"Red Eye" de Wes Craven
Após os problemas de produção de "Cursed", que em Portugal foi lançado directamente para vídeo, Wes Craven volta a "agarrar" um género no qual já tem provas dadas, a série B.
"Red Eye" não é nada mais que um simples e em grande parte eficaz exercício de suspense e ritmo. Não existe nada de excessivamente deslumbrante na nova obra de de Craven, e muito menos de original, mas marca a mudança e um novo olhar de Craven e possivelmente do cinema do género em Hollywood.
Os “exercícios” cinematográficos com base no suspense têm tido como pano de fundo espaços claustrofóbicos, recordo ultimamente “Phone Booth” e até “Panic Room”, ou algo que Alfred Hitchcock já havia experimentado em “A Janela Indiscreta”, embora em conceitos e técnicas totalmente dispersas.
E é a experiente mão de Wes Craven, recorrendo apenas ao essencial, cria fabulosos ambientes, e sempre com um poderosas tomadas de vista, que se torna um dos poucos trunfos desta sua obra, pois na verdade os trunfos não são muitos, o argumento é limitado e por momentos não permite uma evolução, (mais precisamente nos ultimos 15 minutos) digna da sequência inicial e do desenvolvimento da acção.
Na verdade “Red Eye” é um filme bastante humano, em que os medos e frustrações são uma constante. Para isso muito contribuiram Rachel McAdams e Cillian Murphy. Rachel McAdams completamente exposta aos seus medos e de uma fragilidade impressionante... o seu futuro adivinha-se promissor, e depois Cillian Murphy, neurótico ou psicótico, por momentos assustador e intimidador com os seus maneirismos. Interessante mesmo o facto de o filme acabar de perder força num momento em que Cillian Murphy se “apaga” um pouco.
Longe de ser um grande filme, “Red Eye” é uma interessante lição de suspense e de contenção de custos de produção, em que nada está a mais e apenas está o que é preciso... pena mesmo só o final, já visto na filmografia de Wes Craven (“Scream”) e que em vez de um climax, acaba por funcionar ao contrário e “Red Eye” acaba mesmo por perder a sua força.
NeTo – 5/10