"Batman: O Início" de Christopher Nolan
por: NeTo
Pegando em duas figuras do cinema "indie", Christopher Nolan (realizador) e Christian Bale (actor), Hollywood tenta remover das cinzas a saga Batman, que havia sido enterrada e esquecida, devido ao fetichismo exagerado de Joel Schumacher em "Batman & Robin" e Batman Forever" em que de ambos os filmes, muito maus, se salva apenas Jim Carrey.
Oito anos passados, voltamos a ter o Homem-Morcego nos nossos ecrans, e embora possa saber a pouco "Batman: Begins" não deverá de todo ser considerado uma desilusão, será mais um filme que não provoca uma satisfação completa.
Foi com alguma surpresa que me deparei com um filme "pouco explosivo", para o que o trailer apontava, na verdade existe bastante contenção, basta observar os minutos em que se apresenta Bruce Wayne, antes de "descobrir" Batman, e reparamos que existe uma tentativa de exploração de conflitos interiores, de medos, que Nolan já havia feito em "Insomnia". Para isso Nolan, conta com Christian Bale que sem a máscara será o melhor Batman possível, mas após a colocação da máscara e a "pouco convencional" alteração de voz, Bale perde a força e a figura de Batman também. É ao ver o Homem-Morcego que as saudades de Michael Keaton e o seu Batman depressivo.
Ao falar de Batman, quase será impossível não recordar a "negra poética" e a linguagem metafórica de Tim Burton em "Batman" e principalmente em "Batman: Regressa", e a verdade é que "Batman: Begins" apesar de muito longe de ambos "Burtmans", deve ser visto como um interessante início e renascer da figura mais negra das BDs.
Onde estão os grandes pontos fracos deste filme de Christopher Nolan, é mesmo nas sequências que ainda não tinhamos visto qualquer registo da sua parte, a pura e brutal acção. E Nolan falha, apontando que é um realizador mais contido e o que me leva a crer que tais sequencias de acção só ocorreram por imposição de produção. Nolan apostou em planos demasiado próximos e curtos, deixando ao espectador uma imensa confusão e nenhuma compreensão da sequencia de pancadaria. Ao que sei foi utilizado uma nova arte marcial no filme, mas a mim apenas me pareceu uma mera luta de bairro.
Depois como não podia deixar de ser, num "blockbuster", as estrelas são muitas, mas curiosamente, não são só figuras bonitas, para encher de curvas o cartaz... já falamos em Christian Bale que está presente e não compromete nem desonra a figura de Batman, temos ainda um Morgan Freeman sem grande espaço, um Michael Kane repleto de familiaridade, numa personagem de imenso requinte, Tom Wilkinson do pouco que mostra era uma personagem para levar mais fundo, Liam Neeson juntamente com Cillian Murphy deixam a desejar, assim como Kate Holmes, mas neste caso mais pela pouca evidencia do argumento que não leva a relação da sua personagem com Batman a parâmetros de complexidade que seriam desejado, tudo parece excessivamente superficial e para o final guardo uma actor que me enche as medida, Gary Oldman, muito famoso pelo seu "over-acting" que aqui num registo mais "under-acting" mostra ser um dos mais fabulosos e multifacetados actores em actividade, fantástico.
Mas apesar de tudo o argumento peca na parte "pós-Batman", tudo aos empurrões, um desenrolar previsível e a nível científico não sei até que ponto a correcção existe, ora vejamos, a máquina que foi retirada à Corporação Wayne, libertava micro-ondas, ou seja micro-ondas apenas actuam sobre moléculas de água, o corpo humano é constituido por 70%de água... o que aconteceria a um corpo que estivesse em contacto com as micro-ondas libertadas? (corrijam-me se tiver errado).
Na verdade é realmente um início que promete, mas não cumpre na sua totalidade, fica quase certa uma continuidade com um vilão já visto em "Batman" de Tim Burton, o JOKER (um enorme Jack Nicholson), e tal ideia assusta-me... pelo facto de ser um pequeno passo rumo à desilusão.
De qualquer maneira "Batman: Begins", lança novamente Batman, e aproximam-se confrontos com X-Men e SpiderMan, possivelmente com vantagem para Sam Raimi e o seu SpiderMan, mas quem sabe se com Nolan a comandar Batman, não temos a tão desejada poética negra, ou um sentimentalismo negro a crescer em Gotham City.
NeTo - 5/10
Na verdade, falta Gotham City a este filme.