"A sala de Cinema como Café sem mesas...."
É certo que o mercado fala mais alto, mas há comportamentos e atitudes que não se deviam tomar numa sala de cinema. Ou pelo menos eu até ontem julgava que não se poderiam ter.
Ontem fui ver "Maria Antonieta" de Sophia Coppola, não fui ver um blockbuster ou algo do género "Crank". Um quarto da sala cheia, num desses multiplex que invadem os arredores da cidade do Porto.
Aceito que se vendam pipocas e se comam as mesmas, mas sem fazer barulho ou cuspir o milho. Não foi esse o caso, antes todas as pessoas tivessem os carríssimos pacotes de pipocas nas mãos.
3 cadeiras ao meu lado estava sentado um "senhor", já com idade para controlar os seus instintos, que a cada acorde musical resolvia bater o pé no compasso ou fora dele, o que interessava era bater o pé. À minha frente um par de pessoas que aproveitaram o filme para pôr a conversa em dia e que freneticamente apontavam para o ecran como se pela primeira vez estivessem a ver um filme. Atrás de mim outras personagens deste mundo falava e uma voz pertinente lá ia perguntando "O que é aquilo?". Esfrega os olhos e pode ser que resulte. Pela sala 3 toque de telemóvel, um dos quais foi atendido, pela companhia do senhor "maestro", ele batia o pé e ela falava ao telemóvel.
Sim as salas são optimas, muito confortáveis e equipamento de som do melhor, projecção riscada, mas pronto. São possivelmente as mais confortaveis junto à cidade, embora eu cada vez mais diga que prefiro o ambiente de uma sala da Medeia no Cidade do Porto, ao conforto e pipocas e barulhos dos multiplex.
Onde está a magia da sala de cinema, onde está o respeito pelo trabalho dos outros, onde está o respeito pelo conforto dos outros? Ontem vi uma sala de cinema como um qualquer café, já se come (pipocas, cachorros, etc), já se bebe (cerveja, coca-cola, etc), já se bate o pé ao ouvir as muscicas que acompanham o filme projectado na "grande televisão", já se fala à vontade, já se atende o telemóvel.... já so falta o garçon e um cigarrinho para acalmar.
Ah! E quanto ao filme, que é o mais importante, fiquei satisfeito com Sophia Coppola.
4 Comments:
Eu diria que estiveste num filme de terror sem o saberes. Bolas! Eu sou daqueles que ritualizam a ida ao Cinema, por isso coisas dessas deixam-me com comichão... o pior, é que manifestações dessas são o sinónimo do primarismo -perdoe-se-me a sobranceria- que vai grassando. Já não há lugar para o outro. Apenas para o Eu.
Estavas mesmo num cinema? Se calhar entraste num mundo paralelo sem te dares conta...
Sem brincadeira, concordo com o Hugo!
Bom dia,
gostávamos de anunciar no vosso blog o Workshop de Vídeo ministrado pelo realizador Edgar Pêra, que acontecerá durante o Festival de Cinema Ibérico Hola Lisboa, de 16 a 20 de Novembro de 2006. Dois alunos do workshop serão premiados com bolsas de formação com a duração de seis meses, na ESCAC, em Barcelona. Inscrições abertas. Mais info: www.holalisboa.com
Ir a uma sala de cinema está cada vez mais próximo do masoquismo( e isto também já é válido para as ditas salas alternativas).Ou alguma coisa muda, ou daqui a alguns anos ir ao Cinema será actividade única e exclusiva de atrasados mentais.
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