segunda-feira, abril 24, 2006

"3ª Mostra Internacional de Escolas de Cinema"

26 a 30 Abril de 2006

WORKSHOPS

27/28/29 Abril – Estúdio de Cine-Vídeo ( Rua do Infante 131 )
10.00 – 18.00H – WORKSHOP
“PERSONAL REALITY/UNIVERSAL FICTION”
Marc Didden
Hogeschool Sint-Lukas Brussel, Bélgica

27 Abril – Sala de Actos ( Largo S.Domingos nº 80, 2ºandar)
10.00 – 18.00H – WORKSHOP
“SCREENWRITING”
Devin Peter Crowley
New York Film Academy, EUA

TEATRO RIVOLI

26 Abril – Pequeno Auditório

21.30H – Sessão Abertura
Apresentação das Escolas pelos seus representantes



22.00H – Filmes – 1ª sessão
# 2, Real. Mathieu Choux, experimental - ESAV, França, 10’
Words and Thoughts in RGB, Real. Eduardo Morais de Sousa, doc. - ESAP, Portugal, 6’
Programa 2018, Real. Jorge Correia, ficção – Universidade Moderna – IAT, Portugal, 21’
Volare, Real. …, ficção - New York Film Academy, EUA, 6’
Maria Mãe de 2, Real. Paulo Martins, ficção – Instituto Politécnico do Porto, Portugal, 12’
Entre Linhas, Real. Telmo Vicente, ficção – Universidade Lusófona, Portugal, 24’
Forever, Real. Jonas Govaerts, ficção – Hogeschool Sint-Lukas Brussel, Bélgica, 10’
Pé de Feijão, Real. Catarina Afonso, ficção – Universidade Católica, Portugal, 10’
Arquivo Geral, Real. Manuel Matos, ficção – Escola Superior de Teatro e Cinema, Portugal, 7’

27 Abril – Pequeno Auditório

15:00H.Debate.
A Arquitectura das Cidades o e Cinema

(Participação: Arquitecto Nicolau Brandão - Moderador, Prof. Doutor Carlos Melo Ferreira, Arquitecto António Dias Ferreira, Realizador Marco Martins)



18.00H – Filmes – 2ª sessão
Le Premier Pas, Real. Bernard August Kouemo, – ESAV, França, 28’
Rui e Filipe, Real. Tiago Almeida, ficção – Escola Superior de Teatro e Cinema, Portugal, 10’
As Febras de Jesus, Real. Pedro Azevedo Dias, ficção – ESAP, Portugal, 13’
Eu não quero morrer hoje, Real. Rita Teles, ficção – Universidade Moderna – IAT, Portugal, 24’
Sunflyers, Real. Tim Mielants, ficção - Hogeschool Sint-Lukas Brussel, Bélgica, 15’
Control Alt Fly, Real. Victor Santos, ficção – Instituto Politécnico do Porto, Portugal, 4’
Your Smile, Real. Gustavo Fernandes, vídeo-clip – ESAP, Portugal, 5’



22.00H – Filmes – 3ª sessão
Speculum, Real. Andreia Pinto, ficção – Universidade Moderna, Portugal, 27’
Rasgo D’ Olhar, Real.: Colectiva, experimental – ESAP, Portugal, 12’
29-41, Real. J. Ricardo Costa Martins, ficção – Universidade Católica, Portugal, 18’
Falling, Real. Hélder Silva, video-clip – ESAP, Portugal, 5’
ACHT, Real. … – New York Film Academy, EUA, 13’
Processo 11923, Real. Bernardo Viterbo, Rui Tavares, José Miguel Moreira, ficção – ESAP, Portugal, 11’

28 Abril – Pequeno Auditório

15:00H. Debate.
As Escolas de Cinema face a Bolonha
(Participação dos representantes das escolas))



18.00H – Filmes – 4ª sessão
Berço de Pedra
, Real. Nuno Rocha, ficção – Instituto Politécnico do Porto, Portugal, 29’
Miauzoléu, Real. Ana Pinto, Daniela Silva, animação – ESAP, Portugal, 2’
História de Papel, Real. André Badalo, ficção – Escola Superior de Teatro e Cinema, Portugal, 13’
Bushido, Real. …- New York Film Academy, EUA, 21’
O resto são sombras de árvores alheias, Real. Rita Pinto, Mafalda Leão, Paulo Lage, animação – ESAP, Portugal, 1’22’’



22.00H – Filmes – 5ª sessão
Le coeur dans l´épaule
, Real. Romaní Carcanade, – ESAV, França, 15’
Life on Mars, Real. Isabelle Nouzha, - Hogeschool Sint-Lukas, Bélgica, 10’
Uroboro, Real. Luís M. Gomes, ficção – Universidade Moderna, Portugal, 13’
Mutações, Real. Yuki Rastilho, doc. – ESAP, Portugal, 8’
A Morte foi de férias, Real. Simone Pereira, comédia – Universidade Lusófona, Portugal, 7’
Uma Informação, por favor, Real. André Costa, Carlos Sá, Pedro Brochado, animação – ESAP, Portugal, 1’

29 Abril – Pequeno Auditório

15:00H. Debate
O Documentário como Género Cinematográfico
Antestreia do documentário “António”, de José Alberto Pinto
(Participação: José Alberto Pinto - Moderador, Jorge Campos, Manuela Penafria, Leonor Areal, Pedro Sena Nunes)


18.00H – Filmes – 6ª sessão
J’ai pás tué Saddam, Real. Guillaume Bordier, doc. – ESAV, França, 51’
Made in Italy, Real. Fabio Wuytack, doc. – Hogeschool Sint-Lukas Brussel, Bélgica, 30’
Preto&Branco, Real. João Rodrigues, doc. – Universidade Católica, Portugal, 12’
Bom dia, noite, Real. Rui Costa, doc. – Instituto Politécnico do Porto, Portugal, 15’


22.00H – Filmes – 7ª sessão
S. Tomé e Príncipe, Real. Sílvio Pinto, doc. – ESAP, Portugal, 45’
Lithium, Real. Pedro Homem, doc. – Escola Superior de Teatro e Cinema, Portugal, 9’
Lusco-Fusco, Real. Ricardo Freitas, doc. – Universidade Católica, Portugal, 18’
Tudo Vai Acabando, Real. José Fernandes, Ricardo Martins, doc. – Universidade Lusófona, Portugal, 28’
The Triumvirate, Real…, doc. - New York Film Academy, EUA, 14’



30 Abril – Pequeno Auditório – 11.00H
Projecção dos filmes preferidos pelo público
Almoço de Encerramento


sexta-feira, abril 14, 2006

"Brokeback Mountain" de Ang Lee

por: José Miguel Oliveira



Em “Brokeback mountain” existe uma sublime realização de Ang Lee, e que se leia sublime não no sentido gratuito da palavra ou do elogio fútil sobre as imagens e os sons mas primeiro que tudo – e é recorrente, e impressionante ao longo da sua obra, o ponto máximo anterior era sem dúvida “The Ice Storm”, de 1997 – pela forma como Lee se apodera e reinventa todos os códigos mais tradicionais e puristas de um género americano, o Western mais clássico, o Western lancinante, poético e crepuscular da mais nobre tradição de Hollywood, de John Ford a Howard Hawks.

Ang Lee o cineasta de Taiwan com a sua visão externa e distanciada, não americana para simplificar, consegue agarrar de forma “ditatorial” os grandes espaços, a melancolia e toda a mística que o género sempre conteve…mas há um nome decisivo para que Ang Lee, os actores e o próprio espaço – sem duvida uma personagem – consigam ter tamanha força e nos façam sentir que estamos a ver um filme que não é deste tempo…que não pode ser deste tempo, onde a velocidade e a saturação das imagens ficam de fora…onde o tele-filme – que é o que costuma sobrar quando se quer ser anacrónico – é completamente revertido, é anti tele-filme…o nome é Larry Mcmurtry argumentista de outro filme que nos vem constantemente á cabeça durante “BrokeBack Mountain”, o clássico “The Last Picture Show” realizado em 1971 por Peter Bogdanovitch…o mesmo pudor, a mesma força dos gestos e do não dito, a mesma profundidade na caracterização e evolução das personagens e no tratamento e inserção destas num espaço – se no filme de Bogdanovitch elas eram inseridas numa pequena vila tradicional americana, já sem os índios nem os cowboys, mas sentíamos em todos os momentos que estávamos a ver um Western insólito, “Red River” de Hawks andava subliminarmente e também literalmente por lá, em Brokeback essas personagens já percorrem e habitam nas mesmas paisagens mitológicas que celebrizaram o Western…as montanhas, o gado…a nostalgia…é o prolongamento do universo de Macmurtry.



Mas falar destas marcas é falar de muito pouco, porque existe outro factor no filme que é porventura o mais esmagador, a par das personagens: o tratamento sobre o tempo, que é de perder de vista…como em “The Last Picture Show” os anos passam e isso sente-se nos rostos, nos ossos dos personagens atormentados pelos fantasmas e pela impossibilidade de um regresso, sente-se o ferimento agudo de desolação perante a fatalidade do tempo e a não verbalização dos sentimentos.
E nesse universo de pudor e de melancolia existe sempre um infindável espaço de manobra para as personagens e aqui elas são magnificamente caracterizadas e interpretadas, acima de tudo a personagem de Heath Ledger, incapaz de verbalizar e de expressar o desejo e a vontade, parado no tempo, esmagado pela impossibilidade das tradições e dos códigos que não o deixam libertar-se, e isso sente-se e é brutal…mas ainda Jake Gyllenhaal, o lado feminino e mais frágil da relação, que apesar de evoluir mais que a personagem de Ledger e de ter o lado mais rebelde e aberto ao corte é igualmente comovente e incapaz da eclosão…
E é indispensável esvaziar todos os apêndices incompreensivelmente colados, esquecer todos os rótulos e sentir o ardor de uma obra aparte de um tempo…

José Miguel Oliveira

(P.S. - Este texto do nosso colaborador José Miguel Oliveira, está publicado também no blog Matiné)

sábado, abril 08, 2006

"Brokeback Mountain" de Ang Lee

por: a_Pupila

Resolvi escrever sobre "Brokeback Mountain" porque depois de ser dita muita coisa resolvi esperar um tempo para construir uma “crítica” que possa exprimir tudo o que tenho a dizer sobre o filme.

Confesso que me é dificil entender o odio que se gerou em alguns sitios em relação a este filme. Quanto a "Brokeback Mountain" não consigo ser tolerante. É o melhor filme do ano e um dos melhores deste inicio de século em que nos inserimos.

O odio , a meu ver, surgiu quando o filme teve um acolhimento fora do normal comparável ao de "Million Dolar Baby" ( do qual gosto menos) ; mas ao mesmo tempo que foi considerado uma historia profunda sobre o amor “impingiram-lhe “ uma bandeira que ele claramente não tinha intenção de içar.
Penso que a bandeira gay surgiu porque este ano é o ano dos filmes politicos e sociais.

Temos "Crash", com um argumento muito bem escrito mas com uma clara intenção social, temos "Munich" uma tentativa de Spielberg politizar-se e talvez com isso dizer que apesar de fazer guerras dos mundos e isso sabe o que se passa no mundo ( uma tentativa a meu ver um pouco frustrada), temos o "Syriana", um jogo politico com um swing rapidíssimo, e finalmente um exercicio de estilo, forma , fotografia e cinematográfico de umas das maiores promessas dos EUA, George Clooney sobre o macarthysmo.
É dificil que uma obra se torne independente a esta onda politica e consiga sobreviver por si só quando relata uma história de amor sim, mas uma historia de amor entre dois homens.

Brokebak Mountain é uma obra cinematográfica por excelencia, porque não sobrepõe qualquer assunto social à sua importancia visual, sonora e sentimental,e isso é natural sendo nos oferecido pelo realizador mais sensivel do panorama actual.
É de uma sensibilidade arrebatadora, concluindo ao espectador que o amor pode nascer em qualquer lado.

Nos primeiros 10 minutos não há qualquer diálogo. E isto explica–nos que hoje , apesar de muitas vezes o argumento se sobrepor à imagem e ao seu poder, com "Brokeback Mountain" respira cinema. Existe uma fotografia fabulosa, ignorada por mentes mais fechadas onde a natureza comunga-se com a arte.
Uma banda sonora simples e tão poderosa que por assim ser perfeita, coadunando-se com os seus personagens, tão basicos mas tão complexos ao mesmo tempo.
Interpretações excelentes onde o personagem principal é interpretado de tal forma intensamente que a sua performanece foi comparada ao mitico Marlon Brando.


Ao ver Brokebak Mountain, vejo harmonia, vejo uma pureza na imagem que me era rara hoje em dia.
É surpreendente que tenha sido tão achincalhado quando é talvez a mais pura obra de arte dos ultimos anos.
Ao vê-lo fico arrepiada. Ao sair da sala, tenho a esperança que mais como estes possam ser feitos.
Ao pensar nele, sinto-me pequena mas ao mesmo tempo sortuda de o ter acompanhado na sua comtemporaneadade.

a_Pupila - 10/10