ROLLCAMERA..........action!
O MUNDO DO CINEMA (após detectar um problema ao nível dos comentários, penso que agora está devidamente resolvido e qualquer um pode agora comentar... Thanks)
quarta-feira, março 07, 2007
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Está online, apartir deste momento um Blogue que dará informações sobre a Produção e o desenvolvimento de uma curta-metragem de ficção. É um projecto de um grupo de Alunos da Escola Superior Artística do Porto (ESAP) e tem como título "Ana e a Emancipação da Alma".
A criação deste blogue deve-se à necessidade de divulgar patrocinadores e também do trabalho desenvolvido.
Visitem e comentem em: http://aeaproducao.blogspot.com
quinta-feira, janeiro 25, 2007
Na Sala Bebé – Cinema Batalha
às 21h 30
e
apresentam
"DESOLO" de Realizadores da Escola Superior Artística do Porto (17’)
"Filme rodado metricamente, em 14 Magníficos Quadros Artísticos, no Alto de Santa Justa."
"O MONSTRO" de Paulo Guilherme Caldas (4’ 20’’)
"... e essa mesma luz/ que te viu nascer/agora te ilumina/nas horas tardias de um tempo/que te vê envelhecer."
"FAIXA SONORA" de José Miguel Oliveira, Ana Maria Carneiro, Luis Carneiro e Manuel Barros (5’)
"Uma faixa sonora, uma voz, quatro olhares."
"DETAIL" de Ana Maria Carneiro (2’)
"A Mulher, ferida, prepara-se para a vingança."
"A GATA BORRALHEIRA" de Sério Fernandes (3’)
"A casa de Francelos, na poética de Sério Fernandes, fechando o filme Sissa."
"A VER O MAR" de Lukas Palha Koehnke
"Gustavo está na praia a ler um livro quando ele de repente descobre uma rapariga misteriosa, que parece ter aparecido do nada
Uma viagem por tempo e espaco à procura do amor, em que ele tenta apanhar uma coisa, que não se deixa apanhar. "
"ANIMAIS" de Sérgio Cruz (2' 39”)
"Parte de uma análise coreográfica sobre o corpo humana/animal. Trata de uma ironia sobre o corpo animal, resultante de uma semana de improvisações na área da dança, em regime de residência artística."
"O OUTRO LADO" de Jorge Bernardes (5' 31”)
"Fechada num espaço desconhecido, uma jovem revive o seu passado e confronta o seu maior medo: um antigo mas presente conflito interior. Do outro lado alguém a observa."
"VEJO-TE QUANDO LÁ CHEGARES" de Filipe Henriques (14' 12”)
"O acaso reúne Baldé e Xavier, dois homens aparentemente muito diferentes e cruza os seu caminhos aliando-os de uma forma definitiva. Ainda que o primeiro impacto desse encontro tenha resultado em hostilidade (...), surge entre os dois uma curta mas significativa relação de união e cumplicidade que lhes proporciona não a resolução dos seus problemas, mas a força e a coragem para os enfrentar e ultrapassar."
"AMBULANCE" de Joana Gaio
"O OUTRO LADO" de Nuno Portugal (5')
"A polícia prepara uma operação de captura de um perigoso criminoso. No entanto, a operação começa mal desde início e um dos inspectores vê-se envolvido num surpreendente jogo de poder. A vingança é agora a sua única arma para sobreviver."
programação sujeita a alterações
quinta-feira, janeiro 18, 2007
“Fast Food Nation” de Richard Linklater
Onde está o herói do cinema Americano?
Richard Linklater, é aparentemente um realizador sem estilo, e em boa verdade talvez nem o tenha, mas a sua filmografia, mais recente como este “Fast Food Nation” ou “Antes de Anoitecer” e à mais antiga como “Antes do Amanhecer”, com “Escola de Rock” pelo meio, será possível reflectir sobre uma realidade não comercial, mas puramente “indie”, ao longo da obra de Linklater, e em que “Fast Food Nation” se assume como o estado completo de depuração de um estilo.
Linklater nunca fou um entusiasta pela narrativa simplista e académica, trabalhou com os próprios actores no processo de argumento (Julie Delpy e Ethan Hawke), preocupa-se mais com a forma do que propriamente com a narrativa (Escola de Rock), embora qualquer um dos seus filmes anteriores tivessem o seu quê de experimental e vivendo no interior da Industria Cinematográfica, Linklater possivelmente nunca se conseguiu impor completamente.
Agora ligeiramente fora da Indústria, o espírito “indie” e “maverick” parece manifestar-se de forma clara. Mosaíco de personagem e consequentemente mosaico narrativo, não pela
montagem, mas pela presença física. O suposto herói do filme, que no início parte em procura de respostas, desaparece ao fim de uma hora, os “mártires” são explorados pela superfície e o climax chega apenas formalmente. Não chega a existir o confronto físico entre bem e mal, entre o herói e o vilão, entre a verdade e a mentira, entre os explorados e exploradores. É iminentemente um filme descritivo, possivelmente dir-se-á documental, mas não de forma correcta, é uma opinião, é um complexo ponto de vista e completamente político, não unicamente sobre cadeias de fast-food, mas também de gestão política, abrindo espaço para uma reflexão sobre as leis de fronteira, leis de emprego e um pequeno piscar de olho aos atentados terroristas e ao medo vivido na América actual.
É um filme sem encanto, frio e cruel, que quando parece respirar alguma energia e esperança, num dos momentos mais geniais do filme, um grupo de jovens manifesta-se e tenta criar um futuro à sua imagem, mas apercebem-se e vêm retratado nos animais a apatia do mundo actual, todos estamos mal, mas nada fazemos para mudar e quem luta contra isso nunca é correspondido. É também cruel porque não procura solução, mas manifesta-as, mas existe sinal mais cruel que o confronto final, entre a cultura Mexicana que procura na cultura Americana uma vida melhor e a primeira manifestação é a Fast-Food, entramos no ciclo sem fim, na clara globalização.
Não é, nem poderá ser uma obra-prima, não é nem o quer ser, mas se o cinema não tiver esta coragem, também não vale a pena continuar. Corajoso e arrujado formalmente e anti-narratividade concreta, Linklater parece correr no caminho do experimentalismo formal que se vinha manifestando, resta esperar pela estreia de “A Scanner Darkly” (estreia que só deve acontecer... directamente para DVD), das quais as primeiras imagens são a prova concreta que Linklater é dos grandes realizadores éticos do seu cinema, forma e narrativa de mão dada.
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Fim do Ano Cinematográfico, é agora época das famosas e subjectivas listas de preferências.
Sem qualquer ordem específica seguem os 15 títulos do Ano.
A simplicidade narrativa e tecnica, aliada a uma componente dramática e sensível pouco comum no cinema Americano. Reminiscente do Western, consegue atingir um romantismo, muito para além do lirísmo ou poesia.
Magníficas interpretações, banda sonora sublime e uma direcção de fotografia que se desdobra pela narrativa, são os alicerces da Obra de Ang Lee, longe da exuberância gramática e poética de “O Tigre e o Dragão”, acaba por esconder por detrás daquilo a que muitos chamaram o “Western Gay” (nem seria o primeiro na história), está um filme brilhante.
“Boa Noite, e Boa Sorte” de George Clooney
George Clooney já havia provado em “Confissões de uma Mmente Perigosa” que dominava por completo a linguagem cinematográfica, que visualmente sabia explorar e desenrolar assuntos complexos, agora a sua mais recente obra é um filme refinado, visualmente e narrativamente, mas que acima de tudo respira para fora do ecran, é uma alerta para a sociedade, e é um documento dramatizado de uma época polémica e marcante da América e consequentemente do mundo.
O magnífico trabalho espacial e sonoro, transformam-no numa das mais estimulantes experiências vividas neste ano.
“A Criança” de Luc e Jean-Pierre Dardenne
Os irmãos Dardenne mantêm-se fieis a si mesmos. Longe das ilusões e sensasionalismo do cinema e da televisão actual, continuam a observar e a absorver o quotidiano que nos envolve. É a exploração do real? Exploração não será, será antes a observação do real pelo cinema. É o acompanhamento da personagem central, de forma fria e crua, quase documental, quase rudimentar e é aqui que nasce a força do olhar, a pureza e frieza dos acontecimentos, é acima de tudo o enfrentar de um jovem com uma condição paternal para a qual não está preparado. Assim como “A Criança” é um filme, não parado no tempo, mas à frente no tempo, que não tem “armas estilísticas” para enfrentar a condição “humana” o cinema actual.
“O Novo Mundo” de Terence Mallick
É o poema dos elementos, que constroem um novo mundo, idílico ou não, na verdade é uma experiência sensorial e nisso não existirá a minima dúvida. Narrativa do lado Inglês, linguagem sensorial do lado nativo, “The New World” é também um olhar filosófico sobre a incomunicabilidade, sobre a imposição de um ser humano em relação a outro, é a rejeição da diferença. Mas isto não é o que interessa, explorando por dentro e por fora os canones do cinema clássico, Mallick explode numa visão ainda mais lírica do que havia feito dem “Thin Red Line”. Arrisco em afirmar que o que “Thin Red Line” (sendo também uma obra magnífica”) tinha em palavras, “The New World” tem em jogo corporal, em movimentos, em espaços e cheiros.
É a grande e monumental obra de Mallick, um Museu, onde os quadros pintados juntamento com o director de fotografia, Emmanuel Lubezki, são mais do que meras imagens, são força visual bruta, explorando as características da película de 65mm.
Antes de Obra-prima será uma obra de arte.
“Miami Vice” de Michael Mann
A dualidade do cinema de Mann vem a acentuar-se de forma dramática. Em HEAT, Al Pacino e De Niro, em COLATERAL, Cruise e Fox, em MIAMI VICE, não é FARREL E FOX, mas sim Farrel e Gong Li. Aquela linha ténue entre o bem e o mal, tão presente na filmografia de Mann até mesmo em O INFORMADOR.
Temos agora e como já vinha sendo habitual, uma aproximação consumada com a noite, espaço físico, mas neste MIAMI VICE assim como COLATERAL é também espaço psicológico acima de tudo.
Temos também a exploração tecnológica, do vídeo digital de Alta-Definição (HDV), que não é mais barata nem mais fácil, como anunciam muitas vozes mercantis por todo mundo, mas sim é um instrumentos diferente, quase como pintar um fresco e pintar a carvão.
MIAMI VICE não é uma adaptação é uma reformulação a uma América negra e actual e é acima de tudo uma obra de um explendor visual, estranho, impressionista, mas muito realista.
“A Senhora da Água” de M. Night Shyamalan
Todos acreditam em Story. É a crença na narrativa que levaram Shyamalan a enfrentar estúdios e produtoras para conseguir concluir a sua mais recente e bela fábula. Longe da narrativa convencional e muito longe do “alegado” twist que todos tentavam colar como imagem de marca a Shyamalan, o realizador consegue com a sua “A SENHORA DA ÁGUA”, fazer um filme sumula de toda a sua filmografia e ainda abre portas sobre o seu futuro. Prepotência ou ingenuidade. Eu digo ingenuidade, como acto puro de concretização, com tudo de bom o que isso pode dizer, e afinal não é a ingenuidade narrativa e das próprias personagens que têm surpreendido o público? Mas agora a ingenuidade está do lado unicamente do publico e não das personagens, são ingénuas porque acreditam numa ninfa que vem de uma mundo paralelo alujadn piscina e se chama “história”, ou seremos nós publico que somos ingénuos porque não nos acreditamos numa história?
Uma palavra ainda para a direcção artística, a direcção de fotografia de Cristopher Doyle e para a capacidade icónica de Shyamalan, que naquele majestoso condomínio constroi um COOK BOOK, uma mistura sociológica, diferenciada, mas com muito em comum.
“Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos” de Jonathan Dayton, Valerie Faris
Road Movie, Western pouco aqui importa, a comédia mais requintada e humanizada do ano. Uma família qual caravana a atravessar o “West” Americano, parte na descoberta de tudo o de mau que se avisinha e termina no que de melhor nos tem para dar.
Uma palavra ainda para o Elenco mais brilhante do ano, dos mais pequenos ao mais graudos, tudo se conjuga de forma brilhante.
Palavra ainda para o casal realizador, proveniente dos video-clips, assumem-se como das mais interessantes descobertas Americanas do Ano.
“Marie Antoinette” de Sofia Coppola
Filme biográfico e auto-biográfico requintado à exaustão e experimental o quanto basta. Filmar pessoas estranhas em espaços estranhos é algo que Sofia Coppola vem confirmando na sua filmografia, neste caso, num estado depurado digno do cinema do seu pai, principalmente nos anos 70. É também um filme em que o espaço se transforma e degrada lado a lado com a personagem. “O Vigilante”???
“The Departed: Entre Inimigos” de Martin Scorsese
(o vídeo contém informções importantes sobre o desenvolvimento do filme)
O ciclo completa-se, e a América busca influencia no cinema asiático que tanto enfluenciou. Scorsese não o fecha, dá-lhe novo rumo ao atingir o auge da cadência maquinal da sua tecnica. Com interpretações brilhantes, uma montagem eminentemente psicológica, “The Departed” pode levar a Academia a premiar o esquecido mestre Americano. E apropriando-me de dois conceitos de um caro amigo (joseo), que referiu “ralenti” e “fúria” como dois movimentos na filmografia de Scorsese que se opondo de filme para filme, “The Departed” é sem dúvida alguma um filme de Fúria.
“Juventude em Marcha” de Pedro Costa
O cinema em bruto, a história do cinema em pequenos fragmentos de “realidade”. É possivelmente a obra mais fascinante do ano e também das mais incompreendidas e das mais badaladas. Pedro Costa igual a si mesmo, não académico como já li por aí algures, mas também não radical, simplesmente igual a si próprio, procura atingir um cinema da pureza, lirica, real, social?
Fascinante no domínio da tecnica do vídeo digital, Pedro Costa é um nome já suficientemente Grande, Grande demais para o cinema dos portugueses, assim como Oliveira e César Monteiro e porque não Teresa Villaverde.
“Transe” de Teresa Villaverde
O ensaio da Identidade e da memória. Uma fabulosa Ana Moreira, encarna até aos ossos uma mulher de lado nenhum e de todo o lado. Abrigado no realismo do tráfico europeu de mulheres, Teresa Villaverde explora o lado onírico da psicologia humana. Praticamente psicanalítico “Transe” é uma das experiências extremas do cinema moderno Português.
“Match Point” de Woody Allen
É o regresso de Woody Allen, longe de Nova York, sem os sons do jazz, Allen constrói a sua tragédia grega, uma Ópera Clássica. Narrativamente perfeito, como já é habitual, mas formalmente intrigante e lírico.
“O Espelho Mágico” de Manoel de Oliveira
Como mais ninguém filma, Manoel de Oliveira lança um olhar sobre o sagrado, uma experiência agoniante, lado a lado com uma sublime Leonor Silveira. Satírico e ao mesmo tempo cruamente puro, “O Espelho Mágico” é a manifestação de um milagre.
“História de Violência” de David Cronenberg
Algures entre o medo e a luta pela sobrevivência, caminha Cronenberg. O homem desfragmentado como ao longo da sua filmografia, o mundo adulterado. Tragicamente violento embora pulsionalmente contido, explora a resistência das suas personagens e de uma audiência paralisada no mundo do Blockbuster.
“Em Paris” de Christophe Honoré
A frescura do cinema francês, a clara mostra que do passado se constroi o cinema do presente e se criam as bases do cinema do Futuro. Novelle Vagueano sem dúvida, Pop, porque não? De Rivette a Demy e de Truffaut a Eustache, “Dans Paris” é um road movie a pé e ao telefone, magistralmente dirigido pelo olhar nostálgico de Honoré sobre a Paris Cinematográfica e uma dupla de jovens actores brilhante, Romain Duris e Louis Garrel
domingo, dezembro 31, 2006
O velho ano já lá vai, aí vem um novo para melhorar o que antes se passou.
Desejo que a economia melhore, espero que nos deixemos de fascismos, quero ter orgulho nas pessoas que dão a cara pelo nosso Portugal, espero melhor futuro e condições de emprego, quero que se deixem de vedetismos e novos riquismos, espero Paz e consciência governamental, quero Alegria e tranquilidade para fazer o que gosto.
Já agora quero ver o novo filme de Manoel de Oliveira, e já agora espero que tenha sucesso.
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Perdidos em Fragmentos pré-concebidos de Mundo.
“...o cinema possui a especificidade de retratar como nenhum outro média a realidade física. Todos os seus recursos (como, por exemplo a montagem), devem ser usados de modo a fazer fluir no écran a materialidade das coisas, na sua indecibilidade, contingência e complexidade.”
“theory of film, the redemption of physical reality”
Princeton, New Jersey: Princeton University Press,1997
Poderiamos colocar “Babel” lado a lado com a citação acima transcrita, e poderá parecer que tudo bate certo, desde a referência à montagem, a unica especificidade particular do cinema, desde a realidade, desde a referência aos restantes “média”, ao valor obtido através de uma série de observações, desde a possibilidade do imprevisível, até que chocamos na complexidade, a qualidade do que é complexo.
Mas o que é “complexo” afinal?
Utilizado como adjectivo será o “que abrange ou encerra muitos elementos ou partes”, utilizado como substântivo poderá ser “circunstâncias ou actos que têm entre si qualquer ligação ou relação” e utilizado segundo a psicanálise será segundo Freud “o conjunto de representações de forte carga emotiva que se encontram reprimidas no inconsciente do indivíduo e que influenciam a sua vida afectiva”. Tudo parece bater realmente certo com “Babel”, mas também bate certo com “The New World” de Terence Mallick, mas uma ou outra diferença.
Inarritu explora uma narrativa universal, Marrocos, Estados Unidos, México, Japão, na sua actualidade, os dramas de comunicação ou a ausencia dela, os conceito e os preconceitos. E serão os preconceitos, conceito formado antecipadamente que determinam a complexidade de Babel. A complexidade de Babel limita-se ao conceito premeditado, a uma observação superficial e algo simplista de várias pessoas de várias cultura.
O que há de diferente entre mim e o resto do mundo? Tudo, não só a moda, nem a religião nem a língua, mas também a maneira de pensar, de sentir, de sofrer ou de amar. Logo o meu “poder” de observação de “Babel” e do mundo ainda mais, limitado, assim como será o de Inarritu, diremos que será sempre subjectivo assim como será a “complexidade” e a “humanidade” no/do cinema.
A complexidade narrativa de Inarritu, nasce e muito bem na montagem, mas morre na narrativa. Narrativa não enquanto argumento, mas construção apartir de imagem e sons.
De “Babel” guardo algumas interessantes reflexões sobre a comunicação global, não tanto como língua, mas como ciência e tecnologia, num momento em que duas personagens mudas comunicam por um telemóvel por vídeo-chamada. E é a ciência e não a “humanidade” que tem de ser posta em causa, é a o constante declínio do que é a religião, à completa destruição de ideias e conceitos próprios e é a ciência que cria uma completa abstração fria e negra do Homem com o Mundo. Falta a ciência, não como ausencia física de medicamentos ou presença de qualquer tipo de droga, falta um sem numero de questóes e dificuldades de comunicação, falta um sem número de realidade, um sem número de relações da realidade e da abstracção.
Mas é certo que a espaços Inarritu foge do sensassionalismo do preconceito (nada de negativo e muito subjectivo) e em que o principal surge, a relação pai-filho, ou a incomunicabilidade de duas gerações, aqui não está em causa a língua ou as crenças, mas muita ciência escondida.
Para finalizar, e voltando ao “complexo”, a construção da montagem que é complexa como adjectivo e nunca na filmografia de Inarritu talvez fosse tão bem empregue, mas enquanto realização e acto de “pôr-em-cena” o complexo de Inarritu é em grande parte exibicionista e o show-off visual e sonoro, transformam a possivel fascinante viagem è “Torre de Babel” num ciclo de repetições anacrónicas.
“Babel” será em suma, um grupo diferenciado de personagens perdidos num mundo desfragmentado, pela visão de um homem. Mas será tudo assim? Ou há ainda espaço para a reflexão? Eu acredito que existe muito para reflectir, eticamente, tecnicamente e filosoficamente.
Mas por tanto de se falar de incomunicabilidade, não será também estimulante ver o dilema da comunicação em "The New World" de Terrence Mallick? A palavra do lado dos Ingleses e a emoção e ralação com a natureza por partes dos colonos... e não será aqui o grande confronto entre ciência e Homem?
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Assim é. Brad Pitt muda radicalmente de visual, para participar no novo projecto de David Fincher, "The Curious Case of Benjamin Button", que se encontra em rodagem. Há que lembrar que Fincher tem para estrear "Zodiac", mas só la para 2007.
Agora para quem deseja ver Brad Pitt carequinha... AQUI
Assustadas/os??? Não é que os efeitos visuais escondem cada coisa.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
“Um Ano Mais Longo” de Marco Martins
Este ano enquanto o público português andava distraído com “Filme da Treta”, Marco Martins teve o previlégio de trabalhar com um dos grandes nomes do cinema mundial, o argumentista (talvez mais poeta que propriamente argumentista) italiano Tonino Guerra, responsável por grandes obras europeias e que partilhou experiências, palavras e visões do mundo (cinema) com nomes como, Michelangelo Antonionio (em “L’Avventura”,”Blow up”, “Deserto Rosso” e alguns mais), Vittorio De Sica (em “Amanti” e “Matrimonio all’italiana”), Federico Fellini (em “Amarcord”, “Ginger e Fred” e “ E la Neve va”), Andrei Tarkovsky (em “Nostalgia”) e Theo Angelopoulos (em “To Vlemma tou Odyssea”, “Eternity” entre outros).
E o que resulta desta junção de gerações? 30 brilhantes minutos cinéfilos à exaustão. Com as devidas diferenças respira-se um pouco de “Nostalgia” (como título e como sentimento), o espaço é mais uma vez “actor”, tal qual como Marco Martins havia feito em “Alice”, e agora existe a nostalgia do passado, do presente e do futuro. A Lisboa actual, como espaço transformado e transformador, como elemento de fragmentação e destruição, fisica e psicologicamente.
Novamente um personagem masculino, vagueia só pelas cidades de uma Lisboa estranha, ele não é daquele sítio, não parece ser aquele o seu espaço, parece regressado após longa ausencia. Novamente a personagem chama-se Mário (tal como em “Alice”), mas desta vez encontra algo, talvez não o que procura.
Mais uma vez deparamos com uma contenção narrativa e técnica que nos transportam para um filme formalmente refrescante, apoiado num sólido e destruidor under-acting de Gonçalo Waddington, “Um Ano Mais Longo” mostra-nos uma mesma Lisboa obscura, mas saindo das veias e artérias principais que percorria em “Alice” e caminhando ainda mais para o seu interior, para uma Lisboa ainda mais incognita e irreconhecível e mais uma vez sem mostrar uma identidade Lisboeta. Será que ainda existem Lisboetas?
Após estes curtos 30 minutos de deleite (apesar das más condições de exibição no Festival de Cinema Luso-Brasileiro da Feira), resta dizer que por certo Tonino Guerra não terá dado por tempo perdido a sua colaboração com o novo talento do cinema português que ao que tudo indica irá resultar num novo trabalho, neste caso no formato de longa metragem. O previlégio foi de ambos e ainda bem para nós.
Resta-me pedir encarecidamente que esta “curta-metragem” (bela obra cinematográfica), não caia no esquecimento a ganhar pó numa gaveta qualquer como tantas outras que por aí passam.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Melhor Filme – Lousa de Ouro
Almas Congeladas
Realização: Joana Macias
País: Espanha
2ª melhor filme – Lousa de Prata
Wolf
Realização: Juraj Kubinec
País: Eslováquia
Melhor filme Ficção
37ºC
Realização: Tâmara Sulamanidze
País: Geórgia
Melhor Filme Animação
História da Borracha
Realização: Éric Blésin
País: Bélgica
Melhor Filme Documentário
Estados da matéria
Realização: Susana Nobre
País: Portugal
Melhor Filme Experimental
Lugar Comum
Realização: Verónica da Costa
País: Portugal
Melhor Realização
As Febras de Jesus
Realização: Pedro Manuel Dias
País: Portugal
Melhor Argumento
Sideway
Realização: Tomas Janco
País: Eslováquia
Melhor Fotografia
Mau Dia
Realização: Sanguenail
País: Portugal
Melhor Montagem
Detail
Realização: Ana Maria Carneiro
País: Portugal
Melhor Som
Deu no Jornal
Realização: Yanko Del Pino
País: Brasil
Melhor Representação
Actriz principal do filme Serei o teu espelho
Realização. Pedro Rocha Nogueira
País: Portugal
Melhor Filme Nacional
Estados da Matéria
Melhor Filme Internacional
No Buraco
Realização: David Martin de Los Santos
País: Espanha
Menção Honrosa
A Flor da Tela
Realização: Cinema de Poesia
País: Brasil
II Menção Honrosa
Caixa Postal
Realização: Vanderley Timóteo
País: Brasil
Prémios do Público
1º Melhor Filme
37ºC (Geórgia)
2º Melhor Filme
No Buraco (Espanha)
segunda-feira, novembro 27, 2006
Cine - Estúdio BVA - 01 – 02 – 03 Dezembro 2006
AROUCAFILMFESTIVAL
4º FESTIVAL INTERNACIONAL CINEMA DE AROUCA
A 4ª edição do aroucafilmfestival – Festival Internacional Cinema de Arouca, realiza-se, no Cine - Estúdio dos Bombeiros Voluntários de Arouca, nos dias 01, 02 e 03 Dezembro de 2006. O júri de selecção do evento seleccionou 36 extraordinárias obras cinematográficas nacionais e internacionais. A atribuição dos prémios será da responsabilidade de um júri composto por sete mestres.
Sexta-feira, 01
ABERTURA 21h30
PEREGRINAÇÃO – Jaime Ribeiro – 25m
AROUCA PORTO: O FILME – João Rita - 18m
Convívio com realizadores, júris e convidados + porto de honra
Sábado, 02
Visita Turística Guiada por Arouca 14h30
COMPETIÇÃO I 21h30
A FLOR DA TELA – Cinema de Poesia – BRASIL – 7m
CAMBIO – Vanderley Timóteo – BRASIL – 4m
ESTADOS DA MATÉRIA – Susana Nobre – PORTUGAL – 14m
Ph 25 A – Ricardo Freitas – Portugal – 2m
VAMOS CANTAR – Carlos Cruz e Vítor Lopes – PORTUGAL – 2m
HISTÓRIAS A PASSO DE CÁGADO – Artur Correia – 2m
THE PLAY – Cinema de Poesia – BRASIL – 3m
WOLF – Juraj Kubinec – ESLOVÁQUIA – 4m
DEU NO JORNAL – Yanko Del Pino - BRASIL – 3m
PARA CHEGAR ATÉ Á LUA – Split Filmes – BRASIL – 10m
DESISTE – Hernâni D. Maria e Pedro Luz – PORTUGAL – 5.24´´m
Intervalo
AS FEBRAS DE JESUS – Pedro Manuel Dias – PORTUGAL – 13m
Á MÃO ARMADA – Vanderley Timóteo –BRASIL – 6m
LE BVISER - O BEIJO – Stefan Le Lay – FRANÇA – 5m
DETAIL – Ana Maria Carneiro – PORTUGAL – 2m
EN EL HOYO – NO BURACO – David Martin de Los Ssntos – ESPANHA – 24m
O CARRO – Cinema de Poesia – BRASIL – 2.31´´m
BOKOVKA – SIDEWAY – Tomas Janco – ESLOVAQUIA – 28m
SEREI O TEU ESPELHO – Pedro Rocha Nogueira – PORTUGAL – 13m
Domingo, 03
COMPETIÇÃO II 14h00
LUGAR COMUM – Verónica da Costa – PORTUGAL – 10m AS FADAS DAS GALINHAS – João Rei Lima – PORTUGAL – 2m
JE SUIS JEAN COCTEAU – Cinema de Poesia – BRASIL – 10m
MAIS UM ENCONTRO DE FAMÍLIA – Filipe Peres Calheiro – BRASIL – 15m
QUERO QUE VOLTS (ANIMADO) – João Rei Lima – PORTUGAL – 3m
BÉBÉ CHORÃO – Carla Santos – PORTUGAL – 3.30´´m
HISTÓRIA DA BORRACHA – Éric Blésin – BÉLGICA – 15m
O MAGO – Cinema de Poesia – BRASIL – 3m
A RELIGIOSA 2 – Clídio Nóbio – PORTUGAL – 2m
MAU DIA - Sanguenail – PORTUGAL – 19m
MACACOS ME MORDAM – Lumiô Filmes – BRASIL – 19m
Intervalo
PRÍSERA – MONSTRO – Michaela Ostadalova – ESLOVAQUIA – 5m
O SEGREDO – Luís António Pereira – BRASIL – 18m
CAIXA POSTAL – Vanderley Timóteo – BRASIL – 9m
ALMAS CONGELADAS – Joana Macias – ESPANHA – 14m
BERÇO DE PEDRA – Nuno Rocha – PORTUGAL – 28m
AMÉLIO O HOMEM DE VERDADE –Luís António Pereira – BRASIL – 14m
37 C – Tamara Sulamanidze - GEORGIA
PROJECÇÂO CINEMA Super 8mm 18h15
EXIBIÇÃO DA CURTA METRAGEM REALIZADA PELOS ALUNOS da Escola Secundária de Arouca 18h30
ENCERRAMENTO ENTREGA DE PRÉMIOS 18h40
Chamo a especial atenção para o Filme "DETAIL" de Ana Maria Carneiro, filme ligeiro, entre a narrativa ficcional e a materialização experimental de atenção especial ao pormenor e ao ritmo de montagem. Curto, breve, mas com uma ponta de perversidade e muito estilo.
Ficam algumas imagens que a realizadora não se deve importar.
Tivemos Camões e Pessoa, agora temos Pedro Costa.
Não é para levar à letra, mas vale à pena pensar nisto.
terça-feira, novembro 21, 2006
E o termo "maverick" ficava-lhe tão bem.
Aos 81 anos, perdeu-se o grande realizador "clássico-moderno", Robert Altman um dos mais influentes realizador para o cinema "moderno" americano.
Perde-se o naturalismo e o ritmo dos planos intermináveis, perde-se o torbilhão psicológico do diálogo, perde-se a improvisação (naturalismo?) e perde-se um realizador que facilmente reunia um elenco de luxo sem grande esforço e perde-se um olhar carregado de sarcasmo e coragem como poucos teem.
Anti-Académico? Porque não.
Um grande realizador e um grande Homem? De Certeza.
Por muitos esquecido, por muitos mais ignorado (Falo da Academia), fica aqui o ADEUS sincero e que as marcas do seu cinema tão cedo não desaparecerão dos nosso ecrans.
Este é o Adeus do MAVERICK e assim deve ser lembrado.
A Praire Home Companion
Gosford Park
Kansas City
Prêt-à-Porter
Short Cuts
The Player
Popeye
Nashville
MASH
domingo, novembro 05, 2006
É certo que o mercado fala mais alto, mas há comportamentos e atitudes que não se deviam tomar numa sala de cinema. Ou pelo menos eu até ontem julgava que não se poderiam ter.
Ontem fui ver "Maria Antonieta" de Sophia Coppola, não fui ver um blockbuster ou algo do género "Crank". Um quarto da sala cheia, num desses multiplex que invadem os arredores da cidade do Porto.
Aceito que se vendam pipocas e se comam as mesmas, mas sem fazer barulho ou cuspir o milho. Não foi esse o caso, antes todas as pessoas tivessem os carríssimos pacotes de pipocas nas mãos.
3 cadeiras ao meu lado estava sentado um "senhor", já com idade para controlar os seus instintos, que a cada acorde musical resolvia bater o pé no compasso ou fora dele, o que interessava era bater o pé. À minha frente um par de pessoas que aproveitaram o filme para pôr a conversa em dia e que freneticamente apontavam para o ecran como se pela primeira vez estivessem a ver um filme. Atrás de mim outras personagens deste mundo falava e uma voz pertinente lá ia perguntando "O que é aquilo?". Esfrega os olhos e pode ser que resulte. Pela sala 3 toque de telemóvel, um dos quais foi atendido, pela companhia do senhor "maestro", ele batia o pé e ela falava ao telemóvel.
Sim as salas são optimas, muito confortáveis e equipamento de som do melhor, projecção riscada, mas pronto. São possivelmente as mais confortaveis junto à cidade, embora eu cada vez mais diga que prefiro o ambiente de uma sala da Medeia no Cidade do Porto, ao conforto e pipocas e barulhos dos multiplex.
Onde está a magia da sala de cinema, onde está o respeito pelo trabalho dos outros, onde está o respeito pelo conforto dos outros? Ontem vi uma sala de cinema como um qualquer café, já se come (pipocas, cachorros, etc), já se bebe (cerveja, coca-cola, etc), já se bate o pé ao ouvir as muscicas que acompanham o filme projectado na "grande televisão", já se fala à vontade, já se atende o telemóvel.... já so falta o garçon e um cigarrinho para acalmar.
Ah! E quanto ao filme, que é o mais importante, fiquei satisfeito com Sophia Coppola.
segunda-feira, outubro 23, 2006
Vejamos, um ser de outro mundo aparece, naquele micro-cosmos de Universalidade, e ninguém se atreve a questionar, o quê, porquê e para quê, limitam-se a acreditar naquela história, como se de crianças se tratem? Ou melhor como humanos. Não haverá acto mais claro de humanidade do que ajudar alguém que visivelmente necessita da nossa ajuda, sem questionar o porque... e ainda mais quando é uma história. Quantos de nós questionou a história dos nossos pais e avós?
Assim como as suas personagens, Shyamalan acredita na sua história (ou não fosse ele também uma das personagens), acredita e transforma a narrativa como o cerne de todo o seu filme, de todo o seu Universo. Se em tempos se resumia Shyamalan a “um TWIST”, agora o trabalho de resumo está mais complicado, se já não estava em “Sinais” e principalmente em “A Vila”.
E porque acredita Shyamalan na sua “Story”? Porque é ele que a conta e é ele que é narrado, porque para além de um retrato da sua filmografia é um retrato do próprio Shyamalan e até, num acto “pretencioso” longe da ingenuidade característica, Shyamalan projecta o futuro, de forma figurada, mas mesmo assim muito perto daquilo que poderia acontecer e que após a estreia de “Lady in the Water” tem vindo a acontecer.
Podiamos desde logo referir a personagem do crítico de cinema, mas se recordar-mos o diálogo entre Vick Ran (Shyamalan) e Story, na casa de banho, será fácil perceber as questões em relação ao futuro do autor e claramente aquilo que ele sente a todo o mundo que o circula. Vejamos:
"A boy, in the midwest of this land, will grow up in a home where your book will be on the shelf and spoken of often. He will grow up with these ideas in his head. He will grow into a great orator. He will speak and his words will be heard throughout this land and throughout the world. This boy will become leader of this country and begin a movement of great change. He will speak of you and your words and your book will be the seeds of many of his great thoughts. They will be the seeds of change."
A ninfa (Bryce Dallas Howard) dirige-se desta forma a Vick Ran (Shyamalan), e nada poderia ser mais curioso. Como a sua personagem Shyamalan não vê a sua obra reconhecida, mas acaba por inspirar alguém, a mudança está próxima. E assim será, se deus quiser, “Lady in the Water” estará escondido numa prateleira qualquer, devido às críticas de uma América fechada no mercantismo, mas um dia alguém se inspirará neste filme e os modelos narrativos rígidos serão postos em causa.
Shyamalan inspirará alguém, como foi inspirado pelo universo de Hitchcock e Spielberg... existem dúvidas?
segunda-feira, outubro 16, 2006
Não é surpresa para ninguém, "FILME DA TRETA" é o filme português mais visto no fim-de-semana de estreia, digno de notícia no Jornal da Noite da SIC, em típica notícia e contagem de Box-office à Americana.
"Zezé, depois de ter uma “visão apocalíptica” durante um espectáculo numa cabine de um Peep-Show, resolve entrar para a Ordem dos Caracolários Descalços. Tóni vai visitar Zezé que está em clausura num mosteiro. O reencontro dos velhos amigos vai fazê-los recuar no tempo e reviver as aventuras e situações cómicas que levaram Zezé a abdicar de todos os bens materiais e entrar neste retiro espiritual."
Valha-me Deus.
Esta é a sinopse deste fenomeno teatral, pos-teatral televisivo, pós teatral/televisivo/narrativo, pos-teatral/televisivo/narrativo cinematográfico (?). Resumindo um tremendo golpe de marketing que serve para alguns mamões que depois de espalharem o seu nome na mediocridade se escondem agora atrás de nomes menos visiveis e vão aproveitando para encher os bolsos e depois ainda se queixam.
O que é certo é que estamos numa crise cultural e consequentemente de identidade, não reconhecemos o país transformador de "98 Octanas", não queremos ou não sabemos ver a Europa de "sonho" de "Transe", ou pior, nem a história ou a pureza da nossa língua pelas mãos de Oliveira conseguimos ver, mas talvez mais estranho a não identificação do mundo que é o Portugal não ilusório de Pedro Costa.
Não sei se é melhor ou pior, se que é preciso existir cinema excremencial para existir o NOSSO cinema, sei que é preciso chamar publico português às salas, mas assim não resulta e vamos a continuar a ver um filme por ano a ter uma audiencia respeitável mesmo sem ser um filme respeitável, ou melhor por vezes sem ser um filme.
O problema deste país são os marcenários que existem por essas escolas foras, que anunciam sempre que têm hipótese que "procuram lutar contra o que é normal no cinema português" e depois tudo é contra, tudo é para fazer dinheiro e nada é para o público.
Não retiro mérito aos dois actores, retiro mérito a quem tem a ideia fantástica de transformar tudo em um produto de marketing.
E não não é só em Portugal, este método é utilizado também em França, só que França ainda que em dificuldades Pos-Bresson, ainda consegue manter uma pequena identidade. Nós nem a mínima.
E para aqueles que dizem que o publico português está de costas viradas com o cinema Nacional, parem de atirar areia para os olhos das pessoas, o discurso já cansa, e digam-me de uma vez por todas quando é que o publico português esteve de mãos dadas com o cinema Nacional???? No tempo da Ditadura??? Que optima resposta e que belo exemplo.... pois é ja estivemos mais longe.
É por TRETAS como estas que Teresa Villaverde já deve estar de malas feitas para trabalhar no estrangeiro! O patriotismo não dura para sempre, Manoel de Oliveira cá vai continuar a lutar pela pureza do seu cinema, e espero que Pedro Costa continue a colocar pedrinhas nas botas de muitos Intelectuais do Marketing e graças a Deus, João Pedro Rodrigues continua em activo.
Não, não sou conservador, não, não sou um amargurado, não, não sou um frustrado, sou apenas um gajo farto de tretas de X e Y, que com as mãos nos bolsos se vão rindo e gozando com a cara de cada um de nós.
segunda-feira, outubro 09, 2006
«TERRÍVEL PALAVRA É UM NON...» Padre António Vieria
"Terrível palavra é um NON, não tem direito nem avesso, por qualquer lado que a tomeis, sempre soa e diz o mesmo, lido do princípio para o fim ou do fim para o princípio, sempre é NON."
Filosofia dizem os mais críticos e os perguiçosos. Visão crítica e pessoal sobre uma história enraizada no Mundo, digo eu.
Comentário político dizem uns. Pureza de sentidos, digo eu.
Assim é “Non, ou a vã glória de mandar” de Manoel de Oliveira , pensamento sobre a nossa história “derrotista” à qual o 25 de Abril deveria por termo. Assim não aconteceu, mas a Utopia de Oliveira fica, marca e é actual. E afinal de contas, Utopia? Não é isso o 5º Império.
Para os mais cepticos, para aqueles que dizem que Manoel de Oliveira é “parado” e que apenas viram 5 minutos de um filme qualquer, fica a noção, Manoel de Oliveira é um nome que se estende para além da História do Cinema, estende-se por entre campos verdejantes e pelo sangue derramado na nossa história.
Haverá gesto mais patriótico que ser “odiado” no seu país e continuar a defendê-lo fora das suas fronteiras? Vã glória esta, não?
sexta-feira, outubro 06, 2006
Ilusões, Aparências e Mistério.
Sem me alongar demais, sem um novo visionamento ficam as primeiras marcas: ilusão, aparências e mistério. Poderão ser os adjectivos que acentam que nem uma luva a "A Dália Negra" , assim como à obra em geral de DePalma. Mas estamos perante algo excessivamente denso e indigerível, algo incomportável e ao mesmo tempo sublime.
Recuemos ao Séc. 0 (zero), o persa Manes refere-se ao universo como algo que foi criado e dominado por dois princípios opostos, o bem e o mal. Maniqueísta, assim é "A Dália Negra", onde o bem e o mal são incomportáveis, onde o "frio" e o "quente" chocam, repelem, mas nunca se anulam. É o jogo de aparências.
Os factos, a utopia, a procura da impressão da realidade, os sentidos e a inteligência. É o jogo de Ilusões.
O culto, a técnica, a cautela, o enigma, o dogma. É o jogo de Mistérios.
Gelo, Fogo e Fumo??? Poderiamos caminhar por aqui até encontrar o tortuoso caminho que é falar de "A Dália Negra".