimento da afirmação cada vez mais comercial do cinema.

Os Oscars são uma grande festa para quem lá está, uns optimos prémios para alguns, mas para quem assiste é apenas um belo exercício mental de descoberta das mentalidades de parte da cultura americana em que George Bush impera em silêncio.

Uma ultima palavra para o Oscar honorário a um maverick do cinema que já deveria ter vencido, mas que por muitas razões acabou enterrado e abafado por uma industria parcial, que só agora quando Robert Altman já está num estado de saude debil é que se lembram dos grandes feitos deste grande realizador.

5 Comments:

At 1:16 da manhã, Blogger susana said...

Terei de ver o filme do Ang lee, para poder comparar com o Crash e poder dizer se realmente houve descriminação ou conservadorismo!!Também dizermos que foi por isso.....a academia já tem vetado grandes filmes que nada tem a ver com homossexualidade!!Mas acredito que o filme seja bom!! Também gostei que wallace e gromit ganhasse!!acho que mereceu pelo esforço de um trabalho que durou 5 anos!!

 
At 3:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Yup, a Academia continua igual a si mesma...infelizmente :|.

Abraço!

 
At 10:51 da tarde, Anonymous Anónimo said...

sinceramente nao gosto quando reduzem brokeback mountain ao estereotipo de filme gay. começa me a irritar porque nao é um filme sobre gays. nao existe no filme todo uma referencia clara ao preconceito nem uma clara mensagem social, o filme é uma metafora sobre o amor, a sua grandeza e a profundidade deste.
a verdade é que adoro crash, adorei quando o vi, gosto pela maneira como é subtil e nada "clichezado" e como está magnificamente escrito , no entanto é a sua clara função social, porque existe nele uma mensagem clara que nos querem fazer passar, que o " diminui" na minha opiniao em relação a brokeback mountain e nesse sentido é mais um filme de guerrilha que um filme cinematografico no sentido mais artistico da palavra. nao considero que foi mal entregue o oscar, so queria que ang lee agradecesse em chines mais uma vez ;) quanto ao pior foi mesmo o oscar de melhor canção ( patetitco, até dolly parton merecia mais que eles, daqui a uns anos ainda vemos os il divo a ganhar um oscar...) o ridiculo oscar de fotografia e a hipocrisia do oscar honorario a robert altman ( daqui a uns anos é o scorsese...)
o melhor: jon stewart, o discurso de george clooney, ben stiller e... jon stewart :D

 
At 11:23 da tarde, Blogger Francisco Mendes said...

Valeu apenas por Jon Stewart, com sutis piadas sobre a própria Academia. Só uma ressalva. Muitos apelam à injustiça do Oscar de melhor animação. Também preferia "Corpse Bride", mas o trabalho de Nick Park e companhia é igualmente genial. Não é trabalho de amadores, é um trabalho de dedicação de uma companhia que arrebatou o mundo com as suas curtas e só não ganhou há uns anos o Oscar com "Chicken Run", porque ainda não havia o Oscar de melhor Animação.

 
At 8:57 da manhã, Blogger brain-mixer said...

Eu até achei que houve algumas justiças nessa noite. O Crash mereceu definitivamente mais do que aqueles dois cowboys...

 

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