segunda-feira, janeiro 29, 2007

Blogue de Produção de Curta-Metragem


Está online, apartir deste momento um Blogue que dará informações sobre a Produção e o desenvolvimento de uma curta-metragem de ficção. É um projecto de um grupo de Alunos da Escola Superior Artística do Porto (ESAP) e tem como título "Ana e a Emancipação da Alma".
A criação deste blogue deve-se à necessidade de divulgar patrocinadores e também do trabalho desenvolvido.

Visitem e comentem em: http://aeaproducao.blogspot.com

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Sessão de Curta-Metragens


Na Sala Bebé – Cinema Batalha
às 21h 30


e


apresentam



"DESOLO" de Realizadores da Escola Superior Artística do Porto (17’)

"Filme rodado metricamente, em 14 Magníficos Quadros Artísticos, no Alto de Santa Justa."



"O MONSTRO" de Paulo Guilherme Caldas (4’ 20’’)

"... e essa mesma luz/ que te viu nascer/agora te ilumina/nas horas tardias de um tempo/que te vê envelhecer."



"FAIXA SONORA" de José Miguel Oliveira, Ana Maria Carneiro, Luis Carneiro e Manuel Barros (5’)

"Uma faixa sonora, uma voz, quatro olhares."



"DETAIL" de Ana Maria Carneiro (2’)

"A Mulher, ferida, prepara-se para a vingança."



"A GATA BORRALHEIRA" de Sério Fernandes (3’)
"A casa de Francelos, na poética de Sério Fernandes, fechando o filme Sissa."



"A VER O MAR" de Lukas Palha Koehnke
"Gustavo está na praia a ler um livro quando ele de repente descobre uma rapariga misteriosa, que parece ter aparecido do nada
Uma viagem por tempo e espaco à procura do amor, em que ele tenta apanhar uma coisa, que não se deixa apanhar. "


"ANIMAIS" de Sérgio Cruz (2' 39”)
"Parte de uma análise coreográfica sobre o corpo humana/animal. Trata de uma ironia sobre o corpo animal, resultante de uma semana de improvisações na área da dança, em regime de residência artística."



"O OUTRO LADO" de Jorge Bernardes (5' 31”)
"Fechada num espaço desconhecido, uma jovem revive o seu passado e confronta o seu maior medo: um antigo mas presente conflito interior. Do outro lado alguém a observa."




"VEJO-TE QUANDO LÁ CHEGARES"
de Filipe Henriques (14' 12”)
"O acaso reúne Baldé e Xavier, dois homens aparentemente muito diferentes e cruza os seu caminhos aliando-os de uma forma definitiva. Ainda que o primeiro impacto desse encontro tenha resultado em hostilidade (...), surge entre os dois uma curta mas significativa relação de união e cumplicidade que lhes proporciona não a resolução dos seus problemas, mas a força e a coragem para os enfrentar e ultrapassar."




"AMBULANCE" de Joana Gaio



"O OUTRO LADO" de Nuno Portugal (5')
"A polícia prepara uma operação de captura de um perigoso criminoso. No entanto, a operação começa mal desde início e um dos inspectores vê-se envolvido num surpreendente jogo de poder. A vingança é agora a sua única arma para sobreviver."

programação sujeita a alterações


apoio: ICAM Ministério da Cultura

quinta-feira, janeiro 18, 2007

“Fast Food Nation” de Richard Linklater


Onde está o herói do cinema Americano?

Richard Linklater, é aparentemente um realizador sem estilo, e em boa verdade talvez nem o tenha, mas a sua filmografia, mais recente como este “Fast Food Nation” ou “Antes de Anoitecer” e à mais antiga como “Antes do Amanhecer”, com “Escola de Rock” pelo meio, será possível reflectir sobre uma realidade não comercial, mas puramente “indie”, ao longo da obra de Linklater, e em que “Fast Food Nation” se assume como o estado completo de depuração de um estilo.

Linklater nunca fou um entusiasta pela narrativa simplista e académica, trabalhou com os próprios actores no processo de argumento (Julie Delpy e Ethan Hawke), preocupa-se mais com a forma do que propriamente com a narrativa (Escola de Rock), embora qualquer um dos seus filmes anteriores tivessem o seu quê de experimental e vivendo no interior da Industria Cinematográfica, Linklater possivelmente nunca se conseguiu impor completamente.

Agora ligeiramente fora da Indústria, o espírito “indie” e “maverick” parece manifestar-se de forma clara. Mosaíco de personagem e consequentemente mosaico narrativo, não pela
montagem, mas pela presença física. O suposto herói do filme, que no início parte em procura de respostas, desaparece ao fim de uma hora, os “mártires” são explorados pela superfície e o climax chega apenas formalmente. Não chega a existir o confronto físico entre bem e mal, entre o herói e o vilão, entre a verdade e a mentira, entre os explorados e exploradores. É iminentemente um filme descritivo, possivelmente dir-se-á documental, mas não de forma correcta, é uma opinião, é um complexo ponto de vista e completamente político, não unicamente sobre cadeias de fast-food, mas também de gestão política, abrindo espaço para uma reflexão sobre as leis de fronteira, leis de emprego e um pequeno piscar de olho aos atentados terroristas e ao medo vivido na América actual.

É um filme sem encanto, frio e cruel, que quando parece respirar alguma energia e esperança, num dos momentos mais geniais do filme, um grupo de jovens manifesta-se e tenta criar um futuro à sua imagem, mas apercebem-se e vêm retratado nos animais a apatia do mundo actual, todos estamos mal, mas nada fazemos para mudar e quem luta contra isso nunca é correspondido. É também cruel porque não procura solução, mas manifesta-as, mas existe sinal mais cruel que o confronto final, entre a cultura Mexicana que procura na cultura Americana uma vida melhor e a primeira manifestação é a Fast-Food, entramos no ciclo sem fim, na clara globalização.

Não é, nem poderá ser uma obra-prima, não é nem o quer ser, mas se o cinema não tiver esta coragem, também não vale a pena continuar. Corajoso e arrujado formalmente e anti-narratividade concreta, Linklater parece correr no caminho do experimentalismo formal que se vinha manifestando, resta esperar pela estreia de “A Scanner Darkly” (estreia que só deve acontecer... directamente para DVD), das quais as primeiras imagens são a prova concreta que Linklater é dos grandes realizadores éticos do seu cinema, forma e narrativa de mão dada.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Os Melhores de 2006

Fim do Ano Cinematográfico, é agora época das famosas e subjectivas listas de preferências.
Sem qualquer ordem específica seguem os 15 títulos do Ano.


“O Segredo de Brokeback Mountain” de Ang Lee



A simplicidade narrativa e tecnica, aliada a uma componente dramática e sensível pouco comum no cinema Americano. Reminiscente do Western, consegue atingir um romantismo, muito para além do lirísmo ou poesia.
Magníficas interpretações, banda sonora sublime e uma direcção de fotografia que se desdobra pela narrativa, são os alicerces da Obra de Ang Lee, longe da exuberância gramática e poética de “O Tigre e o Dragão”, acaba por esconder por detrás daquilo a que muitos chamaram o “Western Gay” (nem seria o primeiro na história), está um filme brilhante.




“Boa Noite, e Boa Sorte” de George Clooney



George Clooney já havia provado em “Confissões de uma Mmente Perigosa” que dominava por completo a linguagem cinematográfica, que visualmente sabia explorar e desenrolar assuntos complexos, agora a sua mais recente obra é um filme refinado, visualmente e narrativamente, mas que acima de tudo respira para fora do ecran, é uma alerta para a sociedade, e é um documento dramatizado de uma época polémica e marcante da América e consequentemente do mundo.
O magnífico trabalho espacial e sonoro, transformam-no numa das mais estimulantes experiências vividas neste ano.




“A Criança” de Luc e Jean-Pierre Dardenne



Os irmãos Dardenne mantêm-se fieis a si mesmos. Longe das ilusões e sensasionalismo do cinema e da televisão actual, continuam a observar e a absorver o quotidiano que nos envolve. É a exploração do real? Exploração não será, será antes a observação do real pelo cinema. É o acompanhamento da personagem central, de forma fria e crua, quase documental, quase rudimentar e é aqui que nasce a força do olhar, a pureza e frieza dos acontecimentos, é acima de tudo o enfrentar de um jovem com uma condição paternal para a qual não está preparado. Assim como “A Criança” é um filme, não parado no tempo, mas à frente no tempo, que não tem “armas estilísticas” para enfrentar a condição “humana” o cinema actual.


“O Novo Mundo” de Terence Mallick



É o poema dos elementos, que constroem um novo mundo, idílico ou não, na verdade é uma experiência sensorial e nisso não existirá a minima dúvida. Narrativa do lado Inglês, linguagem sensorial do lado nativo, “The New World” é também um olhar filosófico sobre a incomunicabilidade, sobre a imposição de um ser humano em relação a outro, é a rejeição da diferença. Mas isto não é o que interessa, explorando por dentro e por fora os canones do cinema clássico, Mallick explode numa visão ainda mais lírica do que havia feito dem “Thin Red Line”. Arrisco em afirmar que o que “Thin Red Line” (sendo também uma obra magnífica”) tinha em palavras, “The New World” tem em jogo corporal, em movimentos, em espaços e cheiros.
É a grande e monumental obra de Mallick, um Museu, onde os quadros pintados juntamento com o director de fotografia, Emmanuel Lubezki, são mais do que meras imagens, são força visual bruta, explorando as características da película de 65mm.
Antes de Obra-prima será uma obra de arte.




“Miami Vice” de Michael Mann



A dualidade do cinema de Mann vem a acentuar-se de forma dramática. Em HEAT, Al Pacino e De Niro, em COLATERAL, Cruise e Fox, em MIAMI VICE, não é FARREL E FOX, mas sim Farrel e Gong Li. Aquela linha ténue entre o bem e o mal, tão presente na filmografia de Mann até mesmo em O INFORMADOR.
Temos agora e como já vinha sendo habitual, uma aproximação consumada com a noite, espaço físico, mas neste MIAMI VICE assim como COLATERAL é também espaço psicológico acima de tudo.
Temos também a exploração tecnológica, do vídeo digital de Alta-Definição (HDV), que não é mais barata nem mais fácil, como anunciam muitas vozes mercantis por todo mundo, mas sim é um instrumentos diferente, quase como pintar um fresco e pintar a carvão.
MIAMI VICE não é uma adaptação é uma reformulação a uma América negra e actual e é acima de tudo uma obra de um explendor visual, estranho, impressionista, mas muito realista.



“A Senhora da Água” de M. Night Shyamalan



Todos acreditam em Story. É a crença na narrativa que levaram Shyamalan a enfrentar estúdios e produtoras para conseguir concluir a sua mais recente e bela fábula. Longe da narrativa convencional e muito longe do “alegado” twist que todos tentavam colar como imagem de marca a Shyamalan, o realizador consegue com a sua “A SENHORA DA ÁGUA”, fazer um filme sumula de toda a sua filmografia e ainda abre portas sobre o seu futuro. Prepotência ou ingenuidade. Eu digo ingenuidade, como acto puro de concretização, com tudo de bom o que isso pode dizer, e afinal não é a ingenuidade narrativa e das próprias personagens que têm surpreendido o público? Mas agora a ingenuidade está do lado unicamente do publico e não das personagens, são ingénuas porque acreditam numa ninfa que vem de uma mundo paralelo alujadn piscina e se chama “história”, ou seremos nós publico que somos ingénuos porque não nos acreditamos numa história?
Uma palavra ainda para a direcção artística, a direcção de fotografia de Cristopher Doyle e para a capacidade icónica de Shyamalan, que naquele majestoso condomínio constroi um COOK BOOK, uma mistura sociológica, diferenciada, mas com muito em comum.




“Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos” de Jonathan Dayton, Valerie Faris



Road Movie, Western pouco aqui importa, a comédia mais requintada e humanizada do ano. Uma família qual caravana a atravessar o “West” Americano, parte na descoberta de tudo o de mau que se avisinha e termina no que de melhor nos tem para dar.
Uma palavra ainda para o Elenco mais brilhante do ano, dos mais pequenos ao mais graudos, tudo se conjuga de forma brilhante.
Palavra ainda para o casal realizador, proveniente dos video-clips, assumem-se como das mais interessantes descobertas Americanas do Ano.


“Marie Antoinette” de Sofia Coppola



Filme biográfico e auto-biográfico requintado à exaustão e experimental o quanto basta. Filmar pessoas estranhas em espaços estranhos é algo que Sofia Coppola vem confirmando na sua filmografia, neste caso, num estado depurado digno do cinema do seu pai, principalmente nos anos 70. É também um filme em que o espaço se transforma e degrada lado a lado com a personagem. “O Vigilante”???



“The Departed: Entre Inimigos” de Martin Scorsese


(o vídeo contém informções importantes sobre o desenvolvimento do filme)

O ciclo completa-se, e a América busca influencia no cinema asiático que tanto enfluenciou. Scorsese não o fecha, dá-lhe novo rumo ao atingir o auge da cadência maquinal da sua tecnica. Com interpretações brilhantes, uma montagem eminentemente psicológica, “The Departed” pode levar a Academia a premiar o esquecido mestre Americano. E apropriando-me de dois conceitos de um caro amigo (joseo), que referiu “ralenti” e “fúria” como dois movimentos na filmografia de Scorsese que se opondo de filme para filme, “The Departed” é sem dúvida alguma um filme de Fúria.



“Juventude em Marcha” de Pedro Costa



O cinema em bruto, a história do cinema em pequenos fragmentos de “realidade”. É possivelmente a obra mais fascinante do ano e também das mais incompreendidas e das mais badaladas. Pedro Costa igual a si mesmo, não académico como já li por aí algures, mas também não radical, simplesmente igual a si próprio, procura atingir um cinema da pureza, lirica, real, social?
Fascinante no domínio da tecnica do vídeo digital, Pedro Costa é um nome já suficientemente Grande, Grande demais para o cinema dos portugueses, assim como Oliveira e César Monteiro e porque não Teresa Villaverde.


“Transe” de Teresa Villaverde



O ensaio da Identidade e da memória. Uma fabulosa Ana Moreira, encarna até aos ossos uma mulher de lado nenhum e de todo o lado. Abrigado no realismo do tráfico europeu de mulheres, Teresa Villaverde explora o lado onírico da psicologia humana. Praticamente psicanalítico “Transe” é uma das experiências extremas do cinema moderno Português.




“Match Point” de Woody Allen



É o regresso de Woody Allen, longe de Nova York, sem os sons do jazz, Allen constrói a sua tragédia grega, uma Ópera Clássica. Narrativamente perfeito, como já é habitual, mas formalmente intrigante e lírico.


“O Espelho Mágico” de Manoel de Oliveira



Como mais ninguém filma, Manoel de Oliveira lança um olhar sobre o sagrado, uma experiência agoniante, lado a lado com uma sublime Leonor Silveira. Satírico e ao mesmo tempo cruamente puro, “O Espelho Mágico” é a manifestação de um milagre.



“História de Violência” de David Cronenberg



Algures entre o medo e a luta pela sobrevivência, caminha Cronenberg. O homem desfragmentado como ao longo da sua filmografia, o mundo adulterado. Tragicamente violento embora pulsionalmente contido, explora a resistência das suas personagens e de uma audiência paralisada no mundo do Blockbuster.




“Em Paris” de Christophe Honoré


A frescura do cinema francês, a clara mostra que do passado se constroi o cinema do presente e se criam as bases do cinema do Futuro. Novelle Vagueano sem dúvida, Pop, porque não? De Rivette a Demy e de Truffaut a Eustache, “Dans Paris” é um road movie a pé e ao telefone, magistralmente dirigido pelo olhar nostálgico de Honoré sobre a Paris Cinematográfica e uma dupla de jovens actores brilhante, Romain Duris e Louis Garrel
Manuel Pinto Barros