domingo, agosto 28, 2005

Próximas Estreias...


"Elizabethtown" de Cameron Crowe

O filme qe marca o regresso do interessante argumentista e realizador, Cameron Crowe, que regressa após sucessos como "Vanilla Sky", "Almost Famous" e "Jerry Maguire".
Mais uma vez nos será contada uma acção, onde os sentimentos serão o ponto fulcral.

A vida Drew Baylor (Orlando Bloom) encontra-se em decadência, a morte do seu pai, o terminar da relação com a sua namorada e o despedimento do seu emprego, levam-no a colocar em causa toda a sua vida.
Após pensar em suicídio como resposta a toda a confusão sentimental, Drew decide voltar à sua cidade natal, Elizabethtown, de forma a assistir ao funeral do seu pai e a retomar de novo a sua vida. Do que Drew não estava à espera, é que durante a sua viagem de avião encontrasse Claire Colburn (Kirsten Dunst), uma belíssima assistente de bordo, na qual irá reencontrar uma forte razão para enfrentar a sua atribulada vida.

É apartir daqui que Crowe irá preparar a sua nova narração, que promete tal como nos seus filmes anteriores, ser uma história de procuras, de transformação, de relações destruidas, de escolhas e superação. Lembrar a vida em decadência de "Jerry Maguire" e "Vanilla Sky", e a relação familiar de "Almost Famous".
Mais uma vez Crowe aposta num elenco forte, mas não de estrelas, neste caso, Orlando Bloom que tão fortemente tem sido criticado pela crítica, Kirten Dunst a menina do "Homem Aranha", Susan Soradon a consagrada do «cast» e Alec Baldwin, actor que tal como Bloom não se encontram num grande momento da sua carreira, mas que pelas mãos de Cameron Crowe, realizador com provas dadas na suas relações com actores, pode encontrar aqui um novo impulso para a sua carreira.

"Elizabethtown" tem estreia prevista para 10 de Novembro no nosso País.
Até lá aproveitem para visitar o site oficial, onde ja se pode alimentar as espectativas e ouvir Tom Perry e Nancy Wilson numa banda sonora que promete. http://www.elizabethtown.com/

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"Broken Flowers" de Jim Jarmush

Vencedor do Grande Prémio do Jurí do Festival de Cannes 2005, "Broken Flowers" de Jim Jarmush, apresnta-se como um dos filmes grandes filmes deste ano.

Após saber através de uma carta que possui um filho de 19 anos, um solteirão decide partir à sua busca, tendo para isso revisitar, todas as suas namoradas e consequentes recordações e sentimentos.

É concerteza uma story-line no mínimo peculiar, apartir da qual Jarmush irá possivelmente dirigir com o seu sentido "underground" uma comédia, por momentos negra doseada numa espécie de poesia sentimantal e dramática.

Após trabalhar com actores como Roberto Benigni e Steve Buscemi em "Coffe and Cigarretes" ou Johnny Depp e Crispin Glover em "Dead Man", em "Broken Flowers" Jim Jarmush tem à sua disposição um elenco suberbo, sendo mesmo um elenco de fazer inveja às grandes produções de hollywood, onde podemos encontrar como protagonista, Bill Murray seguido por uma imensidão de grandes actrizes como, Julie Delpy, Jessica Lange, Tilda Swinton ou Sharon Stone.

Estreia prevista em Portugal em 17 de Novembro. Até lá uma pequena visita a este site (http://www.bacfilms.com/presse/brokenflowers/) para ver fotografias e ler notas de intenção e mais tarde ver o trailer em http://www.apple.com/trailers/focus_features/broken_flowers.html

"I Heart Huckabees" de David O. Russel


David O. Russel tem vindo ser apontado como um dos novos talentos do cinema americano da actualida juntamente com os nomes de Wes Anderson, P. T. Anderson, Spike Jonze, Alexander Payne ou Sophia Coppola. Se dúvida existissem "I Heart Huckabbees" é a plena confirmação de todos elogios que tem recebido.

"I Heart Huckabees" corre o sério risco de passar completamente despercebido pelas nossas salas, onde foi brindado com o título "Psico Detectives", título este que apesar de não ser totalmente descabido, acaba por não ter a capacidade de demonstrar na tutalidade o que é o filme, e acaba por ser um título perguiçoso e que nos leva a ter em conta que o filme é uma mera comédia. Mas esta obra de Russel, é algo mais que uma comédia, é uma obra na linha de Jonze e Gondry, com um ligeiro sabor a Kaufman, em que as questões da existencias estão sempre presentes mas nunca sem dar uma clara resposta.

Russel, aproveita todas as questões do "seu" existencialismo niilista, para em momentos gozar com todas elas e provocar as mais inesperadas gargalhadas e guardando todas as respostas para o interior de cada um de nós.

Tentar reduzir numa pequena sinopse "I Heart Huckabees" é uma missão extremamente complicada, mas diremos que Albert Markovski (Jason Schwartzman), um jovem ambientalista com uma paixão por escrever poemas a rochas pantanosas que acaba de salvar, quer saber a resposta da sua existência que pensa estar relacionada com as coincidências de encontrar um homem negro em três situações diferentes, o que o leva a procurar os investigadores existênciais Jaffes (Dustin Hoffman e Lily Tomlin), que contra a vontade de Albert, interferem no seu trabalho, onde acabam por ser contratados por Brad Stand (Jude Law) para descobrirem a razao dos problemas familiares com a sua namorada Dawn Campbell (Naomi Watts), uma modelo lindíssima que acaba por se tornar em algo radicalmente oposto, como tentativa de valorizar a sua inteligência e não o seu visual. Mas os probelmas de Albert persistem, e o conflito com Brad aumenta e os Jaffes acabam por apresentar Albert ao seu "outro eu", Tommy (Mark Wahlberg), um homem com problemas familiares, que é bombeiro e que se opõe largamente ao uso de petróleo e gasolina.

Sim é complicado, mas na verdade é uma das mais inteligentes e interessantes comédias, com ligeiros delírios existencialistas e filosóficos, apoiado num sustentado surrealismo e com pingos de bizarro, "I Heart Huckabees" conta com dos mais peculiares diálogos dos ultimos anos, desde a descusão do petróleo como dádiva de deus, até ao encontro de Brad e Dawn com os Jaffes.

Russel é claramente dos mais visuais realizadores, juntamente com P.T. Anderson, e o crescimento visual e técnico de Russel é completamente perceptível no seu filme, existe um constante crescimento visual uma constante preocupação com a composição dos seus planos assim como com a montagem dentro do mesmo plano, por vezes histérico, por outros momentos intimo, Russel cria um retrato de loucura e divertimento como não se via há já bastante tempo.

Para a sua criação de um mundo cada vez mais louco e inconstante, Russel tem ao seu dispor um elenco fabuloso com interpretações ao nível da realização, Jason Schwartzman, Dustin Hoffman e Mark Wahlberg são o coração de todo o filme, criando das mais absurdas personagens a que tivemos oportunidade de ver, e onde se realça ainda com os seus maneirismo tão invulgares na sua carreira Jude Law, como um Vilão wannabe, com mais coração do que realmente demonstra.

Para quem procura uma comédia que se transceda e não se limite a gratuitamente soltar parvoíces e gargalhadas "I Heart Huckabees" promete gargalhadas, promete um dos mais peculiares momentos "românticos" deste ano cinematpográfico, como ainda promete verdadeiros delírios em relação à existência humana. Será que todos estamos ligados por coincidências, será que todos estamos inter-ligado e vivemos como um todo, ou será que nada disso existe e na verdade somos seres individuais e solitários. Mostrando que a vida é cruel, divertida e acima de tudo uma enorme confusão, "I Heart Huckabees" é das mais interessantes propostas deste final de verão.

NeTo - 8/10

Estreado em Portugal mais de um ano após a sua estreia nos EUA, "I Heart Huckabees" é uma clara mostra dos problemas e capitalismos que gerem a distribução em Portugal.

sexta-feira, agosto 26, 2005

"Os Edukadores" de Hans Weingartner

Tentando demonstrar o que aborda "Os Edukadores" podemos apenas dizer que é um filme que marca um paralelismo, entre as revoltas da juventude dos dias de hoje com o capitalismo e a juventude revolucionária dos anos 60, mais precisamente do famoso Maio de 68.

E tal como essas lutas juvenis de 68, "Os Edukadores" acaba por ser um filme utópico, é um filme que "transpira", comunismo, anarquismo ou radicalismo, é um filme que pretende mostrar a revolta de três jovens contra o capitalismo actual, e para isso invadem habitações plenas de riqueza, mas não com o intuito de roubar ou violentar alguém, apenas alteram a casa, dando-lhe apenas um nova decoração, ou para melhor demonstrar, colocam leitores de Cds no frigorífico ou bonecos de porcelana na sanita. Com que intuíto? Tudo nos é mostrado como forma de combate de amedrontar os ricos, como um aviso contra o capitalismo e os muitos problemas do mundo.

É no meio de um desses "actos de revolta", que algo não corre como planeado e por consequência, os três jovens são obrigados a partilhar alguns dias com um homem... um homem rico, que em tempos, foi um jovem... um jovem que se bateu e revoltou junto com muitos outros jovens nos anos 60.

E só o final temos a perfeita resposta do que nos é pretendido demonstrar. Não é uma mera comparação geracional, ou um simples debate de ideias, é sim uma clara crítica a todos aqueles jovens que se manifestaram nas ruas no Maio de 68, e que agora se encontram envelhecidos tanto fisicamente, como ideologicamente, estando hoje vendidos ao capitalismo que eles criticavam.

Idependentemente das ideias debatidas, "Os Edukadores" acaba por ser um filme interessante, minimalista em quase todos os aspectos técnicos e com três jovens actores, a um nível muito interessante, em particular Daniel Brühl ("Adeus, Lenin!").

"Os Edukadores" é um filme que pode tentar fugir ao demagogismo em grande parte do filme, mas que na verdade acaba mesmo por ser uma obra demagógica, que pretende libertar do espírito do povo e em particular do jovem a vontade de gritar e se revoltar contra as muitas injustiças em seu redor e acima de tudo, nunca verder os seus ideais e nunca desistir.
Todos esses ideais pelos quais estes jovens, deste filme, lutam são todos muito bonitos, mas não são mais que utopias, e que por vezes se contradizem, nem que seja pelas actitudes que se tomam para se fazerem ouvir e mostrar.

Com momentos repletos de suspense e de um humor peculiar, Hans Weingartner, tem aqui uma obra interessante, e bastante superior a grandes produções que envadem as nossas salas, é um filme que agradará a qualquer um radical e revolucionário, mas que deixará outros a pensar, que todas aquelas ideias são "tempo perdido" e que nem tudo pode ser tão fácil.

NeTo - 5/10

terça-feira, agosto 23, 2005

"A Ilha" de Michael Bay


por: NeTo

O que faria se descobrisse que é um clone e não um humano?. Esta será a questãos mais simples que o novo filme de Michael Bay levanta, e acaba por ser a unica que realmente importa ao realizador, que nos dá a resposta com fugas e tentativas de descobrir a verdade, tudo isto a uma velocidade "incompreensível".

Na verdade "A Ilha" tem um início muito interessante, tem no seu interior um interessante e mal aproveitada, para não dizer mesmo, totalmente escondida, questão ética.

Michael Bay nunca foi e muito dificilmente será um realizador sufecientemente contido, para rejeitar todas as hormonas do seu corpo, e agarrar uma história com o simples intuito de contar uma história e marcar uma posição, sem ser na base de explodir tudo o que pode e mover o mais possível a sua câmara.

Inicialmente, "A Ilha" tenta criar um suporte firme na sua narrativa, de forma, a que logo depois da intriga ser lançada, tudo possa "explodir" e apartir daí brindar a audiência cim mais um "espectáculo" piroctecnico de Michael Bay.
Logo nos primeiros minutos somos levados a criar uma série de espectativas, que mais tarde são completamente "derrubadas".

Um grupo de pessoas vive num local onde a proximidade entre eles é proibida, onde vivem ameaçadas por um mundo exterior contaminado e que vêm na viagem à ilha o seu unico futuro. Mas marcando um certo paralelismo com o mundo actual, todo este início poderia ser uma interessante metáfora, ou talvez mais uma hipérbole, para a sociedade de hoje, uma sociedade individualista, cada vez mais de mãos dadas com a monotonia, onde os sentimentos são esquecidos e que apenas corre para a "ilha", ou seja, a morte.

Após uma interessante apresentação o filme acaba por nos levar agarrados à fuga de Lincoln Six-Echo (Ewan McGregor) e Jordan Two-Delta (Scarlett Johansson), onde somos sujeitos a um já gasto exercício de exibicionismo e de exaltação própria, de Michael Bay, que na verdade cada vez mostra que a fórmula já está quase quase gasta. Preseguições a pé, em veiculos futuristas, de automóvel, e é nesta ultima que Bay apresenta a sua falta de criatividade, pois acaba por ser uma imitação clara e porque não rasca, do que já havia feito o mesmo Bay em "Bad Boys 2", já para não falar nas imensas e enormes explosões e sequências de luta corpo a corpo, filmada a uma tal velocidade e com uma câmera excessivamente nervosa, que o espectador perde mil e um detalhes de cada sequência.

Mas na verdade o mais irritante de tudo, acaba mesmo por ser a falta de sensibilidade, que leva Bay e a sua equipa, a esquecer quase por completo a questão ética, ou antes, escondê-la do publico, em pequenos fragmentos, que depois são completamente "destroçados" por enormes sequências de acção. Existe uma chamada telefónica, lá para o meio do filme, feita por Jordan Two-Delta que poderia ser o vincar dessa questão ética que a clonagem involve, mas Bay não resiste e os tiros e a velocidade voltam a marcar supremacia.

O filme não falha pelos actores, na sua grande maioria acabam por cumprir as suas funções, embora infelizmente, alguns deles notóriamente necessitavam de um pouco mais de espaço no meio de tanta confusão.

Dizer que é o "melhor filme" de Michael Bay, pode ser estranho, pelo menos no que toca na minha optica, talvez seja o menos mau, mas continuo a ter preferência pela genica e química da dupla Will Smith/Martin Lawrence no primeiro "Bad Boys", em deterimente de uma boa ideia mal aproveitada em quase todos os aspectos de "A Ilha".

Valem os cenários, o trabalho de interpretação esforçado da grande maioria dos actores, e pouco mais.
"A Ilha" e Michael Bay, vêm mostrar a saturação a que este tipo de cinema de acção chegou e possivemente acaba por mostrar uma pequena saturação no que toca aos efeitos especiais digitais.

NeTo - 4/10

domingo, agosto 21, 2005

PORQUE É QUE...

... será que em Portugal não existem filmes políticos ou de intriga política?
Não vale falar na Guerra Colonial ou no 25 de Abril isso é só para encher chouriços!!

"A Ilha" de Michael Bay

por: JOSEOL

Numa sinopse redutora a história gira á volta da problemática da clonagem humana num futuro mais ao menos próximo onde as copias perfeitas das pessoas vivem num “mundo” e com um passado falseado tendo como objectivo ultimo melhorar a vida dos seres originais.A dada altura o clone interpretado por Ewan Mcgregor começa a questionar tudo e descobrindo a farsa foge com outra clone – Scarlett Johansson – que estava á beira da destruição e ambos partem á descoberta da verdade….

Confirmando a maior parte das críticas a este filme existem de facto duas partes diferentes dentro do mesmo, no entanto não me parece ser literalmente a primeira e a segunda.
Então temos um Michael bay quase virginal a filmar as cenas – ok, quase toda a primeira parte – de introdução aos clones, aos espaços enormes onde tudo “acontece”, enfim á crescente revolta do clone interpretado por Ewan Mcgregor, e estes momentos pausados, serenos, surpreendentemente envolventes para quem conhece a obra de Bay vão ainda acontecer intercaladamente ao longo do filme – por ex. nas cena da casa do clone de Mcgregor, onde o amor entre o clone masculino e feminino começa definitivamente a carburar – e o Michael Bay habitual, o de “Bad Boys” o de “Pearl Harbor”, a sua sensibilidade abrutalhada tipo elefante numa loja de porcelana a tentar bater recordes de ângulos de câmara e de níveis de som…é quase outro filme dentro do filme, as cenas em que os clones em fuga fogem desesperadamente dos seus perseguidores…de quando em vez a mensagem que o realizador norte americano está a tentar passar de maneira subtil e articulada é interrompida incompreensivelmente pelos sinais conscientes e mecânicos das suas obras anteriores, das explosões e dos barulhos…

E há ideias interessantes, a principal é sem duvida o enaltecimento da curiosidade como motor de desenvolvimento do homem, e a filiação a universos e ambientes – o filme vive muito em “Minority Report” de Steven Spielberg no “look” e em “THX 1131” de George Lucas no enclausuramento dos clones em favor de um argumento claramente interessante mesmo com os apêndices dispensáveis de pedagogia e de moralismo….
Os actores, principalmente a candura e inocência do rosto da absolutamente bela Scarlett Johansson são muito bons.

Dito isto…é de longe o melhor filme de Michael Bay, parece que a ligação á DreamWorks e claro a Spielberg lhe fez bem, apesar do fracasso no “box-office”…falta ainda contenção e subtileza e a renuncia aquele por vezes execrável “Show Off”.

JOSEOL - 5.5/10

sábado, agosto 20, 2005

"De Tanto Bater o Meu Coração Parou" de Jacques Audiard


Para começar, desde logo não se pode deixar de reparar no excelente título, "De Tanto Bater o Meu Coração Parou"... esse é desde logo o primeiro impacto que temos com a obra, de seguida desde o genérico inicial ou da primeira sequencia do filme, será facilmente atingido por uma direcção fotográfica intensa, mas não intensa no que respeita à iluminação (ao brilho), antes ao contraste e à saturação, são filmados pequenos pontos de luz numa imensa sombra, filmados por uma visão nervosa, seca e bruta de Audiard, que praticamente coloca as suas imagens "ao lado" ou mesmo "dentro" de cada personagem, em particular Tom.

Tom é fabulosamente interpretado por Romain Duris ("A Residência Espanhola"), é um anti-herói, ou melhor, uma personificação de herói destruido, que se encontra escondido até ao momento da descoberta.
Tom como qualquer herói tem uma vida dupla, não que tenha super poderes, não que tenha problemas psicológicos que o façam prever o futuro, mas antes, tem um forte conflito interior entre o passado e o futuro, entre seguir a terrível e desonesta vida de agente imobiliário como o seu pai, ou seguir um sonho de infância, pianista, como a sua falecida mão.

"De Tanto Bater o Meu Coração Parou" é um realista, tudo o que aqui se filme é um mundo, um mundo interior de uma pessoa que como a qual existe milhões. A ligação entre pai/filho, é constantemente alterada, assim como a relação entre filho/mãe falecida, num dos mais fortes momentos, em que Tom escuta as gravações de piano da sua mãe, recordando sentimentos e vivências, com um Romain Duris com pleno sentido de câmara e completamente exposto.

Mas será na ligação desses "dois mundos" que o filme terá o seu ponto menos bom, pois por momentos parece algo desfragmentado, sem uma unidade, mas sem nunca largar o espectador. Em boa verdade o filme no que se trata de interesse, assemelha-se a uma composição clássica para piano, por momentos "pianíssimo", e em outros momentos "fortissímo".

Com a melhor interpretação do ano até ao momento, Duris faz em momentos recordar DeNiro em «Taxi Driver», com uma suberba realização, com excelente banda sonora e uma direcção fotográfica a corresponder a todo o drama, "De Tanto Bater o Meu Coração Parou" é um dos grandes filme do ano. Intenso, brutal, violento, calmo, sereno, contido, são alguns adjectivos que poderão qualificar o filme, mas se unicamente nos dirigir-mos ao filme como "um filme humano", resumiremos a essencia da obra.

NeTo - 9/10

Na verdade "De Tanto Bater..." não parte de uma ideia original, parte sim da ideia base de «Finger" (1978) filme americano com Harvey Keitel. Mas será isso que fará com que "De Tanto Bater..." não seja um filme "original", tendo em conta o actual panorama cinematográfico, este filme será uma verdadeira raridade.

terça-feira, agosto 16, 2005

"O Terceiro Homem" de Carol Reed (1949)

Filmado numa Viena flagelada pela 2ª guerra mundial, "O Terceiro Homem" é possivelmente o 1º filme que aborda uma ideologia característica da Guerra Fria, com um dos mais inteligentes argumentos que me consigo recordar, a história é contada não tomando parte das grandes potências na altura mas sim de individuos comuns.

É um filme negro (film noir) por excelencia, uma estética complexa onde o cenário é claramente uma personagem do filme, onde planos deformados por grandes angulares ou planos com uma tomada de vista excessivamente obliqua, enchem e provocam uma enorme tensão visual ao espectador, assim como um excelente fotografia, onde a luz é praticamente inexistente, mesmo minimalista e onde as sombras imperam, ou não fosse o director de fotografia, Robert Krasker (galardoado com o Oscar pelo seu magnífico trabalho neste filme) bastante influenciado pela escola alemã dos anos 20.

É um magnífico argumento, onde os sentimentos humanos(dos mais obscuros ou mais sinceros) e a ingenuidade humana são constantemente postos em causa, onde a cada momento nos é dado algo novo a descobrir e a pensar.

Com sequências de estrema beleza, filmadas de forma magistral, momentos como o diálogo da Montanha russa, o cemitério (inicial ou final) ou como a fabulosa sequência dos esgotos, na verdade são bem mais que um filme, são uma verdadeira lição de cinema.

Depois temos como atractivo ver um fabuloso actor, ou melhor, um génio do cinema, Orson Welles, que no pouco tempo que lhe é dado, faz um trabalho excepcional, criou a sua personagem e diálogos, e segundo rumores nunca confirmados, existe quem diga que grande parte da estética do filme e de realização partiram de si e não de Carol Reed.

De qualquer maneira, "O Tercerio Homem" é uma obra obrigatória a qualquer amante de cinema.

Um filme sublime.

"Charlie and The Chocolate Factory" de Tim Burton

Quem tem seguido atentamente a firme carreira de Tim Burton, facilmente se apercebe de uma focalização temática, a relação familiar. Depois a maneira como é feita, tal como os grandes mestres do cinema, tudo é dissimulado, vamos observar "Eduardo Mãos de Tesoura", "Big Fish", este "Charlie and The Chocolate Factory" e até a curta-metragem "Vincent", e claramente nos paercebemos que Tim Burton, nunca utiliza um vilão para contar a sua história, antes de mais se centra nas suas personagens e nos seus conflitos interiores, numa espécie de mundo paralelo, que só o engenho e a inteligencia de Burton sabem criar.

Se em "Big Fish" a família era claramente um ponto de focalização, em "Charlie and The Chocolate Factory" é ainda mais visível, embora o primeiro filme seja um filme mais sóbrio e adulto, e o segundo mais fantasioso e infantil.

"Charlie and The Chocolate Factory" pretende representar a importância da família na educação das nossas crianças, é uma clara crítica ao capitalismo e ao poder do dinheiro e à consequente ganância, mas acima de tudo é um filme de sonhos, sacrifícios e amor familiar. Vejamos a relação familiar de Charlie, uma família sem dinheiro, mas que aceita a vida como ela é, sem qualquer tipo de amargura, ou então ela existe, mas não se agarram a ela, agarram-se antes ao sonho e à esperança e é essa força e união vinda da família que torna Charlie num menino tão especial. E depois na relação familiar que Willy Wonka tinha com o seu pai, que durante a infância impedia Willy de seguir os seus sonhos, o que fez com que partisse e deixa-se o pai sem qualquer tipo de notícias, embora viva claramente assombrado pela recordação da sua "infeliz" infância e pela consequente ausencia do seu pai.

Mas mais famílias existem, mas para isso há que tentar criar uma pequena síntese do filme, Willy Wonka é proprietário de uma fábrica de chocolate, que acaba de decidir conceder uma visita durante um dia a 5 crianças que encontrarem um cartão dourado dentro dos seus chocolates. Cada criança será acompanhada por um familiar, e terá no final da visita a mais incrível surpresa de toda a sua vida.

Ora, desde logo nesta visita temos 5 crianças diferentes e 5 familiares diferentes, cada qual com o seu estrato social vincado e consequentemente comportamentos opostos. Temos uma menina extremamente competitiva que faz tudo para alcançar o que quer, que se faz acompanha pela mãe, pois o seu pai não é apresentado. Depois temos uma criança de classe média baixa, com uma famíla que pouca atenção lhe dá, apenas deixando a educação do seu filho para uma televisão e para os video-jogos. Temos uma menina de classe alta, que tudo o que quer tem, pede, faz birra e o seu milionário pai, acaba por fazer as suas vontades. Depois temos aquela criança à qual os pais para compensar a ausencia dão doces e mais doces, reparamos que na apresentação desta criança, apenas a mãe dá alguma importância ao seu filho, quanto ao pai, está agarrado ao trabalho sem se dirigir à criança. E por fim, Charlie, que vive com pais e avós, que que na visita à fabrica se faz acompanhar, não pelo pai ou mãe, mas sim pelo avô... simples mas muito eficaz, com esta caracterização de personagens, Burton consegue mostrar até que ponto uma família é importante e ainda mais, uma família não é só o pai, ou só a mãe, são todos aqueles que nos rodeiam.

Tim Burton, sempre se mostrou como um enorme contador de histórias e como um dos mais originais criadores de "universos" do cinema actual. Em "Charlie and The Chocolate Factory" mais uma vez recorre ao seu universo, bizarro e surreal para criar mais um universo à parte.
Não será novidade para ninguém que o Gótico, o Surrealismo e o Expressionismo, sempre fizeram parte das invocações e referências de Tim Burton, mas nunca com tanto rasgo de côr. Para caracterizar os "décours" deste filme podemos misturar, um pouco do expressionismo alemão, com as cores e exageros do barroco. Este será mesmo o mais colorido e "alegre" filme de Burton, talvez mesmo superando "Marte Ataca".

Mais uma vez Tim Burton conta com o complemento sonoro de Danny Elfman, mais uma vez "colando" a sua sonoridade às imagens de Burton, com um resultado fabuloso. Desde a excelente composição que acompanha o genérico inicial (aos quai Burton tanta importância dá), até às magníficas "cantilenas" que os Oompa Loompa cantam a cada expulsão de uma criança, que contam com as letrar originais de Roald Dahl (escritor do original livro infantil em que se baseia o filme).

Existe também um fabuloso trabalho fotográfico de Philippe Rousselot ("Big Fish" e "Planeta dos Macacos"), que por momentos nos remete para o fabuloso mundo de "O Feiticeiro de Oz" a quando da entrada da Fabrica de Chocolate e também de um universo sombrio e infeliz da vida exterior, macando de formas distinta e eficaz os dois universos, os dois mundos paralelos.

Tim Burton, para a criação deste universo, chamou Danny Elfman e Rousselot, pessoas com quem trabalha frequentemente, e sendo Tim burton um realizador que se concentra tanto na criação das suas personagens e nos conflitos interiores, voltou a recorrer para interpretar uma das suas personagens, a um actor ("fétiche" pode mesmo dizer-se) que será por ventura o melhor actor da actualidade, ou pelo menos da sua geração, Johnny Depp.
Depp é Willy Wonka, ou melhor Willy Wonka é Depp. Depp é um actor que gosta de criar as suas personagens, que as vive intensamente, então Willi Wonka é caracterizado essencialmente pelo imaginário de Depp. São fabulosos os maneirismos de Depp, a elasticidade do seu rosto, as pequenas reacções, a sua vertente cómica e acima de tudo, as alterações constantes que a personagem exigiu, temos um Willy Wonka exterior e um Willy Wonka Interior, que vão consequentemente alternando entre si. Mais uma vez Johnny Depp tem um desempenho excepcional, mas se a Academia não o premiou com "Finding Neverland", também não será este ano.

Para fazer companhia a Depp, temos o «puto maravilha» de "Finding Neverland", Freddie Higmore, que com a sua humildade e olhar terno, dá vida a Charlie e "alimenta" o coração perdido de Willy Wonka. Mais uma vez Highmore mostra uma enorme "química" com Depp, serám muito complicado a qualquer cinéfilo esquecer as trocas de olhar tanto em "Finding Neverland" como em "Charlie and The Chocolate Factory".

Seria de todo injusto deixar de referir o excelenter Christopher Lee, como pai grotesco de Willy Wonka e ainda um enorme David Kelly no papel de Avô de Charlie que enche ainda mais de ternura e comédia o espírito do filme.

Com "Charlie and The Chocolate Factory", Tim Burton dá mais um enorme e firme passo, como um dos maiores realizadores da actualidade, apesar de um argumento superficial e até de personagens esteriotipadas, na verdade Burton realizaou um filme repleto de momentos bellíssimos e assima de tudo, tal superficialidade beneficia em grande parte dos momentos a transmissão e assimilação da mensagem, embora fosse preferível um momento mais forte lá para o final do filme.

Não é o melhor que Burton nos ofereceu, mas é muito melhor que a maioria do cinema que temos visto nos ultimos tempos. Se o cinema é uma fonte de imaginação para todo o mundo, Tim Burton é um dos grandes responsaveis, na actualidade.

NeTo - 9/10

Uma palavra ainda para a excelente Direcção artística.

P.S. - Reparem bem na fotografia abaixo colocada. Digam lá se não vos faz recordar alguma coisa?

PORQUE É QUE...

...acho que a adaptação de "DA VINCI'S CODE" ao cinema, vai ser uma desilusão? Será pelas noticias de "suavização" do argumento? Ou pela equipa técnica e um «teaser» que lembra mais um filme de terror?

segunda-feira, agosto 15, 2005

"Janela Indiscreta" de Alfred Hitchcock (1954)

"Rear Window" será possivelmente a grande obra, do grande mestre do suspense.
A sua grande obra surge logo depois de um dos grandes fracassos na altura "A Corda" (agora é um dos grandes filmes do mestre), "Rear Window" acaba por ser a grande mostra do génio de Hitchcock.

Partindo da visão de um fotografo que se encontra em casa com a perna partida a observar a vida aparentemente calma da vizinhança com o auxílio da sua lente grande-angular, Alfred Hitchcock tira todo o proveito da força da imagem em cinema. Visto num DVD, a sua obra perde um pouco a sua forma, mas basta ao espectador, tentar imaginar cada plano numa tela de cinema, por vezes frente aos nossos olhos é colocado um "plano muito geral" das vidas dos vizinhos observados, por vezes somos nós os olhos de James Stewart, somos nós quem vemos e por momentos que mesmo tem que procurar em cada plano o que realmente é pretendido.

E é isso que torna o filme tão intenso, é o facto de exigir a máxima atenção da audiência, é o facto de ser uma obra quase interectiva, é o facto de partir do geral de um dia a dia de um bairro, e depois termos a tensão a centrar-se num caso estranho que parece não ter o mínimo nexo, que acaba por surpreender, momento após momento... e sempre apanhando o espectador de surpresa.

Não tem uma cena tão marcante como o duche de "Psico", mas a sua versão technicolor permite ver um magnífico trabalho de iluminação, que na altura exigiu uma carga de materiais nunca antes vista.

"Rear Window" é um trabalho de forte carga magnética que por muitos momentos atrai o espectador para a tela, que obriga e estimula a observação e interpretação, que no faz sentir mal e até nos envergonha... resumidamente é uma enorme OBRA-PRIMA.

"Um Longo Domingo de Noivado" de Jean-Pierre Jeunet (2005)

E assim voltam à ribalta os dois nomes ligados a um dos maiores sucessos do cinema europeu. Jeunet e Tautou, que encheram de alegria e encanto salas de cinema a quando de "O fabuloso Destino de Amélie", voltam a unir esforços, que conjugados, criam uma das mais belas fábulas do cinema de guerra... ou será de amor?

Baseado no livro, "Un Long Dimanche de Fiançailles" de Sébastien Japrisot, Jeunet tinha em mãos um trabalho extremamente complicado, as personagens eram muitas e distribuidas por muitos espaços, a grande parte das pistas e notícias eram recebidas por cartas ou jornais, das quais o livro nos dava a total descrição, e depois tanto descrição espacial como desrição sentimental o livro era pouco directo, espaço esse que foi preenchido na perfeição por Jeunet e os seus argumentistas.

Claramente não é uma adaptação fiel, Jeunet acrescenta momentos que na verdade são mais belos que os do livro, a cena da mão de Manech no peito de Mathilde, é um dos mais belos momentos românticos de que me recordo, simples e tão descritivo, contrariando a relação das duas personagens que era descrita no livro, que nunca nos foi dada com tanta emoção.
Impressionante acaba por ser a centralização que Jeunet acaba por conseguir, a acção que pretende narrar, sem qualqer tipo de dúvida, é o acto de esperança e amor de Matilde, que recebe a notícia que o seu noivo, Manech, foi morto numa trincheira na Terra-de-Ninguém, durante a 1ª Grande Guerra, mas Mathilde ao invés de se conformar com tão horrível notícia, agarra-se a todas as esperanças e procura o seu noivo, assim para quê se perder muito tempo com personagens qe apenas pretendem deixar algumas pistas? Jeunet, apesar do grande numero de personagens que existem no filme, retirou outras tantas que foram criadas por Sébastien Japrisot para o livro, por momentos até pode parecer que aquela ou outra personagem deveriam ser melhor exploradas, mas será isso um desiquilíbrio, ou será apenas um método para atingir a beleza sentimental do amor de Mathilde e Manech que por tantas vezes se perde ao longo do livro. Sendo apenas de apontar a eliminação de um pequeno momento muito perto do final, que tornaria o climax mais dramático e intenso, mas que possivelmente iria perder a "magia" e até o próprio sentimentalismo que Jeunet tanto aprecia.

Jeunet teve o dom de criar pequenos momentos extremamente divertidos, mas que ao mesmo tempo mostram e estimulam a audiência, e que acima de tudo nos fazem acreditar nos sentimentos de Mathilde por Manech. Pequeno jogos ao estilo de "se «isto acontecer Manech está vivo»", são momentos que apenas chegam até nós, pelo grande optimismo e sentimentalismo que Jeunet respira.

A criação de ambientes é fabulosa, desde os momentos de infância do jovem casal, até às grandes batalhas nas trincheiras, o filme é um delicioso trabalho fotográfico e sonoro. A fotografia de Bruno Delbonnel ("O Fabuloso destino de Amélie" e "O miar do Gato"), juntamente com a magnífica banda sonora de Angelo Badalamenti (normalmente trabalha com David Lynch, "Twin Peaks", "Lost Highway" ou "Mulholland Dr."), acrescentam ao filme todo o sentimento, quase que unem as duas personagens que se encontram separadas, alimentando a esperança, juntamente com um fabuloso trabalho de câmara de Jean-Pierre Jeunet.

"Um Longo Domingo de Noivado" é um drama humano, encarado como uma verdadeira fábula, por momentos extremente comovente, mas sem nunca perder um lado muito divertido e sempre, mas mesmo sempre, visualmente forte. Pode por momentos parecer uma verdadeira tragédia, como uma verdadeira prova de vida, onde o amor e a esperança alimentam a procura e a vida de Mathilde... e como é bela a interpretação de Audrey Tautou, criando mais uma vez uma personagem feminina, que acaba por ser uma das mais interessantes dos ultimos anos de cinema, juntamente com a sua Amélie Poulaint, criando o seu espaço, como uma das mais talentosas actrizes da actualidade... e agora que Hollywood a chamou ("The Da Vinci Code"), é esperar que Hollywood não a "consuma".

"Um Longo Domingo de Noivado" é um filme deslumbrante, uma história comovente e uma fabulosa visão que nos permite pensar tanto no amor como na guerra de uma forma bastante diferente, do que até agora foi visto no cinema.

Um filme terno, dramático e imperdível.

NeTo- 9/10


terça-feira, agosto 09, 2005

PORQUE É QUE...

... temos tantas estreias semanais em portugal e ainda por cima, estreias como "A Máscara 2" e "Alone in the Dark" ou "House of the Dead"?
Não seria melhor estrear menos filmes e melhor? Lembro que "Napoleon Dynamite" e "Shaun of the Dead" foram directamente para vídeo.

segunda-feira, agosto 08, 2005

"Spaceballs" de Mel Brooks (1987)

Os anos 80, serão mesmo o auge da ficção científica e das viagens espaciais, filmes como "Alien", "Blade Runner", "Star Wars" ou "Star Trek", encheram de maravilhas os olhares de cada cinéfilo... até que um dia Mel Brooks, percebeu que nada melhor do que parodiar um dos grandes filmes de ficção ciêntífica, "Star Wars". Assim após os anos 80 serem anos de ficção ciêntífica, Mel Brooks cria uma comédia/paródia-cientifico/espacial.

Pegando nas personagens míticas de "Star Wars", Mel Brooks, «aparvalhou» cada uma delas ao seu gosto, caracterizou cada uma delas acentuando a sua mais visivel característica (o exagero do capacete de Darth Vader) ou então misturando Han Solo e Luke Skywalker, cria um "herói" dos mais absurdos que há memória.

Com um elenco que conta com Bill Pullman, Rick Moranis, John Candy e o próprio Mel Brooks, "Spaceballs" é um filme recheado de comédia, paródia e de uma boa dose de parvoíce. Nada melhor do que dar umas boas gargalhadas com esta velhinha comédia, que em momento algum pode ser levada a sério... nem mesmo ela se leva a sério.

Mel Brooks é daqueles "autores" que faz para se divertir, imaginem que o homem quando diz que é para passar um deserto a pente fino é mesmo para levar a letra.

NeTo - 7/10

"Jerry Maguire" de Cameron Crowe (1996)


"Jerry Maguire" é um filme que vive da excelente narração de Cameron Crowe e do fabulosos elenco que encarna as personagens.

Jerry Maguire (Tom Cruise) é um agente desportivo, que decide valorizar o lado humano dos seus atletas, para isso cria um memorando, que distibui pela sua empresa, acabando logo em seguida por ser despedido, ficando apenas a representar, a penas um atleta, Rod Tidwell (Cuba Godding Jr), e que apenas tem a companhia de uma antiga secretária que o acompanha, Dorothy Boyd (Renee Zellweger), apenas porque acredita em Jerry.

Apartir deste pequeno conflito interior/exterior, Cameron Crowe cria com naturalismo e sem excessos uma excelente comédia romântica/social. É uma comédia honesta, uma comédia leve e fresca, que agarra a audiência criando ambientes e momentos de um romantismo e sentimentalismo extremos.

Os diálogos, os actores e a câmara de Crowe criam momentos inesquecíveis num género que o cinema actual não sabe aproveitar, quem não sentiu o coração a palpitar, quando Jerry Maguire (um terno Tom Cruise) diz a Dorotthy «You Complete me», ou quando o filho de Dorothy agarra Jerry dando-lhe o primeiro beijo ao som de "Secret Garden" de Bruce Springsteen, ou então o peculiar bailado de Rod Tidwell (uma grande personagem criada pelo vencedor do Oscar para Melhor Actor Secundário desse ano, Cuba Gooding Jr.) e de uma das mais famosas "deixas" do cinema, «Show me the Money».

Sem ser um filme brilhante, é uma das poucas comédias românticas que um pouco por todo o mundo adquiriu um estatuto de culto, ou "semi-culto", e tendo em conta o terrível ano de cinema em que "Jerry Maguire" (assim como "Fargo") estrearam, podemos dizer que os Oscars acabaram por ser injustos para com ambos os filmes.

Leve, divertido e com belos momentos de cinema, "Jerry Maguire" é um bom filme para ver neste verão.

NeTo - 8/10

domingo, agosto 07, 2005

PORQUE É QUE...

...tanta malta jovem vê e gosta de produções televisivas como "Morangos com Açucar" e depois quando no cinema encontram um filme português, fogem dele como o diabo da cruz dizendo «é português é uma *****»?

Alguém me explica porquê?

"Bowling for Columbine" de Michael Moore (2002)

Que Michael Moore sempre procurou mostrar ao mundo os podres da América, não será uma novidade a ninguém.
Que Michael Moore é um extremista de esquerda, também não será novidade para ninguém.
Que Michael Moore sabe e consegue manipular imagens e por consequente manipular opiniões, aí é que já tenho mais duvidas.

É que Michael Moore, não consegue acalmar os seus impetos radicais e por vezes cai mesmo em exageros que em nada beneficiam o que pretende.
Vejo os documentários como demonstrações de realidade, visões imparciais, narrações de acontecimentos. Vejamos os casos de "Capturing Friedman", em que um tema tão delicado é abordado sem qualquer tipo de parcialidade e com uma noção cinematográfica perfeita.
Michael Moore, na verdade tem um capacidade narrativa impressionante, é inteligente e manipula as situações da melhor forma possível... mas sempre com a sua opinião a ouvir-se.
Mas consigo ver esta revolta e parcialidade de Moore como um aspecto positivo, e isso apenas ao facto de que ao contrário de muitos radicalistas, Moore, fala e filma, mas na verde faz e muito. Moore procura os prejuizos e não tem medo de confrontos, enfrentas grandes companhias de venda de munições, ou com Charlton Heston, uma grande figura do cinema e agora representante de uma associação que apoia a posse de armas por parte de cidadãos norte-americanos.

Moore, apresenta-nos como ponto de partida a violência que ocorre um pouco por todos os lados da América, partindo de forma clara do ataque de dois alunos na escola de Columbine que atacaram os seus colegas e professores, com armas compradas legalmente numa loja a que qualquer cidadão tem acesso.
Michael Moore, procura explicações para tanta violencia no seu país, pesquisa leis e descobre que em alguns estados todos os cidadãos maiores de idade são "obrigados" por lei a ter uma arma carregada! Descobre também num jornal que ao abrir uma conta num banco, lhe oferecem uma arma!!! Uma arma num banco???

Muitos analistas culpam televisões, músicos (Marlyn Manson), a televisão ("South Park"), o cinema e as misturas etnicas do país em que se encontram. Na verdade Moore, tem a certeza que a "culpa" é das entidades governamentais, e não tem medo de apresentar o seu ponto de vista, directa ou indirectamente.

Na verdade é que "Bowling for Columbine" é um docomentário a uma só voz, mas que nem por isso deixa de ser interessante, embora penso que o facto de Michael Moore, não dar um pouco de voz aqueles que tanto ataca, acaba por fazer com que muitos olhem com um certo cepticismo para este documentário. Moore na verdade tentou dar voz a um dos seus oponentes (Charlton Heston) e na verdade numa prova clara de coragem e intervenção acabou por superar as incoorencias e pensamentos racistas de Heston, com uma classe e coragem assinaláveis.

Moore é um "film-maker" interessante e muito inteligente, mas muito, mas mesmo muito impulsivo, não o condeno percebo as suas motivações, agora de Michael Moore podem esperar uma voz contrária à de qualquer outro Americano (o 11 de Setembro é culpa dos próprios EUA) e um sarcasmo utilizado como forte máquina de intervenção política.
Com Michael Moore no activo, o cinema de intervenção está vivo.

NeTo - 7/10

Porque é que...


... acredito vivamente que Steven Spielberg realizará um dos filmes da saga Harry Potter? Possivelmente o ultimo.
Alguém tem o mesmo "feeling"?

segunda-feira, agosto 01, 2005

"Fargo" de The Coen Brothers (1996)

Os irmãos Coen, apresentam-se na actualidade como uns dos mais originais argumentistas do cinema, dramtizam as suas comédia sem nunca deixar de parte a crítica social e uma criação de personagens únicas.
"Fargo" será possivelmente o seu melhor argumento, é surpreendente, como seguimos a acção apartir de tantos pontos de vista, sem nunca perder o interesse, nada parece estar a mais e tudo parece estar no devido sítio.

Em "Fargo", voltamos a entrar num dos temas favoritos dos Coen, o crime, mas sempre com um olhar despreocupado, ou melhor apenas preocupado em mostrar o lado "anormal" de tais "contos do vigário". Aqui temos um marido que contracta dois criminosos para raptar a sua mulher. Assim pretende pedir o resgate ao milionário sogro, ficar com o dinheiro e investir num negócio que tem em mente. Mas tais criminosos, são tudo menos discretos e após uma data de crimes, têm no seu encalce, uma polícia grávida.


Sustentando a sua "peripécia" em estupendas personagens, os Coen, invadem-nos de momentos inesquecíveis, ainda mais num género que anda um pouco perdido. William H. Macy, Steve Buscemi e Francis McDormand, lideram o elenco de forma suberba, tendo mesmo a actiz, vencido o Oscar para melhor desempenho feminino em 1996.

Possivelmente o melhor dos Coen está em "Fargo" e não foi por acaso a nomeação para 7 Oscares da Academia, a vitória na estatueta de Melhor Argumento, e ainda uma excelente recepção por parte da crítica mundial que condideraram o filme como um dos melhores do seu ano.
"Fargo" é mesmo um filme imperdível onde o capitalismo é parodiado e criticado como em nenhum outro filme.