quarta-feira, outubro 04, 2006

“Little Miss Sunshine de Jonathan Dayton & Valerie Faris

Uns grande olhos azuis enchem a tela, os olhos aquilo que dizemos ser o espelho da alma. Nos grandes óculos em fente ao olhos da doce menina, são reflectidas as imagens da televisão, um concurso de Miss que a menina analisa aprofundadamente. Assim não é apenas um reflexo, é uma projecção da alma, um sonho que pretende cumprir e que giará a sua família numa união de esforços para a concretização final de um sonho, tudo revelado de forma simplista, assim como será todo o filme. Mas vejamos simplista como aparência, mas denso e extravagante no interior.

Estreado em Sundance, “berço real” do cinema independente americano, tembé o independente poderia ser colocado entre aspas, já que “independente”, embora não seja um género de cinema como muitas vezes se diz, é uma questão de estilo e também não é literalmente independente, é o que é, cinema, e muitas vezes do melhor que a América nos oferece.

Mas voltando ao nucleo do filme, o que temos nós a final, uma comédia recheada de cinismo, um olhar funcional sobre uma família disfuncional, um road-movie re-inventado, uma viagem de descoberta, um dogma entre perdedores e vencedores, resumindo e talvez de forma simplista, uma viagem de diferenças que nos reune numa igualdadade.

Simplista será falar das personagens, possivelmente a mais brilhante construção de personagens do ano, cada uma com os seus defeitos e com muitas poucas virtudes aparente, mas é a parte que faz o todo e nem sempre tudo é mau como parece. Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carell, Abigail Breslin, Paul Dano, Alan Arkin, são os actors que dão vida às personagens, dificilmente se destecará algum, será mesmo injusto destacar algum, será mesmo difícil nos próximos tempos afastar o nome das personagens, e sim é verdade Steve Carrel não é o “Virgem de 40 anos”.

Para terminar, para não quebrar a magia daqueles que pretendem ver o filme na “big dark room”, resta-me dizer que estamos perante um dos filmes mais interessantes do ano, um filme divertido, mas contido, amargorado mas com esperança, ingénuo mas complexo e acima de tudo infantil mas com muito de adulto.

Little Miss Sunshine” é o nome que passará meio perdido pelas salas portuguesas sem que mereça tal coisa, assim como não merece o título em português, mas isto é apenas um desabafo.

NeTo – 9/10

6 Comments:

At 9:06 da tarde, Blogger C. said...

O título português é uma aberração! Já destaquei este filme há uns tempos no meu blog e faço questão de o ir ver.

 
At 2:14 da manhã, Blogger MPB said...

Graças a Deus é so mesmo o título, o resto é uma maravilha.

cumps

 
At 2:08 da manhã, Blogger Hugo said...

Só o consegui ver hoje. Mas que grande filme!

 
At 10:51 da manhã, Blogger Carlos M. Reis said...

Fala-se muito no título mas não vejo outra opção. Ou se deixava o original, ou não vejo uma tradução que não passasse por estes caminhos. Alguem se lembra de alguma?

Quanto ao filme, fantástico, perto da perfeição. Uma reinvenção do género familiar.

Um abraço!

 
At 8:49 da tarde, Blogger MPB said...

Knoxville: Eu era a favor de deixar o título original. Quanto mais compreendia PEQUENA MISS SUNSHINE embora não fosse apelativo. O título em português até se adequa, não digo que não, mas é ridiculo de mais para o filme que é. Talvez o problema não seja o título é mesmo o grande filme por detras dele.

Cumps

 
At 5:33 da tarde, Blogger David Santos said...

é uma familia americana concerteza...é uma familia americana concerteza....

É bom...mas fica-se pela rama.

 

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