terça-feira, janeiro 18, 2005

A utilização de animação digital em detrimento de cenários “reais”...

O cinema durante os anos tem vindo a sofrer grandes mudanças. Nos ultimos tempos uma nova mudança ocorreu, em “Sky Captain e o Mundo de Amanhã” e “Immortel (ad vitam)”, ambos em exibição nos nossos cinemas, os cenários onde decorre a acção são totalmente criados digitalmente, enquanto que as personagens continuam a ser de carne e osso.
Em ambos os filmes as gravações ocorreram sem cenários, os actores limitavam-se a representar frente a um ecran azul e só posteriormente foram adicionadas a essa imagens os cenários criados por computador, por exemplo, os Himalaias e Nova York são alguns dos cenários criados digitalmente. A utilização deste método permite segundo alguns diminuir o tempo de rodagem e por consequencia os custos totais dos filmes, mas também os actores têm a ganhar, pois sendo o tempo de rodagem mais curto poderão participar num maior numero de filmes durante um curto espaço de tempo, mas para além disso em “Sky Captain e o Mundo de Amanhã” o vilão é Laurence Olivier, actor falecido em 1989 é o vilão, tendo sido “ressuscitado” com o suporte das novas tecnologias.
Será este o caminho do cinema, enganar cada vez mais as audiências e cada vez mais se afastar da vertente artística para passar a ser apenas um meio industrial e económico, ou por sua vez serão apenas casos isulados que mais cedo ou mais tarde vão ser lembrados como filmes que tentaram mudar tudo, mas no final nada mudou.

Em relação a esta situação, para além do que muitos dizem ser positivo muito há de negativo, por exemplo, será moralmente ético “ressuscitar” actor falecido, tanto a nivel familiar, como a nivel profissional, existo algo de pouco ético neste acto. Nenhum actor deve gostar de ser substituido por um “boneco” digital de um actor falecido. Isto leva a pensar que poucos limites existem no cinema, deixam de existir limites éticos, tecnicos, humanos, restando apenas os limites da imaginação, imaginação essa que estará em alguns casos a ser utilizada para simplesmente ganhar dinheiro.

Penso que o cinema tenderá a afastar-se destes métodos 100% digitais de criar cenários e actores e isso será imposto pela vertente que os produtores queriam conquistar, a vertente económica/publico. Vão ser os resultados de bilheteiras que irão dizer que este tipo de cinema que o público realmente quer. O lucro vai sempre existir, mas existe o gosto do espectador, até que ponto o espectador se deixará enganar constantemente por cenário, que na realidade existem, mas são criados de forma digital, recorrendo a uma forma mais fácil de fazer as coisas, despresando a arte e sensibilidade humana.

Não creio ser este o caminho que o cinema deva seguir... usar a imaginação tudo bem, mas agora deixar que um computador faça tudo???
Não.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

"Vincent" de Tim Burton

"Vincent" é uma curta de animação com cerca de 6 minutos.

A magia, a originalidade e a ilusão, aliadas à mente de Tim Burton, deram origem a uma obra simplesmente GENIAL. O poema da autoria do própio Burton é uma coisa simplesmente fantástica, comovente e até irónica.
Quanto ao resto é ver para querer, a luz, os contrastes e o surrealismo dos cenários, criam um "mundo" obscuro e excitante.

Para narrar esté conto, Burton chamou uma referencia, Vincent Price, este que é citado durante o poema que ouvimos da sua voz profunda, quente e sentimental.

Mágico Mágico Mágico

Quanto ao poema fica aqui...

VINCENT by Tim Burton


Vincent Malloy is seven years old
He's polite and always does as he's told
For a boy his age, he's considerate and nice
But he wants to be just like Vincent Price

He doesn't mind living with his sister, dog, and cats
Though he'd rather share a home with spiders and bats
There he could reflect on the horrors he has invented and wander dark hallways alone and tormented

Vincent is nice when his aunt comes to see him
But imagines dipping her in wax for his wax museum
He likes to experiment on his dog Abocrombie
In the hopes of creating a horrible zombie So that he and his horrible zombie dog could go searching for victims in the London fog

His thoughts aren't only of ghoulish crime
He likes to paint and read to pass some of the time
While other kids read books like "Go Jane Go"
Vincent's favorite author is Edgar Allen Poe.

One night while reading a gruesome tale
he read a passage that made him turn pale
Such horrible news he could not survive
For his beautiful wife had been buried alive

He dug out her grave to make sure she was dead
Unaware that her grave was his mother's flower bed
His mother sent Vincent off to his room
He knew he'd been banished to the tower of doom
where he was sentenced to spend the rest of his life
alone with the portrait of his beautiful wife.

While alone and insane incased in his doom
Vincent's mother burst suddenly into the room
She said, "If you want, you can go out and play
It's sunny outside and a beautiful day."

Vincent tried to talk but he just couldn't speak
the years of isolation had made him quite weak
So he took out some paper and scrawled with a pen:
"I'm possessed by this house and can never leave it again.
" His mother said, "You are NOT possessed and you are NOT almost dead
These games you play are all in your head
You are NOT Vincent Price, you're Vincent Malloy
You're not tormented or insane, you're just a young boy
You're seven years old, and you are my son
I want you to get outside and have some real fun."

Her anger now spent, she walked out through the hall
While Vincent backed slowly against the wall
The room started to sway, to shiver and creak
His horrored insanity had reached its peak
He saw Abocrombie, his zombie slave and heard his wife call from beyond the grave

She spoke through her coffin and made ghoulish demands
While through cracking walls reached skeleton hands
Every horror in his life that had crept through his dreams
swept his mad laughter to terrified screams

To escape the badness, he reached for the door
but fell limp and lifeless down on the floor
His voice was soft and very slow
As he quoted "The Raven" by Edgar Allen Poe:
"And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted...Nevermore."

"DOGVILLE" de Lars Von Trier

Dogville, é uma vila em que a Natureza Humana está à vista de cada um, não existem barreiras no cenário que nos impessam de olhar só para as personagens, nem existem efeitos rídiculos tão comuns no cinema de hoje. É ao mesmo tempo um filme simples e um filme complicado.
Simples a nível visual, complicado a nível intrepertativo e a nível da realização e da narração.

A nível visual só o que interessa é que está lá, um pouco parecendo um teatro, o espaço é curto e o cenário não se pode sobrepor aos actores.

A nível da realização, Lars von Trier utiliza "uma" camara vigorosa e dinamica alternando entre os planos gerais para lançar um ponto dramático e de seguida passa par um grande plano ou muito grande plano, para desenvolver o dramatísmo, chegando mesmo a esconder o cenário que já de si é quase inexistente.

Em relação à narração, será possivelmente o ponto mais forte do filme, o argumento e o papel de narrador estão sublimes, sendo quase os olhos do espectador... digo olhos porque quase tudo em "Dogville" tem de ser imaginado ou adivinhado, é uma obra quase interactiva, em que o principal objectivo será estimular o nosso cérebro em termos de criatividade para depois nos interrogarem sobre questões Humanas.

Como já disse a alguns amigos "Dogville" não é um filme para cérebros perguiçosos.

"Dogville" é uma nova abordagem do cinema, visto que o cinema é feito para "enganar" os espectadores, neste filme as tentativas de enganar são poucas... mas a maior parte dos enganos virão de nós mesmos para nós mesmos.

É um filme sobre o lado negro da existencia humana, abordando algo que a mim me irrita particularmemte que é a hipócrisia. É um filme que até ao final não deixa ninguém indiferente, tendo o seu final contornos perversos ao estilo de "Kill Bill", mas ao mesmo tempo algo de trágico proveniente da teatralidade.

A simplicidade aliada à boa escrita criaram um filme BOMBA.

A PSICOLOGIA E O CINEMA
Uma das fontes de inspração do cinema é sem dúvida a psicologia, não existe nenhum filme que directamente ou indirectamente aborde a psicologia Humana ou animal, como em alguns casos.
A complexidade da mente sempre foi abordada pela 7ª arte e das mais variadas maneiras, ultimamente temos um caso de um argumentista que explora a mente de uma maneira que mais ninguém fez. Charlie Kauffman explora a mente como um local físico, como uma realidade, ou se preferirem uma "surrealidade".
Mas a psquisa que efectuei, limita-se a filmes que abordam alterações psiquicas que esta ciência tenta perceber.
Para os mais interessados fica aqui uma lista e um site bastante interessante:
ALZHEIMER

“Iris” de Richarde Eyre, 2001, Judy Dench e Kate Winslet (drama)

AMNÉSIA

“Identidade Desconhecida – Bourne Identity” de Doug Liman, 2002, Matt Damon (acção)

AUTISMO

“Encontro de irmãos – Rain Man” de Barry Levinson, 1988, Tom Cruise e Dustin Hoffman (drama)

DISTURBIO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

“Vida Interrompida – Girl Imterrupted” de James Mangold, 1999, Angelina Jolie (drama)

DEFICIENCIA

“I am Sam – A Força do Amor” de Jessie Nelson, 2001, Sean Penn e Michelle Pfeiffer (drama)

DEFICIENCIA MENTAL

“A Outra Irmã – The Other Sister” de Garry Marshall, 1999, Julliette Lewis (drama)

DEPRESSÃO

“As Horas – The Hours” de Stephen Daldry, 2002, Nicole Kidman (drama)

ESQUIZOFRENIA

“Uma Mente Brilhante – A Beautiful Mind” de Ron Howard, 2001, Russel Crowe (drama)

ESQUIZOFRENIA CATATÓNICA

“Despertares – Awakenings” de Penny Marshall, 1990, Robert De Niro (drama)

PSICOPATIA

“Nos Limites Do Silêncio – The Unsaid” de Tom McLoughlin,2001, Andy Garcia (drama)

PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

“Melhor é Impossível” de James L. Brooks, 1997, Jack Nicholson (comédia/drama)

RELAÇÃO TERAPEUTICA

“O Sexto Sentido” de M. Night Shayamalan, 1999, Bruce Willis (suspense)

SOBREDOTAÇÃO

“O Bom Rebelde” de Gus Van Sant, 1997, Matt Damon (drama)
Para uma pesquisa mais elaborada e com mais explicações visitem este site:

quarta-feira, janeiro 05, 2005

À ESPERA DO FANTAPORTO

Um dos momentos altos do cinema em Portugal está prestes a chegar, o FANTASPORTO.
Este ano com um sentimento especial, o FANTAS faz 25 aninhos, Bodas de Prata.
Até custa a crer que um festival de cinema fantástico, resiste há 25 anos num País que não tem grande tradição no cinema, especialmente no género acolhido por este festival.
25 anos é muito tempo. Não era eu nascido e já se organizava este festival, que agora é só um dos mais importantes da Europa e até do Mundo.

Como acontece desde 2001, irei acompanhar as sessões para as quais tenha disponibilidade, tanto a nível de tempo, como económico.

Numa visita ao site oficial do FANTASPORTO, deparei com um numero enorme de filmes, que prometem grande qualidade.
Nomes como Vincenzo Natali ("CUBO"), Francis Lawrence e Alexander Paine, são garantia de qualidade.

Eu estou à espera... "mortinho" por um susto e bons filmes.

The Last Horror Movie de Julian Richards

Tive o previlégio de ver o filme na ultima edição do FANTASPORTO.

Devo dizer que é dos mais originais argumentos que já vi, já para não falar da perversidade e obscuridade da cabeça de quem o escreveu. Isto é assustador.

"The last horror movie" é um filme dentro do filme, é algo desconcertante, ao início estranho e confuso, mas os ultimos 5 minutos são arrebatadores... eu sai da sala em estado de choque.

É o puro horror a fervilhar nas veias e nas nossas perversas e maquiavélicas mentes. E depois a ajudar, um actor a mexer e a entedear o público, Kevin Howarth (que estava presente na sala) cria um psicopata frio e aterrorizante, conseguindo rivalizar com Hannibal Lector. Vejam o filme que é bastante bom.

Até porque pode ser o vosso ultimo filme de terror

9

Missão a Marte de Brian De Palma

Este é um filme de ficção científica, muito especial... até porque não é muito o meu género andar a ver naves a viajar de planeta em planeta. Sinceramente este não é o meu estilo.

Mas nesta obra de Brian De Palma, encontrei muita coisa que me agradou, uma delas de o filme em sí não ter uma abordagem de ficção-científica, mas sim uma abordagem clássica. Combina com todo aquele ambiente espacial um certo espiritualismo, sentimentalismo e interrogações sobre as origens humanas. E é isto que aos meus olhos torna o filme tão especial, pois não é um filme que vive às custas de grandiosos efeitos especiais. Também porque me pareceu ser um filme de referências e isso agrada-me.
Depois as opções tecnicas de Brian De Palma são fantásticas num filme destes, talvez mesmo inovadoras, conseguindo colocar-nos por momento dentro de uma nave espacial. O filme durante os primeiros minutos de apresentação, é filmado em 3 - 4 planos sequencia de uma complexidade brutal. Depois alguns planos dentro da nave que são mágico, parecendo um concerto de musica clássica. Um momento de dança sem gravidade fantástico e para alé dos momentos de suspense estarem brilhantemente acompanhados com uma banda sonora de um senhor, Ennio Morriconne.

Mas o que mais me agradou no filme, foi sem duvida alguma o dramatismo e a procura das personagens. Gary Sinise é grande. E Tim Robbins enche o coração a qualquer um numa enorme prova de amor.

Podia aqui falar em alguns defeitos, mas poderia estragar o que o filme tem de surpreendente... apenas digo que tem um final melodramático que ninguém está a espera... pelo menos acho eu

8

O Fantasma da Ópera de Joel Schumacher

Realizador:Joel Schumacher... é possivelmente o realizador mais imprevisível de Hollywood. Tão depressa está a fazer um filme intimista e com custos reduzidos ("Tigerland", "Veronica Guerin", "Time to Kill" e até o próprio "Phone Booth"), como a seguir está a fazer algo com todos os recursos à sua consideração ( "Batman Forever", "Batman & Robin" e agora "O Fantasma da Opera). Para além de ser um realizador que alterna o muito bom com o muito mau, depois do "experimental" "TIGERLAND", fez o miserável "BAD COMPANY".

Neste "O Fantasma da Ópera", Schumacher entra também num novo contexto, o filme de amor, o excessivo romantismo, tema que nunca de forma tão declarada tinha abordado. E o resultado não é mau de todo, mas dá para reparar que não é um realizador talhado para contar uma história de amor. Em termos gerais o filme é bastante agradável, apresentando momentos límpidos de cor, contrastando com momentos de preto&branco sujos. Sendo nestes momentos sujos que Schumacher se sai melhor é mais o seu clima, mais intimista, não tão romantico. Mas a cor tinha que lá estar, ou não fosse este filme um musical, assinado por Andrew Lloyd Webber, que assinou o guião com o próprio realizador. O melhor da estética do filme provem da luz das velas e dos dourados das decorações.

Em relação à musica, tem momentos de excelente colagem com as imagens provocando em 4 ou 5 momentos um efeito de "pele de galinha"... o que não é muito vulgar na minha pessoa. Mas para compensar existe um momento em que a música excede a sua época e passa para contornos mais modernos, o que não fica tão bem, parecendo um pouco absurdo, manter os contornos clássicos das músicas seguidos de um "remix" com batidas modernas, parecendo que estamos de volta ao "Moulin Rouge".

Será um filme para os Romanticos, embora quem não o seja também possa encontrar momentos bastante agradaveis, embora em certos momentos o filme morra um pouco, principalmente em alturas em que entra a personagem Raoul de Chagny. O desempenho dos actores é bastante agradável de salientar principalmente o desempenho feminino de Emmy Rossum (tem asas para voar) e das sempre fantásticas Minnie Driver e Miranda Richardson. Na interpretação masculina a vantagem vai toda para Gerard Butler ( o fantasma) que rouba qualquer cena a qualquer outro actor. Uma ultima palavra para Schumacher que sabendo das suas limitações, não inventou e fez a coisa, mais ou menos certa, sendo o seu melhor momento um momento intimista de Emmy Rossum.

Mais não revelo, porque ppodia estragar as coisas Não é um filme emenso, mas vale bem o dinheirinho.

7.5

terça-feira, janeiro 04, 2005

ROLLCAMERA
apresenta
OS MELHORES DE 2004
Mais um ano chegou ao fim.
Agora deixo aqui aqueles que marcaram o ano cinematográfico, pelo menos na minha opinião.
Todos os filmes, actores, realizadores ou bandas sonoras, vão ser colocados sem ordem de preferencia e num total de 3 por categoria.
  • MELHOR FILME

À Procura da Terra do Nunca
A Vila
O Despertar da Mente

  • MELHOR ACTOR

Jonnhy Depp
Benicio del Toro
Mark Ruffalo

  • MELHOR ACTRIZ

Bryce Dallas Howard
Kate Winslet
Samantha Morton

  • MELHOR REALIZADOR

M. Night Shayamalan
Quentin Tarantino
Tim Burton

  • MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Belleville-Rendez-Vous
Shrek 2
The Incredibles

  • MELHOR ARGUMENTO

O Despertar da Mente
A Vila
Big Fish

  • GUARDA ROUPA

A Vila
À Procura da Terra do Nunca
O Fantasma da Opera

  • FOTOGRAFIA

A Rapariga com Brincos de Pérola
A Vila
Peter Pan

  • BANDA SONORA

Belleville-Rendez-Vous
A Vila
Terra da Abundância

  • SURPRESAS

Peter Pan
A Escola de Rock
Efeito Borboleta

  • DESILUSÕES

Tróia
In The Cut
O Paraíso da Barafunda


Capturing the Friedmans de Andrew Jarecki

Um documentário fantástico.
O tema é chocante, mas a abordagem do realizador faz com que este documentário se torne enigmático e imprevisivel. Por vezes da-mos por nós a questionar se é a justiça que tem razão ou se é a família Friedman que está a ser injustiçada.

Bastante interessante é as entradas constantes no seio da família, atraves das gravações videos. Gravações essas que nos permitem ver o degradar das relações familiares e todas as dúvidas que cada membro da família vai ter em relação à inocencia do filho ou marido/irmão ou pai. Temos para confundir e para ajudar a manter o interesse entrevistas a pessoas que directa ou indirectamente estiveram ligadas à família.

Sem dúvida uma das melhores obras cinemátográficas dos ultimos anos. Numa situação destas qualquer um pode ser a vítima.

Só os factos é que são revelados, não existe nenhuma manipulação.

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