

O MUNDO DO CINEMA (após detectar um problema ao nível dos comentários, penso que agora está devidamente resolvido e qualquer um pode agora comentar... Thanks)
"Mossafer - O Viajante" de Abbas Kiarostami (1974)
Observando as ultimas obras de Gus Van Sant, é desde logo perceptível uma intensa mudança dos cânones narrativos e técnicos do cinema actual. Tanto em “Gerry”, “Elephant” e agora “Last Days”, colocam a olhos visto o lado experimental do cinema de Gus Van Sant, para além da poética e do ritmo narrativo, Gus Van Sant explora diversos factores inerentes à própria narrativa em cada um dos filmes da chamada “triologia da morte”.
Van Sant explora diversos factores, ou melhor manipula-os, de forma a servirem a sua narrativa, tenhamos em conta que qualquer sistema narrativo cinematográfico, obrigatoriamente (?) deverá conter imagem e som, como todos os signos inerentes que permitem um caracterização temporal e espacial, mas existem outros factores para além destes, que dependerão da interpretação do autor para a sua utilização. Em “Gerry”, toda a narrativa é acente na palavra, os diálogos guiam a acção, em “Elephant” é a imagem e o recurso a anacronias/sincronias (alterações temporais), que conduzem a acção, agora em “Last Days” é explorado o factor que faltava, a música/som, como complemento e suporte para todo o desenvolvimento narrativo.
Com o som ao serviço da sua narrativa, Gus Van Sant constroi um exercício de construção e complementariedade entre a imagem e o som. Num registo que falsamente será visto como minimalista, Van Sant vai explorando e estimulando a percepção de uma audiência, onde cada plano se relaciona directamente com cada som, seja por mera localização espacial ou temporal, ou como acento sentimental, recordo um sequência filmada em ligeiro traveling (in/out) em que a câmara se afasta da janela de uma sala, onde Blake (personagem inspirada em Kurt Cobain), entra e toca os seus instrumentos... inicialmente apenas temos uma melodia, um ritmo (interior?), que vai sendo ornamentado por cada acorde da guitarra de Blake, até ao momento em que o próprio se senta frente à bateria e como uma explosão sentimental, cria um dos mais fascinante e estimulante momento do cinema actual. Será apenas um conceito rectórico e inteligível? Ou será apenas uma utilização essencial dos recursos, de forma a transmitir uma mensagem de forma simbólica? Não será indeferente a qualquer um todo o trabalho de composição de cada plano, de cada som, acentuando ainda mais a visão unica de Gus Van Sant sobre um facto real.
Com uma clara invocação dos ultimos momentos de vida de Kurt Cobain, Gus Van Sant, não opta por filmar um registo meramente biográfico... ficciona e cria a sua visão, mas sempre respeitando a sua personagem, como se de uma homenagem se tratasse.
Gus Van Sant respeita os espaços do artista que filma, dignifica-o, homenageia indirectamente um símbolo de uma geração, que sabia que caminhava para uma morte solitária. Basta relembrar como são filmados os ultimos 10 minutos de “Last Days” e certamente estarão perante uma homenagem mais que merecida ao vocalista dos Nirvana... seria mais apelativo ao público ver, mas Van Sant não cede ao comercialismo e enaltece o seu artista até ao ultimo momento, sem nunca o rebaixar, e até pelo contrário, torna-o imortal, seja pela música, ou apenas pela geração que “criou”.
Michael Pitt foi o actor escolhido para dar corpo a mais um “poema” e na verdade Pitt é suberbo, decadente e terno, por momentos é impressionante a inoperância da sua personagem, enquanto noutros momentos liberta uma aura plena de consciência, especialmente quando refugiado na música.
Em boa verdade, “Last Days” não é a obra-prima que é “Elephant”, mas não deixa de ser uma obra obrigatória, onde o minimalismo aparente não é nada menos que uma das mais extraordinárias visões de um autor pleno de sensibilidade... Gus Van Sant apresenta-nos os sons da morte.
NeTo – 8/10
"The Brothers Grimm" de Terry Gilliam
Nova incursão do ex-Monty Python pelo mundo fantástico e surreal, embora desta vez e ao contrário das anteriores, mais mainstream e por consequência menos visceral e criativo que as suas anteirores obras.
Terry Gilliam tem sem qualquer tipo de dúvida ao seu serviço uma narrativa descabida e desigual, que por momentos cai de forma tão abrupta, que torna "irmãos Grimm" não num conto fabuleso, mas num mero conto provinciano.
Que fique claro que não estamos perante uma adaptação de qualquer conto criado pelos incriveis irmãos Grimm, estamos antes inseridos numa incursão dos irmãos Grimm pelo seu imaginário, algo que Gilliam tanto gosta, explorar o "imaginário" das suas personagens.
A encarnar, ou talvez melhor, a parodiar os irmãos Grimm (pois é para a paródia que nos leva o argumento escrito por Ehren Kruger), temos Matt Damon e Heather Ledger, vistos como dois aventureiros que salvam pequenas aldeias de bruxas e feitiços criados e inventados por eles mesmos e que um dia se vêm obrigados a enfrentar uma bruxa, mas desta vez, não criada por eles.
É durante esta aventura que somos deparados com imensas ligações a todo o imaginário criado pelos Grimm, "Rapunzel", "Hansel e Grethel", "Cinderela", "O Capuchinho Vermelho" e que segundo Gilliam, foi a inspiração para todos os contos.
Se é verdade que todo o visual, desde cenarios a efeitos especiais, são suficientemente credíveis, sombrios e surreais, não deixa de ser também verdade que são eles que sustentam a nova obra de Gilliam, que em vários momentos perde a magia e se rege apenas por uma imensa vontade de um estúdio mainstream.
Sem ser brilhante como já o foi em "Brazil", Terry Gilliam e o seu "Irmãos Grimm" irá sofrer e acabará por perder a quando a comparação com outras obras fabulescas e surreais, como as de Tim Burton, especialmente o ultimo "Charlie e a Fábrica de Chocolate".
NeTo - 4/10
6ª Festa do Cinema Francês
Vencedor do Prémio de Melhor Relização e Prémio da Crítica no último Festival de Cannes, "Caché" era um filme sobre o qual despertava algum interesse.
O sempre contorverso Michael Haneke, oferece-nos agora uma obra que viaja do Thriller ao Drama familiar, num exercício estilístico com claras marcas de autor.
Assim somos colocados perante um apresentador de Televisão, que pelo meio dos seus fantasmas interiores e o seu trabalho, recebe em casa cassetes com filmes que se limitam a observar o seu quotidiano. Tal facto o obrigará a viajar ao seu interior e à sua infância, na tentativa de procurar uma solução para a sua "falsa" vida.
Após um início muito interessante, com um excelente trabalho de espaço tempo, em que todas as tomadas de vista criam um certo mistério, após o seu desvendar, tudo se torna num mero exercício autoral, excssivamente estilizado, provocando por momentos um certo mau estar na plateia.
Em espaços bastante interessante graças a uma fantática Juliette Binoche, "Caché" tem o seu grande problema no seu argumento, excessivamente vago e sem um paralelismo directo com as vivências de uma plateia, que permitam a esta mesma desvendar, todo aquele trabalho de tomadas de vista de Michael Haneke.
Excessivamente desiquilibrado, tem pelo menos o interesse de ver um realizador que filme não apenas com os olhos, e que em espaços constroi altos momentos de tensão, sem recurso a câmaras trémulas e a 5 cortes por frame.
"Caché" até é interessante e misterioso, mas está muito longe de ser uma obra cativante.
NeTo - 4/10
6ª Festa do Cinema Francês
Arsène Lupin, é um ladrão que rouba a elite social e um verdadeiro mestre no disfarce, possui um imenso charme, capaz de seduzir qualquer dama a ponto de facilmente se apoderar das suas riquezas... mas nesta adaptação cinematográfica, existem coisas a mais e o que realmente interessa acaba por ser esquecido, o que provoca com que a narrativa esteja repleta de sequências desiguais e sem uma linha definida.
Tem um início lento, excessivamente lento, onde é contada a história infantil de Arsène e lançada a intriga sobre a qual irá girar a acção, mas após os 30 minutos o ritmo mantem-se calmo, mas em ligeira subida e com o aparecimento constante de novas personagens e um numero infindaveis de sub-plots (intigas secundárias), que mais para o final se vão atropelando mutuamente, tornando o seu final num verdadeiro "encontro" de voltas e reviravoltas por frame.
Claro que existem os efeitos especiais, sem ser em exagero, mas também sem deslumbrar e sem nunca servirem a narrativa e apenas serem utilizados como puro "show off".
A nível de cenários tudo é muito belo, assim como um fabuloso e "glamouroso" guarda-roupa, que acaba por ser completamente esquecido por uma mera realização tarefeira de Jean-Paul Salomé, que não aproveita tudo o que de bom tinha em suas mãos, acomodando-se a clichés básicos e a uma construção de personagens mediocre, mas acima de tudo a um ridículo jogo de flashbacks que acaba por tornar o seu filme num aglomerado de episódios.
Romain Duris e Kirstin Scott Thomas, ainda tentam agarrar as suas personagens e salva-las da mediocridade do filme, e em boa verdade tanto Duris, charmoso e camaleónico, irónico e cómico, e Thomas sempre misteriosa e terrivelmente sedutora, por momentos criam alguns momentos de interesse.
"Arsène Lupin" será possivelmente a prova de que a Europa deve deixar os "blockbusters" para Hollywood e manter-se fiel à sua linhagem cultural e artística.
NeTo - 2/10
Estreia prevista no nosso país a 17 de Novembro.
6ª Festa do Cinema Francês
Classificar "La Marche de l'empereur" como um banal documentário é algo cruel e injusto, mas onde incluir a obra de Luc Jacquet?
"La Marche de l'empereur" é na verdade um documentário, mas um documentário diferente, quase ficcional e fabulesco, pode parecer estranho o facto de referir-me a um documentário sobre um animal (os pinguins imperadores), como algo ficcional, quando apenas é filmado o seu habitat e o seu comportamento. É que em boa verdade toda a abordagem de Luc Jacquet transforma um simples pinguin, numa personagem de uma fábula, onde existe um lado humano e afectivo, onde o amor, a morte e o instinto selvagens, são sentidos e referidos por narradores na 1ª pessoa, como se aquela voz fosse a voz dos pinguins que acompanhamos.
Sujeito a condições de trabalho desumanas, Jacquet e toda a sua equipa, especialmente os directores de fotografia, realizaram um trabalho soberbo a nível fotográfico, dramático e narrativo.
Nesta visita guiada ao coração do Antártico, acompanhamos o ritual de sobrevivência da mais calma e desajeitada ave do nosso planeta, o pinguim.
Somos levados numa viagem, não ao lado animal, mas sim a um lado quase humano, se assim podemos chamar, que existe em cada animal, afinal o ritual que nos é oferecido, é feito de sacrifícios, de "amor" e de instinto de sobrevivência, que afinal de contas é o que governa todo o mundo.
Com belos momentos de humor, tensão e algum drama, "La Marche de l'empereur" torna-se assim um dos mais originais e agradaveis filmes deste ano e do seu género, refrescante em todos os sentido e sempre com um lado sensível e infantil que nos permite assistir ao filme em completo estado de extase.
NeTo - 8/10
P.S. - O filme estreará a 3 de Novembro de 2005, nas nossas salas com o título "A Marcha dos Pinguins". E se não estou errado, acabou por ser o filme Francês mais visto em território Americano.
6ª Festa do Cinema Francês
Apresentação familiar completa, não podia faltar o aparecimento de um elemento masculino, que desde o seu primeiro plano, e grande parte da culpa da câmara de Corneau, oferece-nos o desfecho do filme, num dos mais usados clichés.
Facilmente previsível, em espaços maçador e cansativo, sem qualquer tipo de emoção ou sensibilidade e com grandes deficiencias narrativas, "Les Mots Bleu" acaba por ser um simples filme que se vê e esquece passados alguns momentos.
NeTo - 4/10
“Alice” de Marco Martins
Marco Martins parte de uma ideia simples, um homem que procura a sua filha desaparecida, e transforma-a numa primeira obra repleta de complexidade emocional.
Reduzindo o filme aos nosso olhos poderiamos dizer que se trata de uma simples procura, uma angustiante procura de uma pessoa que não se encontra presente e que foi retirada à sua família... mas isso seria e acabaria por ser excessivamente redutor.
“Alice” é acima de tudo um alimento de espírito, é uma cruel obsessão, é um destruir constante e vagaroso.
Mário (Nuno Lopes) é um pai obsecado em recuperar a sua filha, ao contrário de Luísa (Beatriz Batarda), a mãe caída no vazio da ausência da sua filha.
Seria lógico seguir ou a relação familiar, a vivência deste casal e os seus problemas, ou como seria normal, tomar partido pelo lado maternal, aquele que supostamente é o mais frágil e que mais sofre com os filhos. Existe um curioso diálogo em que isso é referido, mas Marco Martins, claramente pretende mostrar o sofrimento de um pai, daquele que muitas vezes é dito como o mais forte, mas que em boa verdade e neste caso preciso, guarda no seu interior um sofrimento enorme alimentado por uma esperança desmedida em encontrar a sua filha.
Mas falar em esperança é algo que não parece correcto. Não se trata de esperança, é mesmo uma angústia desmedida, uma obsessão que vai retardando um sofrimento carnal.
Mário deambula por uma Lisboa negra e fria, cobrindo-a de câmaras de filmar e “flyers”, tentando descobrir a sua filha ou encontrar alguém que o ajudo a encher o vazio da sua vida, mas pelo contrário acaba por se ver rodeado por pessoas tão sozinhas quanto ele, que por momentos em nada ajudam e apenas o afundam mais, como de um simples destroço se tratasse.
E na verdade é um destroço que Mário é... um sublime Nuno Lopes, que reduz a sua personagem a um simples resto escuro da condição humana, numa contenção emocional, numa angustia interior que despe a sua personagem aos nosso olhos, sem nunca mostrar um mero sinal de explosão... mas que em boa verda parece inevitável. Assim como Beatriz Batarda, ligeiramente afastada do centro da narração, mas sempre ferida, sempre perdida e profundamente derrotada.
Suberba mesmo acaba por ser a manipulação do som/imagem, basta para isso recordar a primeira sequência exterior, onde o ambiente em redor é nada mais nada menos que uma simples hipérbole dos sentimentos filmados, começando desde logo a apertar o estômago do espectador.
É uma visão real aquela que nos oferece Marco Martins, apartir de uma excelente construção narrativa, por momentos negro, por outros momentos angustiante, “Alice” tem o condão de a cada momento e a cada frame se tornar cada vez mais denso e cada vez mais interativo, conseguindo em grande parte da sua evolução manter o espectador ao lado da furiosa e angustiosa procura de Mário.
“Alice” é acima de tudo uma obra introspectiva, que anula o supérfulo e apenas condensa o que realmente é relevante, afinal de contas não é realmente Alice que interessa aqui, não é Alice enquanto corpo presente, é sim Alice enquanto espaço vazio na vida do seu pai.
Repleto de uma sensibilidade incontornável, suportada pela fabulosa composição musical de Bernardo Sassetti, “Alice” é uma primeira obra crua, carregada de uma frieza por momentos insuportável, e acima de tudo muito longe do que é normal no cinema português.
“Alice” é em boa verdade um vazio...o vazio angustiante do que não se encontra.
NeTo - 9/10
Sites:
http://www.madragoafilmes.pt/alice/
Sinopse:
Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez.Todos os dias Mário, o seu pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu.A obsessão de a encontrar leva-o a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, Mário procura uma pista, uma ajuda, um sinal...A dor brutal causada pela ausência de Alice transformou Mário numa pessoa diferente mas essa procura obstinada e trágica, é talvez a única forma que ele tem para continuar a acreditar que um dia Alice vai aparecer.
Ficha Artística
NUNO LOPES , BEATRIZ BATARDA, MIGUEL GUILHERME, ANA BUSTORFF, LAURA SOVERAL, GONÇALO WADDINGTON, CARLA MACIEL, JOSÉ WALLENSTEIN, CLARA ANDERMATT, IVO CANELAS, TERESA FARIA, CARLOS SANTOS
Argumento e Realização
MARCO MARTINS
Nota de Intenções
Interessava-me na história de "Alice" explorar sobretudo a obsessão. Alguém que perde uma filha e que, sentido-se impotente para agir, cria um sistema paralelo de funcionamento, exterior à sociedade em que vive. Quando, à noite de regresso a casa, vemos os vídeos de Mário e toda aquela multidão anónima, em movimento continuo, já não sabemos se aquelas imagens são reais se apenas existem na cabeça de Mário.Um rosto igual a outro rosto, uma rua igual a outra rua, um dia igual a outro dia. A cidade como local de abstracção onde, alguém como Mário, pode estar profundamente isolado. Na procura de Alice, Mário conhece outras personagens, também elas, de alguma forma, sozinhas também elas isoladas na cidade onde vivem."Alice" é sobretudo um filme sobre a ausência. Uma história de amor de um pai por uma filha.
Festivais e Prémios 2005
-Cannes: prémio "Regards Jeunes" - Melhor Filme da Quinzena dos Realizadores
- Danish Film Institute – Copenhaga
- Festival de Haifa – Israel
- Golden Horse Film Festival – Ilha Formosa
(Fonte www.madragoafilmes.pt)
“Millions” de Danny Boyle
“Millions” estreou em Portugal em pleno verão, e aparentemente passando despercebido no meio das enormes produções de Hollywood, embora seja uma das mais belas “fábulas” infantis e natalícias dos ultimos anos. Sim, digo natalícias, é um filme que directamente se enquadra na época natalícia, mas que estreia em pleno verão... estranho sim, mas mesmo assim, sem nunca perder a magia.
Imaginem que são uma criança orfã de mãe, vivem com o pai e com um irmão mais velho e que num dia enquanto alimentam as vossas fantasias, aparentemente cai do céu um saco repleto de notas... qual seria a primeira coisa que se lembrariam? Guardarem-no para vocês, ou apenas ajudar quem precisa?
Explorando os sentimentos mais puros de duas crianças, Danny Boyle personifica em cada uma delas o HOMEM dos nossos dias, injustos e corruptos por vezes, ganânciosos e vazios de sentimentos... embora por outro lado tenhamos uma criança meiga e que pensa primeiro nos outros e depois em sí... ou melhor mesmo nunca pensando em si, essa criança é portadora dos mais puros sentimentos religiosos, e vive num verdadeiro conto de fadas onde conversa com os Santos, pelos quais nutre um sentimento enorme.
Na verdade “Millions” é uma crítica social, para qualquer miúdo e graudo, o mérito de Boyle reside particularmente na imparcialidade da sua posição, sempre fugindo a uma manipulação da sua audiência. E mesmo tendo claramente a necessidade de atingir um “Happy Ending” Boyle não se agarra aos meros clichés ou aos exagerados sentimentalismos que facilmente acabam por ajudar qualquer realizador num momento maior de perguiça.
Com cenários e ambiências dignas de um qualquer filme de Tim Burton, como uma direcção fotográfica dramaticamente perfeita e com uma utilização sempre eficaz do suspense, Boyle assume-se como um dos mais criativos realizadores europeus.
“Millions” é um filme de adultos, com um rosto de criança, onde o retrato humano tem uma “caricatura”, só ao alcance dos grande realizadores.
NeTo – 8/10
P.S. - E quem sabe não temos um novo filme para exibir nas tardes da época natalícia.