sábado, dezembro 31, 2005

A Todos Um Próspero Ano de 2006

Boas entradas e que o novo ano seja bem melhor que o ano anterior.

OS MELHORES FILMES
DE 2005
  • NeTo

- Million Dollar Baby
- Birth
- Crash
- Garden State
- Closer
- Alice
- De tanto bater o meu coração parou
- Broken Flowers
- Odete
- O Aviador
  • a_Pupila

- Alice
- Crash
- Million Dollar Baby
- Elizabethtown
- Longo Domingo de Noivado
- King Kong
- De Tanto bater o meu coração parou
- Garden State
- Fiel Jardineiro
- Fura Casamentos / À boleia pela Galaxia
  • Sir_Blackmore
- A Esposa Turca
- Alice
- Broken Flowers
- Million Dollar Baby
- Sin City
- Um peixe fora de água
- Last Days
- Odete
- A dama de honor
- Salto mortal
  • José Miguel Oliveira
- "Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos" Eastwood mais negro e sombrio do que nunca na história mais comovente do ano…de uma simplicidade lancinante passa por aqui a limpeza de Howard Hawks ou John Ford, mas acima de tudo é “o filme” testamentário do ultimo dos clássicos. Crepuscular e transcendental.

- "Odete" o mais desesperadamente e romanticamente belo filme dos últimos tempos, em que a vida e a morte, os limites físicos e as fronteiras sexuais surgem diluídas para regressarmos ao amor como o mais puro do sentimentos. É a par do filme de Eastwood um filme que não pertence a este tempo. Ah…e Ana Cristina Oliveira como portentosa actriz. Sublime e corajoso.

- "Last Days — Últimos Dias" é o cume do cinema poético e de uma liberdade totalitária que Gus Van Sant vem praticando há alguns filmes.
Dispensando o aparato convencional de qualquer “biopic” fica o espírito e homenagem a um ícone e a uma geração. Arrepiante.

- "Broken Flowers — Flores Partidas" Bill Murray “on the road” américa fora na redescoberta de um passado e assombrado pelos seus ecos num dos filmes mais belos e amargos do ano.

- "Sideways" outro “road movie” a confirmar o olhar clínico e a subtileza de Alexander Payne na observação de uma américa interior e de personagens em perda.

- "Um Peixe Fora de Água" o “Weird” Wes Anderson juntou-se ao “Weird” Bill Murray e aconteceu o mais louco, inclassificável e um dos mais tocantes filmes dos últimos tempos.

- "O Aviador" Martin Scorsese mesmo inserido na máquina de Hollywood e num filme que não era seu consegue incutir na película e na figura “bigger than life” de Howard Huges as marcas e as obsessões do seu cinema… como os clássicos.

- "Guerra dos Mundos" paradoxalmente ás convenções e aos géneros Spielberg dá-nos um dos filmes mais híbridos do ano.
Remake do filme de Byron ?, adaptação do livro de Wells? Blockbuster? Mais parecia uma série-B milionária realizada com espírito clássico.

- "A Nossa Música" Godard, sempre Godard, só Godard para nos oferecer um primor de beleza, poesia e reflexão dos nossos tempos, uma obra para sentir e habitar.

- "Alice" Marcos Martins apaga tudo o que existe à volta de uma personagem em perda, um Pai obcecado em encontrar a filha perdida, para deixar deambular durante o filme todo pelas ruas de uma Lisboa como nunca a vimos uma crença e uma loucura inapagáveis.

As figuras de 2005
(Técnicos e interpretação)







MELHOR REALIZADOR

Clint Eastwood (Million Dollar Baby)

Jonathan Glazer (Birth)

Jim Jarmush (Broken Flowers)

Marco Martins (Alice)

Jacques Audiard (De tanto bater o meu coração parou)



MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Crash (Paul Haggis & Bobby Moresco)

I Heart Huchabees (David O. Russel & Jeff Baena)

Alice (Marco Martins) The Life Aquatic with

Steve Zissou (Wes Anderson & Noah Baumbach)

ElizabethTown (Cameron Crowe)


MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Million Dollar Baby (Paul Haggis)

Millions (Frank Cottrell Boyce)

O Fiel Jardineiro (Jefrey Caine)

Closer (Patrick Marber)

Charlie e a Fábrica de Chocolate (John August)


MELHOR ACTOR PRINCIPAL

Romain Duris (De tanto bater o meu coração parou)

Nuno Lopes (Alice)

Johnny Depp (Charlie e a Fábrica de Chocolate)

Bill Murray (Broken Flowers & The Life Aquatic with Steve Zissou)

Javier Bardem (Mar Adentro)


MELHOR ACTRIZ

Hillary Swank (Million Dollar Baby)

Nicole Kidman (Birth)

Audrey Tautou (Um Longo Domingo de Noivado)

Beatriz Batarda (Alice)

Emmy Rossum (O Fantasma da Opera)


MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

Morgan Freeman (Million Dollar Baby)


Clive Owen (Closer)

Matt Dillon (Crash)

Michael Pena (Crash)

Mark Wallberg (I Heart Huchabees)


MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA

Natalie Portman (Closer)


Cate Blanchet (O Aviador)

Kirsten Dunst (Elizabethtown)

Toni Collete (In Her Shoes)

Rachel Weisz (O Fiel Jardineiro)


CINEMATOGRAFIA

Birth (Harris Savides)


Million Dollar Baby (Tom Stern)

Alice (Carlos Lopes)

Odete (Rui Poças)

Last Days (Harris Savides)


MONTAGEM
O Aviador
(Thelma Schoonmaker)

Million Dollar Baby (Joel Cox)

Birth (Sam Sneade & Claus Wehlish)

Broken Flowers (Jay Rabinowitz)

Garden State (Myron Kerstein)


BANDA SONORA
Alice (Bernardo Sassetti)

Million Dollar Baby (Clint Eastwood & Kylew Eastwood)

Charlie e a Fábrica de Chocolate (Danny Elfman)

Garden State (Vários)

Elizabethtown (Vários)


DIRECÇÃO ARTÍSTICA

Charlie e a Fábrica de Chocolate

Um Longo Domingo de Noivado

O Aviador


EFEITOS VISUAIS

Sin City

Guerra dos Mundos

StarWars III - A Vingança dos Sith


SOM

Last Days

Sin City

War of the Worlds

"King Kong" de Peter Jackson

Após a adaptação da triologia “O Senhor dos Aneis”, Peter Jackson tem o seu regresso com o remake, com aquele que aponta como um dos filmes da sua vida “King Kong”, filme datado de 1933.
Esquecendo as comparações com o filme original, pois os tempos são outros, os contextos sociais também e acima de tudo as audiências são muito difeterntes, “King Kong” de Peter Jackson é um objecto feito para agradar às massas, repleto de grandes actores apelativos, efeitos especiais e sequencias de acção sem limites.

O objectivo público foi alcançado, o sucesso garantido e Peter Jackson passa a ser um dos mais aclamados e respeitados (e claro mais susceptível a críticas) nomes da indústria.

Em “King Kong” Jackson não arrisca, a fórmula tecnica utilizada na triologia “LOTR” é repetida, mas neste caso torna-se extremamente irritante e completamente despropositada.
O início do filme é sereno e coeso, são apresentadas as personagens as suas motivações e intençõesa. A viagem para Skull Island é sofocante e a cada segundo o ambiente vai ficando mais negro e denso, mas chegados à ilha somos completamente bombardeados por um festival de efeitos especiais e muitas sequências de acção filmadas (ou “digitalizadas”) com os mesmo recursos tecnicos que em “LOTR”, assim como os planos aereos, aqui em menor numero mas que demonstram a apetencia de Jackson para o «show off».


É bem verdade que Peter Jackson gosta de “show off”, é um belo publicitário, como é um realizador interessante, mas desta vez existe uma incoerência no tratamento dos muitos efeitos especiais, é verdade que temos um King Kong hiper-realista (graças ao trabalho corporal de Andy Serkys) as expressões, o olhar, os gestos e o movimento dos pêlos... mas ao contrário temos por vários momentos criaturas (Dinossauros, Larvas (?) e afins) e espaços animadas com um estilo pictórico excessivamente estilizado, foi opção? A meu ver não gosto.

A nível narrativo, temos uma apresentação cuidada, mas que o desenvolvimento destroi rapidamente, «desaparece» por completo a personagem de Adrien Brody, a personagem de Jamie Bell é recuperada a espaços e esquecida noutros, embora outros detalhes existam de grande qualidade. A personagem de Jack Black é um dos grandes trunfos, desde logo a mais complexa, a que mais mudanças suporta e a mais presente ao longo do filme, assim como a relação afectiva entre King Kong e a bela Naomi Watts. Num dos mais curiosos e interessantes momentos Kong vê pela segunda vez o pôr-do-sol, com a sua «prisioneira», bate no peito... é a repetição do gesto que a bela mulher lhe fizera com o intuíto de comunicar a beleza da paisagem que viam, simples e suficientemente forte para marcar a relação entre os dois. Assim como o encontro na cidade, no meio de tanta confusão o silêncio e a calma tomam conta do espaço e os dois seres tão diferentes trocam olhares, magnífica elaboração cénica e ambiental.

Mas se é verdade que Jackson criou uma relação entre a “bela e o monstro” é verdade que se esse fosse o seu objectivo o poderia ter explorado ainda mais, perdia uns momentos frenéticos de acção, mas poderia ganhar uma das mais belas histórias do ano. Não construiu um drama, construiu um filme de aventura e nesse ponto até cumpre, embora tecnicamente muito fique aquém das espectativas.

Mas o que realmente penso que vale a pena salientar é o facto que Peter Jackson tem talento para ser um grande realizador, basta apenas recordar a sequência inicial ou a dança frente ao monstro, mas o talento é por vezes ultrapassado por uma fome pelo espectáculo e o que tão bem constroi acaba encoberto por momentos de menor qualidade.

Apesar de tudo, “King Kong” é mais uma prova de coragem por Peter Jackson, e é bom que se diga se não fosse ele, não haveria remake do gorila gigante, nem trilogia de “LOTR” e nem metade das adaptações literárias de fantasia que se adivinham, mas “LOTR” ainda é a obra de referência na carreira de Jackson e por este andar continuará.

NeTo – 5/10

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"King Kong" de Peter Jackson

Muita gente pode cair na tentação de achar que King Kong vale pelos seus efeitos especiais. Digo já de antemão, que de efeitos especiais está “O Senhor dos Anéis” muito melhor servido. Mas se há uma coisa que não se poderia descurar, como Gollum no Senhor dos anéis, era a fisionomia do gorila gigante. E neste Peter Jackson concluiu uma homenagem perfeita ao seu filme de eleição. Kong ama , odeia, inveja e entristece-se , Kong na verdade e graças a Peter Jackson sente. Há momentos absolutamente românticos, de tão raros hoje em dia onde tudo anda sempre tão gasto, Jackson consegue transformar o que inicialmente poderia ser ridículo em momentos de imensa ternura e romance: falo do por do sol, e da dança no gelo. Momentos que não necessitam de explicações onde o silêncio das personagens transborda um entendimento completo entre a bela e a besta.

Outra coisa que me faz adorar o King Kong e o Peter Jackson em si. É a utilização correcta dos efeitos que o cinema lhe dispõe. Numa altura em que o slow motion é utilizado para mostrar com mais nitidez as jóias de algum rapper decidido a ser estrela de cinema, Peter Jackson faz uma utilização correctíssima delas, lembro me agora da altura em que Ann apercebe se que não estão lá para salva-la mas sim para capturar Kong. É uma câmara lenta tão expressivo, tão completo e tão bem posicionado que é difícil não amar aquele plano e toda a sua subtileza num filme desta imensidão. Felizmente este não é caso único. Este filme sobrevive, e foi algo que muito me surpreendeu, sobretudo de grandes planos. Coisa que não surpreende assim tanto se tivermos em conta os actores que foram contratados. Naomi Watts igual a ela própria é divina, Adrien Brody de uma doçura inegável e Jack Black que tem quanto a mim a prestação mais surpreendente e poderosa do filme, arrebata todas as atenções. Mas de todas elas , e todas elas são magnificas há também a registrar os grandes planos do gorila gigante que transmitem tanta ou mais emoção que muitos actores que por ai andam.

É disto que gosto no King Kong , é a capacidade que existe no meio de uma produção gigantesca investir alma a uma historia, tantas vezes contada ( a besta que ama a bela , é no fundo a base da maior parte das historias de amor) e aqui tão magicamente única.
Tantas coisas não serão ditas sobre o King Kong, confesso que preciso de o rever, mas também para quê estragar a magia da sala de cinema …

a_ Pupila - 9/10

sexta-feira, dezembro 30, 2005

"Odete" de Joao Pedro Rodrigues

Estreado na última semana do ano “Odete” corre o risco de cair no esquecimento do público, seja pelo encobrimento de outros títulos (“Corpses Bride” ou “King Kong”),seja pelo facto de ser um filme português.

Em boa verdade é um poema em bruto, um filme sobre um fantasma que não se vê apenas se sente, um filme de amor, de ausências, de obsessões e de morte.
Cada personagem vale o que vale, o espaço é uma personagem, o som (silêncio) é uma personagem, cada corpo cada objecto fazem parte de uma personagem. Que espaço existe? Pouco, mais visível no início, escuro e escondido no final. Sempre fotografado com detalhe cada personagem se sobrepõe a um espaço real, sendo o espaço um complemento interior de cada personagem.
Cada personagem são seres deslocados, seres alienados, destruidos alimentados por desejos e obsessões. Cada personagem alimenta-se de situações limites, praticamente inacreditaveis, que apenas acentuam o sentido poético da obra de João Pedro Rodrigues.

São os toques «sobrenaturais» que João Pedro Rodrigues dá a um mundo real (pelo menos para alguns) que tornam “Odete” uma obra tão deslumbrante, seja o vento que inrompe pela janela, ou a imensa chuva que se abate sobre o casal no momento da «despedida», ou ainda pelo brutal e cruel plano final onde temos a aceitação, ou a mera presença eterna do «amor».

Podemos concerteza afirmar que é uma obra romântica, o sentimento rege todo o filme, seja a perda ou a necessidade de ocupar um espaço vazio na própria vida ou na vida do próximo.
“Odete” é filmada de forma crua, inicialmente como um confronto, o fabuloso campo contra campo do velório, é um exemplo claro de invasão de espaços que mais tarde é nada mais que uma aproximação vital para a vida de ambos.

Muito mais poderia ser dito em relação a “Odete”, mas um segundo visionamento permitirá extrair ainda mais a elegância da câmara de João Pedro Rodrigues, assim como todos os pequenos detalhes que constroem toda a narrativa, a quente “Odete” é uma obra que nos mantem frios e fechados, mas passadas algumas horas é como se o “fantasma” nos falasse ao ouvido e nos abrisse uma nova visão sobre um amor eterno.

NeTo- 9/10

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"Odete" de Joao Pedro Rodrigues

Poderemos dizer que a beleza compulsiva e as fulgurantes pulsões que percorrem toda esta segunda obra de João Pedro Rodrigues derivam do outro mundo, isto porque depois do belíssimo preludio – poucas vezes um “close up” e uma jura de amor eterno foram tão belos e terminais – todos os corpos e todos os rostos surgem assombrados pela incapacidade de fazer um luto e de ultrapassar um fim, num desespero olímpico que conduz esses corpos e esses rostos magoados a forçarem todos os limites verosímeis e credíveis em busca de um desejo e de uma obsessão, possuídas por forças inclassificáveis que não controlam e que conduzem inevitavelmente á destruição de todas as barreiras físicas e sexuais, é o enaltecimento absoluto do amor.

Tão forte e tão sublime, tão desesperadamente romântico, passa por aqui o fetichismo lúgubre de hitchcock, Vertigo claro, do melodrama de Sirk e o melhor cinema romântico do período clássico americano, bem como o distanciamento revelador de Bresson…amalgama híbrida e originalíssima de um cinéfilo compulsivo em direcção a uma catarse própria.

E depois de “O Fantasma” eis que se podem sentir vibrantemente todas as marcas autorias do realizador: a perfeição e genialidade dos movimentos de câmara e dos enquadramentos, a beleza inaudita da fotografia de Rui Poças, um som envolvente e muito bem criado e aqui uma banda sonora luxuriante e apropriadíssima…e depois o prolongamento e não a repetição dos temas do filme anterior, aliás este filme com todas as variações do antecessor podia-se chamar também “O Fantasma”.

José Miguel Oliveira - 10/10

"Broken Flowers" de Jim Jarmush

Inserir "Broken Flowers" num «pacote» de comédia romântica é de uma crueldade tremenda, acima de tudo "Broken Flowers" é um filme de viagem, neste caso temporal e espacial, quase que apetece dizer que "Broken Flowers" é um filme de filme de ficção-científica.
Bem sei que a visão de Jarmush é do mais real e consequentemente caótica possível, mas ao pegar numa personagem presa ao seu mundo e obriga-la a partir em descoberta do desconhecido, para destapar um passado é o mesmo que o colocar na máquina do tempo.

Seguimos a vida de Don (uma clara referência a Don Juan), um homem agora solitário, que recebe uma carta anónima que tem um filho. Com a ajuda do seu pseudo-detective e vizinho, decide embarcar numa viajem de visita às possíveis mães do seu filho, ou seja as suas ex-namoradas.
Esta viagem leva Don a uma mudança de espaço, já não está no seu confortável sofá, leva-o também a enfrentar uma realidade aparentemente desconhecida, ou seja, as suas ex-namoradas e as consequentes mudanças ocorridas nas suas vidas.

A cada visita Don, é confrontado com o passado e com o presente, e nada parece reconhecer. Está num mundo diferente, o tempo passou e tudo mudou.
A cada minuto Don procura o seu filho, aquele que ele próprio não queria aceitar, mas que agora tem a necessidade de ter e conhecer, afinal o tempo também alterou Don.
O final, um dos mais belos finais é ambíguo e uma clara referência as ligações passadas e futuras de Don, qual o caminho a seguir? Está no meio do cruzamento que caminhos existem?

Jim Jarmush retoma o cinema clássico e mudo, marcando claramente cada sequência (uma espécie de sketch). A precisão de cada enquadramento, a contenção de recursos tecnicos e acima de tudo o ritmo e a exploração de cada personagem, feita pelo detalhe e não por uma boca falante. Para o sucesso da personagem contou sem qualquer tipo de dúvida um desempenho contido de Bill Murray, pode não ser novidade, mas haverá mais alguém capaz de fazer o que Murray faz? É o olhar triste, é a contenção, é o nervo e acima de tudo a pose.

"Broken Flowers" foi vencedor do Prémio do Juri do Festival de Cannes, justo não sei, apenas sei que Jim Jarmush nos concedeu o prazer de assistir a um dos mais belos filmes do ano.

NeTo - 9/10

http://manualdosinquisidores.blogspot.com/2005/12/free-cinema.html

"O Fatalista" de João Botelho

Poderemos nós acreditar nos nossos olhos?
"O Fatalista" de João Botelho, é uma obra ambígua, onde o que vemos não é o que realmente vemos. Passo a explicar, acompanhamos a viagem de um patrão e de empregado (chamemos-lhe "road movie" (?)) mas a certo momento o patrão não parece ser o patrão e o empregado não parece ser o empregado. Ou ainda melhor o narrador constantemente remete a história desenrolada no ecran para uma interactividade com o público, sendo que no final arriscado e surpreendente a resposta para tais comportamentos é dada, ou pelo menos é dada uma pequena pista cabendo a cada um a sua interpretação.

Estamos perante uma obra filosófica com contornos burlescos e humor cruel, as interpretações são tremendas e em que a realização de João Botelho é simples, mas muito detalhada. A visão artística, teatral é nos dada desde logo seja pelas personagens seja pela iluminação, onde existe uma clara referencia clássica.

É um claro jogo de aparência sociais, e de consequente crítica. Adaptado de "Jacques le Fataliste" de Denis Diderot, o argumento mantem-se bastante actual, embora apartir do meio do filme, a narrativa seja em parte interrompida e a relação do espectador com a personagem Tiago (Rogério Samora) é quebrada com a inclusão de uma negra e cruel história que embora interessante (nem que seja pela grande Rita Blanco) aparece completamente deslocada em termos de ritmo da restante narrativa.

Assim, "O Fatalista" acaba por ser um belo e estimulante exercício de cinema, capaz de cativar a audiência, soltar um sorriso do rosto da mesma e ainda surpreender, num arrojado final que provocará por uns bons momentos uma bela conversa.
Para quem tem dúvidas que em Portugal o cinema está vivo.

NeTo - 7/10

"Flightplan — Pânico a Bordo" de Robert Schwentke

Jodie Foster volta aos ecrans após "Sala de Pânico" de David Fincher, e mais uma vês a um thriller.
Desenrolado no ambiente claustofóbico e intimidador que é um avião a muitos pés de altura. Mas não fosse Jodie Foster e possivelmente este vôo de Robert Schwentke teria acabado ainda pior. A pretenção de criar um grande thiller, levou Robert Schwentke à tentativa desesperada de copiar formulas de outros realizadores e ainda mais esquecer em grande parte as personagens e a narrativa.
Muitos poderão achar que "Flightplan" tem um «twist» eu acho que não, nada levava a tal desenrolar e acaba por apanhar o espectador de surpresa (pela negativa), chegando eu mesmo a questionar-me se não haveria ali um salto na projecção.
Tanto querer mas no final um enorme vazio apenas salvos por alguns grandes planos de Jodie Foster, embora tecnicamente todo o filme seja um vazio tremendo onde o recurso à câmara lenta é contante e inadecuado.

NeTo - 2/10

"In Her Shoes" de Curtis Hanson

O que primeiro salta à vista no novo filme de Curtis Hanson ("L.A. Confidential") é o fantástico trabalho do elenco, Toni Collette em particular, auxiliada por Shirley MacLaine e Cameron Diaz.
"In Her Shoes" será um filme de detalhes, sejam narrativos ou tecnicos, sejam físicos ou sentimentais. Temos personagens em constante mudança, temos espaços como espelho sentimental, e temos uma elegancia tecnica... pena é que tanta elegância provoque a espaços uma perca de ritmo e consequencia narrativas visíveis, caindo a espaços em banalidades.
"In Her Shoes" acaba por ser um objecto cinematográfico bastante interessante e a exemplo fica o realce dos momentos finais de inegável beleza.

NeTo - 7/10

"Wallace & Gromit: A Maldição do Coelhomem" de Steve Box & Nick Park

É bem verdade que a nível técnico o cinema de animação tem sofrido uma enorme transformação e evolução, os estúdios praticamente apostam na animação digital em deterimento dos métodos clássicos. Assim, os estúdios Aardman, acabam por trazer uma lufada de ar fresco, com o seu novo filme, animado em stop-motion com figuras em plasticina.
É verdade que a técnica é imensamente trabalhosa e não é menos verdade que tecnicamente o filme é um regalo para o espectador, mas como muitas outras obras de animação é a narrativa o grande problema. A criatividade não vai para além da repetição de gags ou momentos de inspiração retirados de alguns clássicos.
De qualquer forma "Wallace & Gromit" é possivelmente a nível do cinema de animação a melhor proposta que chegou até nós no ano de 2005.

NeTo - 6/10

"Stealth" de Rob Cohen

Alguma razão terá havido para que "Stealth" tenha sido um dos maiores fracassos comerciais e cinematográficos do ano. Razão não... mas razões.
É uma filme onde o humano (neste caso três pilotos de caças da força aérea), tentam derrotar um projecto militar (“Extreme Deep Invader – EDI”) que não é nada mais que um programa de inteligência artificial que pode provocar o início da III Guerra Mundial.
A falta de inteligência é brutal, que saudades temos nós de "2001 - Odisseia no espaço", regido pela mestria de Kubbrick.
Rob Cohen é uma aspirante a Michael Bay, e tem tudo e ainda mais para conseguir afundar os seus filmes em muitas e más sequencias de acção, onde qualquer conceito ou ideia se tornam ridiculos ou meramente secundários, transformando um filme numa rebaldaria desconexa.
Em "Stealth" foram gastos 13o milhões de dolares, e não foi gasto o mínimo de inteligência ou inspiração, resta agarrar em pequenos momentos em que as críticas à governação militar é posta em causa, mas apenas isso.

NeTo - 1/10

"Uma Sogra de Fugir" de Robert Luketic

As espectativas não eram muitas, apenas o facto de assistir ao regresso de Jane Fonda ao grande ecran.
"Uma Sogra de Fugir" é igual a um enorme numero de comédias americanas que nos invadem semana a semana, sem nada de muito interessante a comunicar e apenas a espaços "roubando" um sorriso a plateia, sendo a aposta na "pequena veterana" actriz Wanda Sykes, mais que acertada.
No geral é uma obra insignificante, que apenas sobrevive pelos belos improvisos de Wanda Sykes e só mesmo isso o salva da miséria absoluta que são muitas outras comédias.

NeTo - 3/10

"Star Wars: Episódio III — A Vingança dos Sith" de George Lucas


E assim termina o prelúdio que anunciava o final da saga, mas que apenas dá início à verdadeira saga. Nasceu o Herói, nasceu o Vilão. Esta "nova" saga nunca se afirmou narrativamente, existia o dark side, porque sabiamos que tinha que existir, não havia um grande heroi e muito menos um vilão. Haviam sim criaturas digitais ridículas e uma preferencia por efeitos especiais e sequencias de acção em deterimento dos diálogos e as personagens. Salva-se Ewan McGregor num enorme esforço de salvar cada uma das suas cenas, acabando a sua força e tensão, por ser destruida por mais um de mil e um artifícios. De salvar que o melhor momento só poderia ser o final, onde o herói e o vilão se "cruzam" neste mundo e em que finalmente a câmara de Lucas acalma e filma com precisão o nascer de Lord Vader e o seu respirar.
Pena que a saga "Star Wars" seja composta por mais estes três filmes, o que antes era uma obra cinematográfica, tem agora um prelúdio apenas gráfico.

NeTo - 4/10

quinta-feira, dezembro 29, 2005

"The Woodsman" de Nicole Kassell

Uma interessante visão da pedófilia pelo lado do pedófilo. Pode parecer em tudo estranho, mas é verdade. Em tons depressivos a primeira longa-metragem de Nicole Kassell acompanha a "viagem" de redenção e inserção na sociedade de um ex-condenado, por pedófilia.
Interessante é a abordagem serena e simplista da realização, assim como a ideia e conceito ao qual se agarra o argumento original, criando uma forte e inteligente ligação com o conto infantil "O capuchinho vermelho".
Para ser visto por tudo isto, e ainda por uma fabulosa construção de personagens das quais se destacam um enorme Kevin Bacon, esquecido pela Academia.

NeTo - 7/10

quarta-feira, dezembro 28, 2005

"A Noiva Indecisa" de Gurinder Chadha

Gurinder Chadha após "Bend it like Beckham" volta a tentar colocar o "mundo indiano" no "mundo ocidental". Se no seu primeiro filme eram apenas aspectos envolvendo personagens, nesta nova visão sobre o livro "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, Gurinder Chadha envolve o forma típica do cinema indiano, com uma narrativa extremamente hollywoodesca e o resultado é um objecto fraco e extremamente desiquilibrado.
Se a estática a espaços é fabulosa, a narrativa pelo seu lado é cansativa e ineficaz, devido em parte a um elenco mais preocupado em desfilar e sorrir, do que em representar.
"A Noiva Indecisa" é o que podemos chamar um "cliché" em bruto, em que as diferenças culturais, os ricos, os pobres, os bons e os maus, são meras figura bidimensionais, que nem as musicas indianas (cantadas em americano) e a côr conseguem salvar.

NeTo - 3/10

"Spanglish" de James L. Brooks

Respirando do cinema clássico, James L. Brooks volta ao seu ambiente, à comédia romântica recheada de personagens movidas por convulsões sentimentais sem nunca esquecer os diversos factores sociais.
Que a América é um país multi cultural não é novidade para ninguém. Muitos foram e são os estrangeiros que procuram alcançar o «american dream», e "Spanglish" é uma visão interessante de um dos mais interessantes de comédia romântica (dramática).
Com um elenco tremendamente eficiente, no qual se destacam Adam Sandler, Téa Leoni, Paz Vega, Cloris Leachman, "Spanglish" é uma das comédias mais interessantes do ano, para além de nos apresentar um Adam Sandler bem acima da média.
Para ver e recordar os momentos altos de Brooks, em "Laços de Ternura" e "Melhor é Impossível".

NeTo - 7/10

terça-feira, dezembro 27, 2005

ENTRE AS IMAGENS

“Rashomon” de Akira Lurosawa (1950)

De Akira Kurosawa são sobretudo famosos pelo menos junto de um publico e dos ecos, os seus monumentais épicos, por exemplo “Os Sete Samurais”, 1954 ou “Ran”, 1985, especialmente nos últimos tempos em que se têm evocado o nome do mestre e por arrasto estes épicos para justificar e comparar as batalhas da trilogia de “O Senhor dos Anéis”.
Kurosawa sempre foi também reverenciado por muitos dos “movie-brats” dos 70´s, de Lucas que é sabido inspirou-se e muito em alguns dos elementos mais “fantásticos” dos seus filmes para construir o seu universo e a “space opera” de “A Guerra das estrelas”, Spielberg que sempre o assumiu como uma das influencias máximas, tendo inclusive ajudado na produção de uma das suas obras finais, “Dreams”, 1990, ou mesmo a sua evocação por Leone nos seus geniais “Westerns “ ou mesmo “ Os Sete Samurais” convertido em “Os Sete Magníficos” por John Sturges em 1960… enfim gerações de cinéfilos admiradores e devedores da sua obra…

Mas depois existem filmes mais pequenos em escala, nunca por nunca menores, mais íntimos se quisermos, onde o realizador desenha com um rigor impressionante a sua percepção sobre a natureza dos homens e dos seus feitos, analisemos “Rashomon” de 1950.

Tudo começa num templo, no século X, no Japão, vemos a placa e o nome deste, uma série de imagens características do templo, música tradicional, misteriosa, depois o silêncio tudo envolto em chuva…sempre a chuva, e com isto somos rapidamente introduzidos no universo lancinante e poético de Kurosawa.

Logo depois entramos no templo, dois homens, um lenhador e um bonzo, ambos discutem o mal dos tempos e dos homens, um deles começa: “Não entendo... Simplesmente não entendo”, continua: “Não entendo em absoluto” e ainda: “Simplesmente não entendo” a reacção do outro é de espanto perante a perplexidade deste, pouco depois atira sublinha: “Nunca ouvi uma história tão estranha”…e com isto está dado o mote rumo ao questionamento dos homens e das verdades.

A História contada pelo homem: Um Samurai e a sua mulher passavam tranquilamente numa floresta, são atacados por um bandido, o homem surge morto.
Uma série de questões são postas durante o processo que vemos em flashbacks: O assassino terá violado a mulher? A esposa terá consentido? O marido acobardou-se? Fugiu e Suicidou-se?

Cada um dos protagonistas vai ter uma resposta diferente, isto literalmente, pois até o homem morto vai ter oportunidade de expor o seu ponto de vista através de uma feiticeira, num momento de puro êxtase emocional.

Três pontos de vista portanto, a mulher, o homem morto e o assassino? Errado, o lenhador que está presente no templo também presenciou a tudo escondido na floresta.
Entramos então num dispositivo de avanços e recuos em direcção aquilo que mais tarde nos damos conta e nos consciencializamos: uma quimera.
Uma quimera porque depois de expostas as “verdades” de cada um dos envolvidos, temos quatro verdades possíveis, o que estilhaça qualquer noção de ordem ou de fidelidade relacional, entre o homem e a mulher, por exemplo, da parte do lenhador, supostamente integro.

No final a adopção de um bebé por parte do lenhador fica como um raio de esperança? …uma redenção? …é ambíguo, sobretudo ambíguo, e o espectador impotente perante o dilema recebe como que um choque de consciencialização.

E o filme é absolutamente magnífico, desde as cenas da floresta em que somos embalados por uma partitura em estado de graça, passando pela poesia dos rostos, dos corpos e dos espaços e pela absoluta geometria dos enquadramentos do Mestre – sente-se que poucos realizadores terão trabalhado assim maniacamente e elegantemente o culto do enquadramento – somos literalmente esmagados pela elevação superior do todo.

Quanto ao mecanismo, que aqui é tão anti mecânico sobretudo pela fluidez imprimida, remete claramente para as variações feitas por Tarantino em “Jackie Brown” ou para os célebres episódios da série de Hitchcock mas obviamente o filme é anterior e então ficamos pasmados a assistir a algo tão brutal de todos os pontos de vista, a algo tão belo e perfeito.

JOSÉ OLIVEIRA

Título em Português: "Rashomon, às portas do inferno"

domingo, dezembro 25, 2005

"O Segredo dos Punhais Voadores" de Zhang Yimou

Zhang Yimou anteriormente havia apresentado "Hero", um filme visualmente e narrativamente estimulante envolto numa ambiguidade que o tornava num dos mais belos filmes dos ultimos anos.
Em "O Segredo dos Punhais Voadores" a beleza fotográfica está presente, mas a eficácia narrativa e acima de tudo o ritmo da acção, prejudicam tão belas e poéticas imagens.
Sem ser tão eficaz como o antecessor, "O Segredo dos Punhais Voadores" é igualmente estimulante a nível visual, mas a espaços torna-se cansativo e acima de tudo uma repetição e um mero exercício de estilo.

NeTo- 6/10

"Mar Adentro" de Alejandro Amenábar

A facilidade de acusar este filme sobre a eutanásia, de tendêncioso e lamechas era enorme, mas Amenabar cria um melodrama com contornos fabulescos.
Javier Bardem encarna Ramon Sanpedro, vítima de um acidente que o remete eternamente para uma cama, o seu objectivo na vida passa a ser a libertação, ou seja a morte.
É uma história de morte e amor, onde a o amor se opõe à morte e em que o amor leva a morte.
Uma visão intensa e a espaços bela e pura, que facilmente estimulará o espectador a uma atenta reflexão sobre tão delicado assunto.
Apenas de salientar a ausencia quase total do aspecto juridico, remetendo toda a acção para o conflito social, mas uma pequena incursão pelo tribunal é mesmo o destoar de toda a narrativa.
Vencedor do Oscar para melhor filme de lingua não inglesa, "Mar Adentro" é uma obra que demonstra que o cinema europeu é ainda uma fonte de pureza cinematográfica.

NeTo- 8/10

sábado, dezembro 24, 2005

"O Maquinista" de Brad Anderson

O denso ambiente e o argumento de contornos negros, integram a audiência num estranho e apelativo mundo criado para dar forma ao novo thriller psicológico de Brad Anderson.
Se a forma cativa facilmente, o seu conteúdo fica bastante longe do que era pretendido e de claramente de todas as referências que Anderson trazia para a obra.
Acaba por resistir no meio de uma imensa superficialidade e de uma inoperância narrativa, o corpo "formado" e seco de Christian Balle, nada mais que osso e pele, a encarnar um homem perturbado que deixou de durmir há um ano.
A espaços interessante, mas no final falta um pouco de coragem de levar a "máquina" mais longe.

NeTo - 4/10

"House of the Dead" de Uwe Boll

Nos muitos filmes estreados nas nossas salas existem dois que se distinguem dos restantes, e ambos são assinados por Uwe Boll.
Ao abrir do ano cinematográfico estreou "House of the Dead", adaptação do videojogo com o mesmo nome.
Sem qualquer motivo de interesse, estamos perante um não filme, um enorme amontoado de imagens e fragmentos do jogo, sem nunca esquecer os efeitos sonoros desde o Game Over até ao arranhar dos Zombies.
Fraco, sem nexo e vergonhoso

NeTo - atentado ao cinema

FELIZ NATAL A TODOS

Nos próximos dias e a caminho do próximo ano, farei a revisão do ano cinematográfico, e para isso fazendo pequenos comentários a alguns filmes que foram vistos mas nunca comentados.

Cumprimentos e Um Feliz Natal.

domingo, dezembro 18, 2005

PROXIMA ESTREIA

"ODETE" de João Pedro Rodrigues


Sinopse

“O filme é sobre como ultrapassar o abandono da pessoa que se ama, como viver depois da morte da pessoa que se ama, como fazer o luto, como sobreviver. A Odete é uma rapariga que quer ter um filho, o namorado não quer, abandona-a, e ela vai pedir a um fantasma que lhe faça um filho e acaba por se transformar num fantasma.” - João Pedro Rodrigues



Realizador

João Pedro Rodrigues é o cineasta formado na conservatória de Lisboa premiado em Veneza com a curta-metragem “Parabéns” em 1997 e que em 2000 com “O Fantasma” realiza aquele que pode ficar como o filme mais radical, inovador e corajoso que o cinema português pode apreciar em largos tempos, conto nocturno, quase como uma banda desenhada, em que um corpo vagueia pela noite lisboeta em busca de um desejo e de uma obsessão.
No filme, uma odisseia estonteante, em clima sufocante e irrespirável pelo meio do lixo, podia-se apreciar um saber enciclopédico do cinema e o domínio de todos os recursos e matérias do realizador, ao mesmo tempo que existia nele uma vontade de reinvenção que insuflava o filme de uma candura e de uma poética inocente, acabando este numa mistura híbrida ente Nosferatu e Batman.
“O Fantasma” competiu na competição oficial de Veneza e venceu diversos prémios internacionais, transformando o realizador numa enorme promessa do cinema europeu.
“Odete” parece ser a confirmação absoluta de um autor, história de fantasmas como na obra anterior, vencedora de um prémio em Cannes e aclamada aquando na participação no festival.



Ana Cristina Oliveira

Conhecida sobretudo como modelo, com escassas participações em cinema, contam-se entre as mais relevantes “Tudo isto é Fado”, 2004, Luís Galvão Teles ou a primeira introdução em Hollywood com “Táxi”, acabou também de fazer um pequeno papel em “Miami Vice” o novo de Michael Mann mas ficou sobretudo conhecida num celebre anuncio da Levis.
Segundo a imprensa internacional é assombrosa na figura de uma patinadora de supermercado histérica, alucinada com a sua gravidez e envolta em fantasmas.
Para o realizador o que atraiu mais nela foi: "Ela é extraordinária. Para mim, ela tem um lado Marilyn. Há um lado de fragilidade nela que se revela por uma aparente força. Tem um lado de possuída que eu gostava que a Odete tivesse. E acho que é uma pessoa muito táctil. Tem algo que eu gosto nos actores: que se possa sentir os corpos deles. A coisa que primeiro me faz olhar para um actor é o olhar, a maneira de estar física”.
Vencedora do Prémio Janine Bazin - Melhor Interpretação do festival nternacional de Cinema de Belfort - Entrevues Festival International du Film, um dos mais prestigiados de França.



Nuno Gil

De formação teatral, no conservatório, de Lisboa, do porto, e em outros territórios, diz que não consegue estar muito tempo no mesmo sítio e que quando viu pela primeira vez “O Fantasma” quis logo conhecer o realizador pois identificava-se com a sua abordagem.
Diz que foi um percurso difícil conseguir o papel em “Odete” e que o consegui depois de longos testes, habituais já no realizador.Define-se como um actor físico, que gosta de trabalhar com o corpo.

ESTREIA DIA 29 de DEZEMBRO